Museu celebra Dia da Visibilidade Intersexo com exposição de histórias e símbolos de resistência
Mostra reúne obras e documentos que destacam a luta e as vivências de pessoas intersexo, promovendo conscientização sobre suas identidades e direitos
A bandeira do orgulho intersexo, criada pela designer Valentino Vecchietti, está em exposição no MDS
Em comemoração ao Dia da Visibilidade Intersexo (26/10), o Museu da Diversidade Sexual (MDS), em São Paulo, está promovendo uma exposição que traz à tona as vivências, desafios e a luta de pessoas intersexo no Brasil. A mostra, intitulada Pajubá: a hora e a vez do close, é a primeira na América Latina a destacar obras históricas sobre diversidade sexual e de gênero, incluindo narrativas que abordam a experiência intersexo.
Entre as obras expostas, a história “Emília é Homem” e a peça “O Patinho Torto” apresentam relatos reais de pessoas intersexo, oferecendo ao público uma visão profunda sobre a trajetória de quem, por ter características sexuais congênitas, não se enquadra nas normas médicas e sociais para corpos masculinos ou femininos.
No Brasil, onde ainda não há levantamentos oficiais sobre a população intersexo, a questão de reconhecimento e direitos permanece desafiadora. Dados do DataSUS indicam que 104.557 recém-nascidos foram registrados com “sexo ignorado” entre 2014 e 2021, representando 1,6% do total de nascimentos no período. Essa ausência de dados reflete a falta de políticas e visibilidade para a população intersexo, que ainda enfrenta estigma, discriminação e, muitas vezes, intervenções médicas invasivas e sem consentimento, especialmente em bebês e crianças.
Para dar visibilidade a essas questões, a exposição Pajubá: a hora e a vez do close apresenta a obra “Emília é Homem”, que conta a história de Emília, uma pessoa designada como mulher ao nascer, mas que, ao longo dos anos, desenvolveu características masculinas e passou a se identificar como David. O acervo também inclui o livro e o cartaz da peça “O Patinho Torto”, que dramatiza essa trajetória, resgatando memórias e provocando reflexões sobre o direito à autodeterminação e à identidade.
A exposição também destaca a bandeira do orgulho intersexo, criada pela designer Valentino Vecchietti em 2021, que adicionou um círculo roxo sobre um fundo amarelo à bandeira LGBTQIA+. Para a Intersex Human Rights Australia, a figura simboliza as construções tradicionais de gênero e a luta pela representação das identidades intersexo, que seguem resistindo às imposições binárias.
“A preservação e exposição de obras e documentos históricos sobre pessoas intersexo é essencial para garantir visibilidade, educação e conscientização sobre o tema, além de resguardar a história”, destaca Amara Moira, coordenadora de Educação, Exposições e Programação Cultural do Museu da Diversidade Sexual. Para Amara, a documentação histórica das experiências intersexo é um passo crucial para reconhecimento e validação dessa identidade na sociedade.
O Dia da Visibilidade Intersexo e as iniciativas que a data inspira, como essa exposição, buscam avançar na luta pelos direitos e pelo reconhecimento das pessoas intersexo, promovendo inclusão, respeito e visibilidade dentro e fora da comunidade LGBTQIA+.
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