Erika Hilton assinará ‘orelha’ de livro sobre ativista Indianarae Siqueira
Coordenadora da CasaNem, no Rio de Janeiro, e fundadora da Rebraca, terá sua vida contada em livro que mostra o trabalho da ativista ao longo de sua vida
Será lançado esse mês o livro ‘Indianarae Siqueira - Uma Vida Em DesTransição,’ pela Editora Metanoia, com ‘orelha’ escrita por Erika Hilton, introdução de Duda Salabert, contracapa de Camila Marins e produção da capa de Pamelah Castro. A ativista TransVestiGenere, como se intitula Indianarae Siqueira, líder da CasaNem, conta sobre sua luta e revela que já foi detida e presa pela luta da causa LGBTQIA+.
Em 1995, Indianarae teve os seios expostos por Jovana Baby (a matriarca do movimento trans e travestis do Brasil) em cima do trio da primeira parada LGBTQIA+ do país em Copacabana, quando também posou nua e foi capa da revista ‘Big Man Internacional’, uma espécie de playboy travesti da época.
Proteção Internacional
No mesmo ano ela fundou e passou a presidir o ‘Grupo Filadélfia de Travestis e Liberados’, passando a brigar oficialmente pela causa. Indianarae foi algemada em um poste por policiais em meio a um protesto, ela sofreu ameaças e sua casa foi invadida depois que a ONG que fundou conseguiu aprovar oficialmente no Brasil, pela primeira vez, o nome social nos prontuários médicos e que as travestis fossem internadas separadas ou em enfermaria feminina.
Devido as ameaças sofridas, ela precisou deixar a cidade de Santos, onde morava, e logo depois o país, em 1998. Mediante aos ataques contra a sua imagem, Indianarae há 30 anos é uma pessoa exposta politicamente vivendo sob protocolo de segurança financiado por ONGs protetoras de direitos humanos.
Lei de Nome Social
Por conta da liberação do nome social nos prontuários, logo depois foi concedido a permissão para que os companheiros fossem considerados cônjuges, abrindo assim, margem para reconhecimento da união estável. O nome social se tornou uma realidade e hoje as pessoas trans podem tanto usar só esse ou retificar todos os documentos com o nome escolhido. E as pessoas LGBTQIAPN+ têm direito a casamento e adoção. Em 2010, em uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) sobre as agressões na parada LGBTQIA+ de Copacabana, o deputado Carlos Minc pediu atenção ao assunto depois dos questionamentos de Indianarae sobre falta de nome social no RJ . A reivindicação tornou-se um decreto de ‘Nome Social’ no Rio de Janeiro.
Prisão e julgamento
Indianarae foi levada a julgamento oito vezes por ultraje público ao pudor ao expor os seios publicamente, reivindicando o direito das pessoas trans à mudança de nome sem a obrigatoriedade de cirurgia ou processo judicial. O caso virou debate nas faculdades de direito do país, foi debatido na Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj) e considerado um direto pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Agora, com a não marcação de gênero nos documentos, os pais não são mais obrigados a declarar gênero das crianças nascidas no Brasil. O que abre caminho de inclusão para as pessoas intersexo, uma das alegações de Indianarae, que comemora mais esse marco na luta pelos direitos LGBTQIA+.
“O movimento está lutando há 3 décadas pelo reconhecimento social das pessoas transexuais, travestis, não binárias e intersexo; as mais esquecidas da comunidade LGBTQIA+. Estivemos na linha de frente da luta pelos direitos LGBTQIA+ levando porrada na cara e sofrendo ameaças”, revela Indianarae, umas das pioneiras da manifestação a favor do reconhecimento por lei e direito.
Rebraca
Em 2020 ela fundou a Rede Brasileira De Casas De Acolhimento LGBTQIAPN+ (Rebraca) da qual se tornou presidente com 25 casas no Brasil, que conseguiu junto com Symmy Larrat, Secretária Nacional LGBTQIAPN+ e o Ministro Silvio Almeida, a aprovação do projeto ‘Acolhe+’, do qual Indianarae Siqueira é madrinha. Através desse projeto, via TED n° 950403/2023, em parceria com a Fiocruz e Faetec, será destinado mais de R$ 1,3 milhão para fortalecer as casas de acolhimento.
Exibição em Cannes
O longa-metragem Indianara, de 2019, participou da mostra Association du Cinéma Indépendant pour as Diffusion (Acid) e teve sessões lotadas na Riviera francesa. Ao lado do longa-metragem ‘Dor e Glória’, do diretor espanhol Pedro Almodóvar, concorreu com mais 18 filmes ao prêmio’ Palma Queer’, dedicado a filmes com temática LGBTIA+.O Indianara teve três exibições em Cannes, com salas lotadas e contratos para rodar no circuito comercial. Ganhou vários prêmios em Festivais mundo afora, como a ‘Coruja de Ouro’, em Berlim, e no Brasil o ‘Coelho de Ouro’, do Festival Mix Brasil e também foi considerado pelo Festival de Cannes como um dos melhores filmes-documentário dos últimos anos. O filme continua sendo exibido e pode ser visto nas plataformas digitais e streaming.
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