Os desafios de profissionais LGBTQIA +, negros e periféricos no mercado publicitário
População negra ainda é sub-representada e recebe salários inferiores aos profissionais brancos no setor publicitário
Mesmo com os avanços na comunicação e nos debates levantados ao longo dos anos, a falta de representatividade vindo do mercado publicitário ainda é questão a ser discutida. A população negra, LGBTQIA + e pessoas com deficiência no setor publicitário ainda são sub-representados.
Quebrando esse estereótipo de preconceito e racismo estrutural, existem iniciativas como a da agência criativa e produtora de imagem SILVA, que há 6 anos têm demonstrado em seus trabalhos, a importância de dialogar e conquistar mais espaços para representar o Brasil real. A agência tem ajudado a mudar o mercado, trabalhando com grandes marcas e viu seu faturamento anual crescer 10 vezes. Além disso, a agência tem conquistando espaço na ruptura da estrutura social contratando mais de 85% de profissionais negros e 100% de profissionais periféricos em seus trabalhos.
Como uma premissa interna, os sócios da agência acreditam que é papel das lideranças promover equidade e estarem com o olhar atento para desenvolver, seja na pequena empresa ou na grande corporação, uma estratégia de diversidade que melhor se alinhe com a realidade social em que está inserida.
'O enorme desafio de ser parte de um movimento de mudança no mercado é que em alguns momentos temos que lidar com marcas que seguem querendo ser desconstruídas, mas não se posicionam diante das propostas ofertadas. O objetivo da SILVA é trazer olhares diversos para que todos possam enxergar o Brasil real, rompendo com a estrutura social enraizada há anos em nossa sociedade. Hoje temos projetos com marcas e profissionais que constroem espaços mais igualitários para que todos se sintam representados seja no anúncio, em outdoor e principalmente na voz para as transformações que o mercado publicitário precisa', afirma Alan Ferreiras, co-fundador da SILVA Produtora.
Um dos grandes desafios para profissionais da comunicação, mais ainda do audiovisual, é encontrar nos trabalhos solicitados espaços para debater e promover projetos que privilegiam recortes de diversidade. As marcas estão buscando formas de aumentar seus lucros ou de criar narrativas para suas imagens e o trabalho da publicidade é ser a ponte para alcançar um dos objetivos e passar por incluir as pessoas - que são consumidores, independente de suas classes sociais - para serem representadas nas comunicações.
O dado divulgado em 2019 pela Sustentabilidade Racial: Dados e estatística sobre a população negra no Brasil, divulgado pela Exame, afirma que além de negros serem minorias nesse setor, eles recebem um salário inferior a do que outros profissionais.
'Durante muito tempo a indústria criativa como um todo e principalmente a publicidade e o entretenimento, ajudaram na construção de estereótipos, alimentou a segregação racial e ao elitismo classista. Cabe a partir desse momento as marcas darem ouvidos a voz dessa população e serem plataforma de visibilidade e transformação. É preciso compreender o quanto o dinheiro é rentável e movimenta a economia como um todo e grande parte vem dessa população racializada', enfatiza Alan.
Sobre a SILVA
A SILVA nasceu em 2019 por Clariza Rosa, Helena Gusmão, Renan Kvacek e Alan Ferreiras, com o propósito de levar para o mercado publicitário narrativas descentralizadas sobre o Brasil Real, considerando seus contextos socioculturais, movimentos e expressões em imagem. Hoje, a agência criativa e produtora de imagem rompe a estrutura social gerando visibilidade e oportunidade para grupos sub representados como a população negra, periférica, a comunidade LGBTQIA+, mulheres, entre outros grupos, trabalhando estratégia e criatividade na utilização de sprints como metodologia em seus projetos. Atualmente, é responsável pela produção de conteúdo de uma das maiores redes sociais do mundo, o “Twitter Marketing BR”.
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