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Exposição retrata a história do refúgio da comunidade LGBTQIA+ em Nova York, em 1950

Foto do escritor: Pimenta RosaPimenta Rosa

Cherry Grove, onde os nova-iorquinos gays podiam viver suas vidas sem preconceito, foi o primeiro balneário livre e as fotos foram encontradas no lixo, nas casas abandonadas



Por Elen Genuncio


A história do vilarejo remoto de Fire Island, um refúgio para gays e lésbicas na década de 1950, está sendo contada, através de fotografias, numa exposição, ao ar livre, no pátio da Sociedade Histórica de Nova York, localizado em Manhattan, ao lado do Central Park. Muitas das fotos foram encontradas no lixo depois que os moradores morreram e suas casas foram esvaziadas.


Conhecido como Cherry Grove, foi neste local, antes do levante do bar Stonewall Inn, em 1969, evento que transformou o dia 28 de Junho como o Dia Internacional do Orgulho LGBT, que uma comunidade LGBTQIA+ tomou forma entre os nova-iorquinos. Lá, os visitantes passavam os finais de semana de verão tomando sol e festejando, formando uma das primeiras cidades de praia gays do país, quando ser abertamente gay podia resultar em prisão. Somente em 1980 o estado de Nova York eliminou a maioria de suas leis contra a ‘sodomia’.


Na mostra, que vai até 11 de outubro, algumas das fotos retratam a tranquilidade e o prazer cotidiano que acompanha a expressão da sexualidade que era proibida em um espaço seguro: em uma delas, dois homens se beijam em uma festa em casa; em outra, duas mulheres se sentam juntas na praia. Outras imagens capturam momentos de festas à fantasia exageradas e apresentações teatrais.


Embora a maioria dos fotógrafos por trás das imagens permaneça desconhecido, muitos provavelmente eram os gays brancos que começaram a se infiltrar na ilha no final dos anos 1940 e 1950, seguidos por lésbicas. As próprias imagens representam um ato duradouro de resistência, provavelmente registrado por aqueles que moldaram essa história pouco conhecida.


Os residentes de Cherry Grove não estavam imunes a batidas policiais e ataques de visitantes bêbados. Mesmo assim, gays e lésbicas iam lá a cada verão, incluindo os escritores Tennessee Williams, Patricia Highsmith e Truman Capote. O fotógrafo Richard Avedon e sua esposa também estiveram no vilarejo.


Susan Kravitz, uma das curadoras, que visita o Bosque há 40 anos, está entre os fotógrafos. Duas de suas imagens mostram como, seguindo o movimento pelos direitos civis, Cherry Grove tornou-se mais receptiva aos negros e latinas da comunidade LGBTQ.


'As sementes foram plantadas em Cherry Grove. A aceitação - e a alegria característica do lugar - prenunciam o florescimento da vida gay e lésbica na cidade de Nova York. A exposição documenta que o vilarejo permitiu aos visitantes se tornarem quem eles são, em vez de quem eles pensavam que deveriam ser', frisa.


Já para Parker Sargent, que fez a curadoria da exposição com Kravitz e Brian Clark, 'o mainstream da América não estava realmente nos documentando ou contando nossas histórias. Essas fotos agora vão se tornar parte dessa compreensão global da vida gay. Ele está nos fornecendo uma peça que faltava, que não tínhamos'. Segundo Sargent, localizar as imagens daquela época foi parte do desafio de montar a exibição.


'As fotos ilustram a liberdade de expressão pessoal que é uma marca registrada de Cherry Grove. Você não poderia necessariamente fazer o filme revelado. Então, para nós, encontrar essas fotos e vê-las ganhar vida é incrível', garante.



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