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Projeto Pajubá Lança Pesquisa Inédita sobre Situação das ONGs LGBTQIA+ no Brasil

Foto do escritor: Pimenta RosaPimenta Rosa

Estudo revela desafios e fortalezas das organizações LGBTQIA+ de norte a sul do país, destacando a necessidade de apoio financeiro e renovação de lideranças



Será lançado nesta quarta-feira (29) o Projeto Pajubá, uma iniciativa da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais), em parceria com a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) e a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos). O projeto realizou uma pesquisa inédita, retratando a situação das ONGs LGBTQIA+ de todo o Brasil. O estudo envolveu quase 90 organizações da sociedade civil, coletando dados qualitativos de diversas regiões e depoimentos sobre os desafios enfrentados pelas lideranças na promoção da igualdade e defesa dos direitos LGBTQIA+.


Os resultados da pesquisa serão apresentados na ocasião do lançamento do projeto, no SESC 24 de Maio, no centro de São Paulo, a partir das 16h. O evento contará com uma análise dos cenários feita pelo professor Renan Quinalha, doutor em Direito e coordenador do Núcleo Trans da Unifesp, além de um debate com representantes da sociedade civil, governo e lideranças políticas sobre a importância das organizações LGBTQIA+.


O estudo revela a vitalidade do ativismo dessas organizações, mas também alertam sobre a falta de apoio financeiro que ameaça a continuidade de suas atividades e limita a expansão de seu impacto. 'Muitas vezes, as iniciativas são realizadas com autofinanciamento e sacrifício da saúde mental e dos recursos das próprias militantes', destaca a pesquisa coordenada por Renan Quinalha, advogado, escritor e professor de Direito na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde também coordena o Núcleo TransUnifesp.


Além da dificuldade de obter recursos no curto prazo, as ONGs também enfrentam a falta de um planejamento financeiro sustentável a longo prazo. A maioria dessas organizações não possui profissionais de captação de recursos, experiência para concorrer a editais nem estrutura de governança exigida pelos editais públicos. A atuação informal e a constante dependência do engajamento voluntário agravam ainda mais a situação.


O levantamento também aponta para a necessidade urgente de formação de novos quadros e renovação de lideranças, ressaltando a descontinuidade geracional entre o ativismo tradicional e os novos coletivos. É fundamental integrar a inovação trazida pelos novos membros com a memória e o aprendizado das lutas passadas.


Segundo as ONGs entrevistadas, existem desigualdades significativas dentro de um mesmo estado, com cidades mais urbanizadas tendo maior acesso a recursos e políticas públicas, enquanto áreas interioranas lutam para se fazer ouvir. Também há disparidades entre as realidades das organizações formadas por pessoas LGBTQIA+ negras, indígenas, PCDs e trans, com coletivos de mulheres negras, lésbicas, bi e transexuais recebendo menos visibilidade e apoio em comparação com ONGs cujos integrantes são homens gays, bi ou transexuais brancos.


Um dos pontos abordados pelo Projeto Pajubá foi o impacto da COVID-19 na comunidade LGBTQIA+. Apesar das dificuldades para financiamento das ações durante a pandemia, muitas instituições aprenderam a se articular virtualmente, utilizando plataformas digitais para trocar experiências entre lideranças de diferentes localidades, demonstrando a resiliência das entidades.


O 'Projeto Pajubá - Transformando a Gramática Política' tem como objetivo fortalecer instituições e coletivos LGBTQIA+ através de várias etapas. Além da pesquisa detalhada, o projeto apresentará, nos próximos meses, o 'Dossiê dos Assassinatos e da Violência Contra Pessoas Trans Brasileiras' em parceria com a ANTRA. O projeto também oferecerá gratuitamente assessoria jurídica, acompanhamento financeiro, consultoria, produção de cartilhas pedagógicas e um ciclo de atividades de formação para as organizações LGBTQIA+, com canais de atendimento diretos.



Resumo do Relatório sobre a Situação das ONGs LGBTQIA+ no Brasil por Região



Centro-Oeste As ONGs enfrentam valores conservadores, violência homotransfóbica e falta de apoio. Mato Grosso do Sul e Mato Grosso necessitam de espaços seguros. Goiás sofre com falta de financiamento. O Distrito Federal, próximo ao poder público, é uma exceção.


Nordeste Região mais perigosa para pessoas LGBTQIA+, com 43,36% das mortes violentas. As ONGs enfrentam falta de financiamento fora das capitais e conservadorismo, dificultando a atuação em escolas. Sustentabilidade depende de pequenos projetos, doações e apoio limitado.


Norte Falta de recursos financeiros e infraestrutura prejudica as ONGs, que também sofrem com violência, preconceito e altas taxas de AIDS. Negligência do poder público e falta de experiência em gestão dificultam acesso a editais. Luta política é solitária.


Sudeste Desigualdade na distribuição de apoio, especialmente fora dos grandes

centros urbanos. Homens gays cisgêneros e brancos conseguem mais financiamento. Lésbicas, bissexuais, negras e trans enfrentam maiores desafios. Falta de conhecimento em gestão administrativa complica captação de recursos.


Sul Conservadorismo, especialmente em Santa Catarina, e presença de células neonazistas dificultam o trabalho das ONGs. Escassez de recursos e alta rotatividade de membros comprometem a sustentabilidade. ONGs promovem igualdade por meio de eventos culturais. Desenvolvimento de novas lideranças é essencial.

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