Novembro Azul: mês mundial de combate ao câncer de próstata
Diagnóstico precoce é a melhor estratégia para a sua prevenção, mas preconceito e desinformação fazem homens resistirem às visitas médicas e exames de rotina
O Câncer de próstata, segunda doença mais comum entre os homens, surge de forma silenciosa e em uma região que não costuma apresentar sintomas, atingindo um a cada seis indivíduos no Brasil. Segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional do Câncer (Inca), é a causa de morte de 28,6% da população masculina que desenvolve neoplasias malignas. No Brasil, um homem morre a cada 38 minutos devido ao câncer de próstata. Frente a isso, todo ano, a sociedade se mobiliza com propósito de chamar a atenção para a importância do diagnóstico e tratamento precoce.
De acordo com Dr. Renato de Oliveira, ginecologista especialista em reprodução humana da Criogênesis, é através do exame de toque retal que o médico vai avaliar alterações na próstata, como endurecimento e presença de nódulos suspeitos. 'Aproximadamente 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados somente pela alteração constatada neste exame. Por isso, é importante ampliar o acesso à informação para um número cada vez maior de pessoas', alerta.
Outro fator que vem preocupando especialistas é o crescimento da doença em um público mais jovem. Dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Vencer o Câncer (IVOC), com patrocínio da Bayer, estimam que o número de casos passaria de 1.276.106 (2018) para 2.293.818 (2040), projetando um aumento de 80% no número de diagnósticos.
Diante deste cenário, o médico afirma que a idade ideal para iniciar o check up pode ter uma pequena variação. 'Em geral, é recomendado que os homens comecem a fazer os exames a partir dos 50 anos. No entanto, caso haja histórico da doença na família, é aconselhável antecipar para 40-45 anos. Da mesma forma, indivíduos da raça negra devem se preocupar mais precocemente também', orienta.
Porém, a melhor prevenção, que é o acompanhamento médico, é motivo de obstáculo para muitos homens. 'Infelizmente, a falta de acompanhamento e o preconceito, principalmente com o toque retal, por vezes, é a causa de mortes que poderiam ser evitadas pelo diagnóstico precoce', diz.
Sérgio Moreira da Costa, Consultor Jurídico, Pesquisador e Professor Universitário do UNASP, enfatiza que, 'apesar de muitos esforços no desenvolvimento de políticas públicas e estratégias, a mortalidade por câncer de próstata continua crescendo no decorrer dos anos, e isso não pode ser ignorado. Estamos no momento de rever tudo o que foi feito até agora e identificar o que precisa ser melhorado ou adaptado', afirma.
Sendo assim, para desconstruir o tabu acerca dos cuidados masculinos, é necessária a criação de novas campanhas inerentes à saúde e à prevenção do homem. 'Existem diversas campanhas e opções de tratamento. O avanço tecnológico e o melhor conhecimento da anatomia prostática, que resultaram em cirurgias menos mórbidas, com menores complicações e ótimos resultados oncológicos-funcionais. Hoje, também contamos com uma grande variedade de medicamentos eficientes, principalmente para doenças mais avançadas', explica.
Segundo o pesquisador, deve ser salientado, mais uma vez, que a não procura de diagnóstico médico de natureza preventiva pelos homens tem origem em componentes culturais. 'O motivo é cultural, uma construção que atribui ao homem a condição de superioridade, a ponto de compreender que, ir ao médico ou ter cuidados preventivos, demonstra fragilidade, fraqueza, vulnerabilidade'.
Por isso, ao postergar o check up, aumenta-se a chance de diagnosticar o câncer em estágio mais avançado. 'O ideal é que os exames sejam realizados todos os anos, a partir da idade recomendada. Ao notar qualquer mudança é necessário procurar um médico para fazer os exames adequados e descobrir a causa. Quanto antes o problema for diagnosticado, maiores serão as chances de cura e menores serão os impactos na qualidade de vida', finaliza.
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