Livro aborda gênero e sexualidade no contexto das escolas
- Pimenta Rosa
- 7 de jul. de 2022
- 2 min de leitura
Obra do doutor e mestre em Educação Ronaldo Alexandrino analisa a formação de professores sobre o tema na tentativa é de que o ambiente escolar seja um lugar que valorize a vida, em todas as suas potencialidades.

No mês em que é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, data que marca a luta pelos direitos em todo o mundo, o doutor e mestre em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Ronaldo Alexandrino lançou o livro A suposta homossexualidade, pela editora Appris. Na obra, o autor questiona o porquê o documento oficial para construção curricular, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), excluiu a palavra gênero e o seu impacto nas escolas. Diante de desafios como esses, o livro constrói possibilidades e práticas de discussão para a formação de professores sobre o tema.
'Quando analiso as questões educacionais, percebo que não tivemos avanços, apenas retrocessos. As tentativas que existiam antes do veto do Projeto Escola sem Homofobia (conhecido vulgarmente como kit gay), foram negadas e silenciadas. E os professores também trazem suas angústias, receios, tabus e preconceitos para sala de aula. Assim, a formação centrada na escola narrada no livro considera a maneira como ela se apresenta, com todas as suas contradições. É a partir disso que podemos dialeticamente produzir possibilidades de ação, quiçá mudanças. A tentativa é de que o ambiente escolar seja um lugar que valorize a vida, em todas as suas potencialidades', explica Ronaldo Alexandrino.
A obra, resultado da pesquisa de mestrado do autor, explicita e analisa a formação de educadores da Educação Infantil e Ensino Fundamental I. E também indica pistas de como realizar práticas formativas, sem ter a intenção de ser um modelo, mas explicitando que é possível discutir a temática nas instituições de ensino.
Para o autor, o Brasil vive hoje um cenário de negação da discussão da temática nos colégios em relação às questões de gênero. “A escola sempre refletirá o contexto social onde ela está inserida. Precisamos, primeiramente, assumir que a sociedade brasileira é homolesbotransfóbica, esse é o problema central. Quando a escola e as políticas públicas educacionais negam essa discussão, elas apenas corroboram para perpetuação de uma homolesbotransfobia estrutural e institucional”, relata o doutor e mestre em Educação, na área de Psicologia Educacional.

O livro também mostra que o conceito de homossexualidade que temos hoje é uma construção, portanto como uma representação social. Esse conceito também foi criado em outras sociedades, em outros momentos. O que a gente chama hoje de homossexualidade já foi chamado, por exemplo, de homofilia na Grécia e Roma Antiga, sodomia no período da Idade Média e pederastia no movimento higienista na Europa nos séculos 17 e 18. 'A suposta homossexualidade se destaca por ser o primeiro estudo da América Latina, e o único no Brasil até o momento, que conseguiu efetivar um processo de formação de professores a partir da temática da homossexualidade, dentro do contexto da escola. Fato que contraria os discursos produzidos pelas políticas públicas nacionais desde 2011', diz Ronaldo Alexandrino.
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