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Eduardo Papa estreia no Pimenta Rosa com uma análise afiada sobre resistência e poder

  • Pimenta Rosa
  • 16 de fev.
  • 4 min de leitura

O Jornal Pimenta Rosa tem o prazer de apresentar um novo colaborador: Eduardo Papa, professor, jornalista e artista plástico, cujo olhar afiado e linguagem provocativa prometem enriquecer nossas reflexões sobre o mundo contemporâneo. Em seu artigo de estreia, 'A Vingança dos Cucarachos e a Maldição de Montezuma', Papa analisa com ironia e profundidade os desdobramentos políticos da administração estadunidense, traçando um paralelo entre a histórica resistência dos povos mexicas e a atual mobilização dos imigrantes latinos contra as políticas xenofóbicas.

Com uma escrita contundente, Eduardo Papa nos convida a refletir sobre o impacto econômico e social da insurgência latina nos EUA, evidenciando a força do boicote e a crise de mão de obra gerada pela perseguição aos imigrantes. Ele também alerta para o dilema histórico que se impõe à sociedade estadunidense: ceder à escalada autoritária ou reinventar-se diante da nova ordem mundial multipolar.

Nesta análise mordaz e bem fundamentada, o autor nos provoca a pensar sobre as escolhas e desafios de um país que, se não abandonar sua postura imperialista, pode acabar sucumbindo ao peso de suas próprias contradições.

Seja bem-vindo, Eduardo Papa! Que sua voz crítica e engajada encontre eco nas postagens do Pimenta Rosa e no coração de nossos leitores.



A VINGANÇA DOS 'CUCARACHOS' E A MALDIÇÃO DE MONTEZUMA

 


Por Eduardo Papa


A redação me encomendou um artigo sobre as “trumpolinagens” do presidente da cor de doritos dos EUA. Não preciso gastar mais que um parágrafo com isso, de vez que nós brasileiros acabamos de ver esse filme, que afinal é um remake de uma trágica produção alemã de 90 anos atrás. O modus operandi é o mesmo, sufocar a sociedade com uma sucessiva avalanche de agressões a setores diversos e imposturas continuadas contra as instituições, sem dar tempo para reações geradas dentro dos marcos da civilidade e razoabilidade, pouco ligando para conseqüências, e sem foco em qualquer coisa que não seja a sua ascensão ao poder absoluto. O alemão conseguiu, o nosso füher tupiniquim felizmente fracassou, quanto ao personagem em tela, a película apenas iniciou, mas eu não consigo vislumbrar um futuro muito brilhante para quem já começou tendo problemas com os ovos.


O que de fato surpreendeu e teve um impacto que pode ter desdobramentos de grande relevância econômica e política foi a reação dos imigrantes, em sua grande maioria mexicanos, ante o progroom das autoridades de imigração dos EUA.  Mil anos atrás, o povo mexica abandonou suas terras áridas ao norte em busca das águas, fundaram um império poderoso e construíram sobre um lago uma das maiores e mais ricas cidades do mundo (Tenochtitlán, hoje cidade do México). A chegada dos espanhóis trouxe morte e destruição, o lago foi aterrado, o povo dizimado e escravizado. E tão logo conseguiu livrar-se do jugo da inquisição e da coroa espanhola, viu seu país invadido pelos Estados Unidos. O dólar substituiu a cruz, mas a dominação do conquistador europeu perdura há séculos. Porém, a truculenta e humilhante agressão do governo republicano, parece ter despertado o espírito do guerreiro jaguar.


Um povo que parecia resignado com a condição subalterna imposta pelos gringos surgiu como o mais forte baluarte de resistência à escalada fascista nos EUA. Centenas de milhares saíram às ruas, dia 3 de fevereiro, e o movimento continua forte e se organizando em todo o país. Os trabalhadores e consumidores latinos, que sustentam a economia de muitos estados americanos, mostraram a sua força. Grandes corporações como a Coca Cola e Wal Mart, que assumiram o apoio à nova política, estão amargando prejuízos enormes e continuados com um boicote fortíssimo de consumidores latinos, tanto nos EUA, quanto em seus países de origem. Importantes setores da economia americana beiram a paralisia pelo sumiço dos trabalhadores, escondidos em casa aterrorizados com a perseguição, ou mesmo juntando suas coisas e cruzando a fronteira de volta para o sul, e a crise de mão de obra deve gerar inflação, em especial no preço dos alimentos.


A sorte está lançada, a rebelião dos 'cucarachos' já começou e os mexicanos tem um valioso trunfo, estão unidos e contam com a liderança impecável da presidenta Cláudia Sheinbaun, enquanto o povo americano, liderado por esse personagem ridículo, está profundamente dividido e terá que tomar uma decisão, de tamanha gravidade que alguns temem que leve a uma guerra civil, a de ceder ou não à escalada fascista em curso.


Talvez para escapar da 'maldição de Montezuma' os estadunidenses enfrentem o mesmo dilema que os soldados de Hernán Cortez quando fugiram de Tenochtitlán, após a morte do Imperador Azteca. Montezuma II foi usado como escudo humano pelos espanhóis e apedrejado até a morte pelo seu próprio povo em fúria, o que obrigou os invasores a uma fuga desesperada, na qual, durante a travessia de uma área pantanosa, parte dos espanhóis encontrou a morte por afogamento, tendo sobrevivido apenas os que se desvencilharam do peso do ouro que saquearam.


Penso que se os EUA insistirem em manter uma relação imperialista com o resto do mundo, aceitando a plutocracia imposta pelos oligarcas das redes sociais, serão atropelados dentro da nova ordem mundial multipolar, que já é uma realidade. Vão ter que abrir mão de drenar a riqueza do mundo para um sistema financeiro parasitário e o seu complexo industrial militar mantido pelas guerras eternas, liberando o seu imenso potencial para construir uma sociedade inclusiva, voltada para prover a felicidade de seu povo, em harmonia com as outras nações, sem qualquer espírito supremacista.

 
 
 

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