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Foto do escritorPimenta Rosa

Colorado do Brás faz homenagem à resiliência negra ao cantar a poetisa Carolina Maria de Jesus

Escola terá em sua Corte, à frente da bateria, a primeira rainha LGBTQIA+, a bela Camila Prins, que continua sua rotina de treinos na Suiça, enquanto aguarda o desfile em abril



A história da Colorado do Brás e da grande homenageada do enredo 'Carolina: A Cinderela Negra do Canindé', a poetisa Carolina Maria de Jesus, se mistura em vários momentos. O carnavalesco André Machado, que propôs o enredo, comenta que a área da escola é bem próxima da comunidade do Canindé, onde a escritora negra floresceu e deixou raízes profundas.


Leitora voraz, a mineira Carolina Maria de Jesus viveu a maior parte de seus dias em São Paulo como catadora de papelão. Veio para a capital paulista em busca de um sonho e enfrentou todo tipo de infortúnio na comunidade do Canindé, experiência que fez surgir o primeiro livro publicado: Quarto de Despejo. O sucesso da obra mudou sua condição social por algum tempo. Quando morreu, em 1977, Carolina já não tinha tanto poder aquisitivo.


'Ela teve uma vida de gata borralheira, mas teve uma noite de Cinderela e o sonho dela, como aconteceu na história da Cinderela, foi até a meia-noite, porque, apesar dela ter ganhado grana e ter mudado de vida, ela voltou à estaca zero, mesmo já bastante conhecida no meio literário', explica o carnavalesco.


A escola está contando com a força dessa guerreira e a garra de sua comunidade para reverter o mau resultado do último desfile. Com um samba empolgante, a Colorado do Brás desfilará contra o preconceito e em homenagem a todas as mulheres guerreiras.


Ouça aqui o samba.


Uma Corte especial


Mostrando a sua preocupação com o social e na luta contra o preconceito, a escola apresentará à frente de sua bateria a rainha Maisa Magalhães e a rainha LGBTQIA+, Camila Prins, que tinha sido madrinha no último desfile. A modelo trans está numa rotina acelerada de treino para fazer bonito à frente dos ritmistas.


Aos 42 anos, a primeira rainha de bateria trans do Carnaval de São Paulo diz que é hora das escolas darem lugar também às belas mulheres trans em seus postos de destaque, como musas, madrinhas e rainhas. Da Suíça, onde mora há mais de 20 anos, acompanha as notícias da escola e lamenta que a comunidade trans seja vítima da violência no Brasil.


Para o desfile da Colorado do Brás, Camila usará uma fantasia de pérola negra, avaliada em 50 mil reais.


'O Carnaval foi um empurrão para que eu me aceitasse. Aos 11 anos, pela primeira vez, me vesti como mulher. O Carnaval me libertou.'



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