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Elaiô Vavio: na luta pela visibilidade e direitos da comunidade LGBTQIAPN+ em Niterói

Foto do escritor: Pimenta RosaPimenta Rosa

Travesti negra e multiartista, a pré-candidata a vereadora Elaiô Vavio compartilha sua trajetória de superação e seus planos para representar a população LGBTQIAPN+ na Câmara Municipal de Niterói (RJ)



Neste domingo, a coluna Eleição 2024 traz a pré-candidata a vereadora pelo PT de Niterói, Elaiô Vavio, mulher de Asé, que na língua iorubá, significa poder, energia ou força presentes em cada ser ou em cada coisa, que nas religiões afro-brasileiras representa a energia sagrada dos orixás. Travesti negra, moradora do Morro do Palácio (Niterói), multiartista, produtora cultural, Elaiô Vavio começou a trabalhar como camelô aos 10 anos de idade acompanhando seus pais. Em paralelo à dura jornada de trabalho, seguiu estudando em busca de um futuro melhor para si e para sua família. Aluna de Produção Cultural na UFF, foi a primeira pessoa da sua família a entrar para o ensino superior, vencendo obstáculos e ampliando horizontes.

Elaiô sempre se organizou politicamente nas fileiras dos movimentos sociais, especialmente em torno da pauta em defesa dos direitos das populações LGBTQIAPN+. Possui, também, uma trajetória importante como trabalhadora do Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente na área de saúde mental onde atua como Redutora de Danos, atendendo pessoas usuárias de álcool e outras drogas.

É defensora da luta antimanicomial e de um atendimento humanizado aos assistidos pelos equipamentos de saúde pública. Multiartista e produtora cultural, Elaiô entende a importância da Cultura como uma ferramenta de transformação social que pode salvar vidas.

Veja, agora, a íntegra da entrevista:


Qual a importância de uma maior representatividade no parlamento na luta pelos direitos e visibilidade da comunidade LGBT+?

É extremamente urgente que nossa sociedade veja que nossas existências não são restritivas e que podemos ocupar lugares de poder. Para isso precisamos de maior representatividade no parlamento com figuras LGBTQIAPN+ no centro dos debates políticos, pautando as mudanças necessárias para todas as pessoas. Sem excluir ninguém.


Quais são os principais projetos e iniciativas que você pretende propor na Câmara Municipal para melhorar a qualidade de vida da população LGBT?

Como estudante de produção cultural na UFF e líder de movimento social, pretendo propor maiores incentivos aos coletivos artísticos e culturais de pessoas LGBTQIAPN+. E como ex trabalhadora do SUS, pretendo propor maiores acessos à saúde integral de pessoas trans no serviço público de saúde, tendo em vista a baixa adesão aos cuidados paliativos em saúde dessa população, na maior parte das vezes por falta de preparo dos profissionais no atendimento a essa população.


Quais são os maiores obstáculos numa campanha LGBT?

Eu, enquanto travesti negra, tenho uma luta diária que é me fazer ser vista enquanto mulher nessa sociedade. Além de ter que reivindicar constantemente meu gênero e raça. O maior desafio de uma campanha LGBT é não deixar que resumam a nossa existência à nossa sexualidade e gênero. E que nos vejam como agentes de mudança e trabalho na construção da sociedade.


Quais medidas são necessárias para combater a violência e a discriminação contra a comunidade LGBT+?

Primeiramente, é necessário a conscientização de pares, para que saibamos quando estamos sendo violentados. Em segundo lugar, é necessário o reforço da importância da denúncia, pois geram dados que viram estatísticas e possibilitam a nossa reivindicação de políticas públicas específicas. E por último, mas não menos importante, precisamos que os agentes do governo tenham em mente que a violência contra nossa população precisa ser combatida também por eles e que é inadmissível que esse braço do estado nos violente também.


Que mensagem você gostaria de deixar para seus eleitores sobre a importância de votar em candidatos comprometidos com a causa LGBT+?

Quando assumi esse compromisso de me candidatar a vereadora, sabia da importância de termos uma representante que viva na pele o dia a dia de ser uma pessoa LGBTQIAPN+ na câmara de vereadores. Mas pra além disso, sabia que o caminho não seria fácil, tendo em vista todas as barreiras sociais impostas para nossa população. Por isso, acredito que a única forma de romper com essas barreiras é nos unindo e fortalecendo candidaturas políticas de pessoas LGBTQIAPN+ que dialoguem com nossas vivências. Como Ângela Davis disse: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela.”



 
 

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@2022 By Jornal Pimenta Rosa

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