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Adeus a Edmund White, o cronista da revolução gay na literatura

  • Foto do escritor: Pimenta Rosa
    Pimenta Rosa
  • 4 de jun.
  • 2 min de leitura

Autor de A Boy’s Own Story e do seminal The Joy of Gay Sex, Edmund White morreu aos 85 anos, deixando um legado que transformou a representação da vida LGBTQIA+ nas letras americanas



Morreu, aos 85 anos, Edmund White — um dos maiores nomes da literatura LGBTQIA+ mundial. O escritor, ensaísta e professor norte-americano faleceu na noite de terça-feira, 3 de junho, após desmaiar enquanto aguardava uma ambulância devido a sintomas de uma doença estomacal. A informação foi confirmada por seu marido, Michael Carroll, e pelo agente literário Bill Clegg. A causa oficial da morte ainda não foi divulgada.


Edmund White foi um revolucionário das letras: escreveu sem pedir licença, expôs suas experiências, seus desejos, seus medos — e, com isso, pavimentou o caminho para uma geração de autores que hoje reconhecem nele uma referência incontornável. Ocean Vuong, Alexander Chee, Garth Greenwell e Édouard Louis estão entre os que o consideram um farol literário. Ao comentar a perda, o editor-chefe da Bloomsbury, Paul Baggaley, foi direto: “É impossível exagerar a importância ou influência de sua escrita.”


Sua obra mais conhecida, A Boy’s Own Story (1982), é o primeiro volume de uma trilogia semi-autobiográfica que narra, com franqueza e lirismo, a descoberta da homossexualidade na juventude. O livro se tornou uma pedra angular da literatura queer moderna, seguido por The Beautiful Room Is Empty (1988) e The Farewell Symphony (1997). Com mais de 30 obras publicadas, White também escreveu The Joy of Gay Sex (1977), em coautoria com seu terapeuta Charles Silverstein, uma obra pioneira que abordava com naturalidade e pedagogia o sexo entre homens.


Nascido em 1940, em Cincinnati (Ohio), e criado em Illinois, White se assumiu gay ainda adolescente. Enfrentou o preconceito da família, passou por terapias reparativas — experiências que mais tarde seriam retrabalhadas em sua literatura com um misto de dor e ironia. “Eu procurava desesperadamente por algo que me dissesse que eu não era o único”, escreveu no ensaio Out of the Closet, On to the Bookshelf.


Após estudar chinês na Universidade de Michigan, mudou-se para Nova York nos anos 1960, mergulhou na efervescente cena gay da cidade e testemunhou os motins de Stonewall. Viveu em Paris por sete anos, onde conviveu com Michel Foucault e escreveu biografias respeitadas de Jean Genet, Marcel Proust e Arthur Rimbaud — a de Genet chegou a ser finalista do Prêmio Pulitzer.


Mesmo após ser diagnosticado com HIV em 1984, White seguiu escrevendo com vigor e sem concessões. Sobreviveu a dois derrames e a um ataque cardíaco, e publicou até seus últimos dias: The Loves of My Life, uma memória sobre sua vida sexual, saiu em janeiro de 2025. Em tom mordaz, estimava ter tido relações com cerca de 3 mil homens ao longo da vida — "por que tão poucos?", teria brincado.


White também lecionou escrita criativa nas universidades de Brown e Princeton. Em 2019, recebeu a Medalha de Contribuição Distinta para as Letras Americanas da National Book Foundation. “Nunca é um trabalho fácil. É sempre um tremendo desafio”, disse ele sobre escrever. “Mas eu sempre escrevo tudo até o amargo fim.”




 
 
 

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@2022 By Jornal Pimenta Rosa

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