top of page

Desafios e perspectivas para a inclusão de pessoas trans na sociedade e no mercado de trabalho

Foto do escritor: Pimenta RosaPimenta Rosa

No mês da Visibilidade Trans, Jornal Pimenta Rosa traz artigo das advogadas Bruna Kelly Gonçalves Lugato e Fernanda Prado dos Santos sobre os desafios e perspectivas da população trans no Brasil



Janeiro é um mês simbólico para a comunidade trans e travesti no Brasil, marcado por duas datas fundamentais: 29 e 31 de janeiro, que reforçam a importância da Visibilidade Trans. No entanto, enquanto essas celebrações promovem conscientização e reconhecimento, a realidade das pessoas trans no país ainda é alarmante. Em 2024, o Brasil manteve-se no topo do ranking mundial como o país mais perigoso para pessoas LGBTQIA+, com 291 mortes violentas registradas, segundo dados do Observatório do Grupo Gay da Bahia (GGB). Neste artigo, as advogadas Bruna Kelly Gonçalves Lugato e Fernanda Prado dos Santos abordam os desafios enfrentados pela população trans e travesti na sociedade e no mundo corporativo, destacando a necessidade de políticas afirmativas, educação inclusiva e conscientização social para garantir oportunidades reais e efetivas.


Veja, agora, a íntegra do artigo:



Visibilidade Trans: entre a luta por direitos e os desafios do mercado de trabalho


Por Bruna Kelly Gonçalves Lugato* e Fernanda Prado dos Santos**


O Dia da Visibilidade Trans é de fundamental importância para pessoas trans e travestis. Ainda vivemos em uma sociedade que tenta nos apagar de diversas formas, suprimindo nossa existência e nossos direitos. Por isso, é essencial ter uma data que simbolize nossa luta, resistência e o desejo de viver de maneira digna e respeitosa.


No mercado de trabalho, de maneira geral, a população trans ainda enfrenta uma realidade de exclusão, sendo privada de oportunidades e, muitas vezes, impedida de concluir os estudos e ingressar na universidade.


Para que a inclusão seja genuína, a contratação de pessoas trans não pode ser apenas uma estratégia de marketing para construir uma imagem “moderna” perante o mercado. Se houver real interesse, a empresa deve garantir o respeito à identidade da pessoa trans, incluindo o uso do nome social e o acesso adequado aos banheiros. No entanto, a principal ação deve estar pautada na educação e na conscientização dos funcionários.


O ESG tem se mostrado uma porta de entrada para mudanças no setor empresarial, especialmente no eixo social. Ao adotá-lo, muitas empresas passaram a reconhecer os benefícios de incluir pessoas trans em seus quadros de funcionários, o que representa um avanço significativo.


Ainda assim, o preconceito segue sendo uma barreira forte. Muitas empresas relutam em investir na diversidade, e a exclusão social continua sendo um obstáculo a ser superado. Além disso, o avanço do conservadorismo e a perseguição política, como a promovida pelo governo Trump, tornaram o cenário ainda mais desafiador.


Os altos índices de violência contra pessoas trans reforçam a necessidade de políticas afirmativas e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) desempenha um papel crucial na promoção da diversidade no mercado de trabalho, orientando políticas públicas e empresariais em diversos países. Um exemplo é a Argentina, onde a OIT reconhece a importância da Lei do Cupo Laboral Trans, que exige que 1% das vagas do setor público sejam destinadas a pessoas trans.


Entre os projetos da OIT, destaca-se o PRIDE, um programa internacional voltado à inclusão de pessoas LGBTQIA+, com foco no desenvolvimento de habilidades profissionais e socioemocionais. No Brasil, iniciativas como a TransEmpregos, conectam empresas comprometidas com a inclusão de profissionais trans. (Fernanda)

Nos últimos anos, a inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho tem ganhado visibilidade, mas ainda não há legislação específica para o tema, e há muito a ser feito. Para líderes empresariais, investir em políticas internas de diversidade e inclusão é essencial, assim como promover treinamentos para reduzir preconceitos e promover a integração de pessoas trans.


A oportunidade é o primeiro passo para tudo. Grandes empresas têm condições de qualificar pessoas trans e travestis e, posteriormente, absorvê-las em seu quadro de funcionários, permitindo que cresçam e se destaquem. Sem oportunidade e vontade, nada acontece.


O papel da sociedade civil e dos consumidores é fundamental para fomentar ambientes corporativos mais diversos. Quando empresários percebem rejeição social ao tema da diversidade, muitos hesitam em oferecer oportunidades por receio de sofrer represálias de uma sociedade conservadora e reativa. Para que essa mudança aconteça dentro das empresas, é preciso, antes, uma transformação social no modo como a diversidade é vista.





*Bruna Kelly Gonçalves Lugato, advogada do Grupo Arco-iris, trans, palestrante em Diversidade, especialista em Direito Penal e ativista LGBTQIA+ formada pelo Projeto Somos Mais Rio de Janeiro.




**Fernanda Prado dos Santos, advogada especialista em direito do Trabalho Empresarial, certificada em liderança ESG e Compliance, palestrante e co-autora de livros.



67 visualizações

Comments


White on Transparent.png

Inscreva-se no site para receber as notícias tão logo sejam publicadas e enviar sugestões de pauta

  • Facebook
  • Instagram
  • Twitter
  • YouTube

Obrigado por inscrever-se!

@2022 By Jornal Pimenta Rosa

bottom of page