Quem é o verdadeiro 'vira-lata' brasileiro?
Enquanto o cachorro de rua simboliza resistência e lealdade, os verdadeiros vira-latas da política rastejam em submissão ao estrangeiro.

Nélson Rodrigues, com sua ironia cortante, definiu o 'complexo de vira-lata' como a eterna síndrome de inferioridade do brasileiro diante do estrangeiro. Décadas depois, essa expressão continua sendo usada para descrever a submissão e a idolatria cega por nações que nos exploram. Mas será que ainda faz sentido comparar essa gente a um vira-lata? Os cães de rua são espertos, resilientes e leais. Eles sobrevivem, resistem, encontram caminhos onde não há. Já os novos 'patriotários' —fascistas fantasiados de verde e amarelo—não passam de traidores dispostos a entregar o país a interesses estrangeiros. Rastejam não por esperteza, mas por servidão. Babam por líderes autoritários, saúdam torturadores e confundem patriotismo com subserviência.
Como, então, colocar no mesmo balaio os vira-casacas que entregam o país, que rastejam para o Tio Sam e que, sem um pingo de dignidade, ajudam a destruir nossa soberania? Essa comparação se tornou uma ofensa… Mas não para eles — e sim para os cães.
Neste artigo, Eduardo Papa, professor, jornalista e artista plástico, desmonta essa comparação injusta e lança uma provocação certeira: o fascismo à brasileira não tem nada da astúcia de um vira-lata—se parece muito mais com algo rastejante e vil.
Veja o artigo, a seguir:
Respeitem o vira-lata brasileiro!
*Por Eduardo Papa
Nélson Rodrigues, o único intelectual reacionário do Brasil que alcançou o patamar da genialidade (na minha modesta opinião), criou nos anos dourados da miserável história de nossa república, em um rasgo de brilhantismo, o conceito de complexo de vira-lata, para definir a moléstia que acomete essa gente brasileira que “los hermanos” costumam definir como macaquitos. Pessoas que amam de paixão nossos “irmãos do norte”, não apenas os estadunidenses, mas toda a gente brancarana de olhos clarinhos das regiões frígidas da terra, para os quais dirigem sua mais profunda admiração. São mais belos, mais inteligentes, mais fortes, mais honestos (imaginem os piratas do mundo!), tudo de bom enfim, enquanto nós inferiores em todos os aspectos, uma ralé incapaz e corrupta, destinada a rastejar eternamente ante aqueles que, por destino manifesto, são os senhores do mundo.
Os anos dourados deram origem aos anos de chumbo e o dramaturgo morreu antes de assistir em sua plenitude o regime dos militares vira-latas, que afogaram em sangue a esperança do Brasil desenvolvementista de alcançar a prosperidade e a grandeza equivalente a dos povos que tanto eles admiram. Mesmo após o fim da ditadura militar, a submissão canina aos EUA dos “milicos entreguistas” cobrou seu preço em uma herança maldita, deixando um Estado falido sempre de joelhos ante o FMI. Custou para que nós brasileiros reconstruíssemos o país, a partir da nova ordem jurídica trazida pela constituição de 1988, vivemos a estabilidade econômica trazida pelos governos do PSDB e o progresso social devido aos governos do PT, o país vinha construindo seus caminhos, encontrando seu lugar no mundo e reconquistando sua soberania.
A alegria durou pouco, a descoberta do pré-sal e a generosa proposta de Dilma Roussef de destinar seus recursos para a educação e a saúde, foi fatal, conforme o grande Assange revelou ao mundo, Obama encarregou seu vice Biden de derrubar o governo brasileiro e se adonar do Petróleo, que acabou entregue a rés barato para petroleiras gringas. Durante o golpe do impeachment da Dilma e do Lawfare da Lava-Jato para garantir o afastamento de Lula e a eleição de Bolsonaro, vicejou uma malta açulada pelos agentes do Tio Sam, revivendo as vivandeiras dos quartéis, descritas dor Castello Branco em 1964. Os conhecidos “patriotários” desempenham um papel crucial na escalada de ascensão do fascismo com a qual temos que lidar, e que é cada vez mais perigosa depois da posse do presidente “doritos” nos EUA.
Com a mente aprisionada dentro da blogosfera mantida e alimentada pelos oligarcas estadunidenses, nossos “patriotas” atuaram como palhaços na ópera bufa que culminou no 8 de janeiro, fazendo com que muitos pesquisadores e jornalistas apontassem a volta à cena dos vira-latas. Uma impostura! O que valia na década de 60 não vale mais, a comparação tornou-se injuriosa contra o garboso vira-lata brasileiro. Como comparar a argúcia e a sagacidade dos vira-latas com a indigência intelectual dessa ralé da política?
Como comparar nosso dócil e amigo “perro de las calles” com essa gente iracunda, violenta e de maus bofes? Como comparar a fidelidade dos cães a quem os alimenta e afaga, com a perfídia desses traidores dispostos a entregar nossa soberania novamente ao Tio Sam? Definitivamente não dá! As únicas comparações possíveis no reino animal seriam com criaturas rastejantes, serpentes, escorpiões, animais carniceiros como as hienas e os abutres, ratos de esgoto e mesmo assim seria injusta com essas criaturas que tem seu lugar na natureza.
Eu chamo fascista de fascista mesmo, não procuro nenhuma denominação que possa escamotear o que de fato são, e se notar a manifestação de preconceito racial o termo correto é nazista mesmo, não me relaciono com ninguém dessa laia e me afasto logo que percebo alguém contaminado com essa praga. Sou sectário? Não, apenas aprendi com o Dr. Wilhelm Reich (1) e outros cientistas a etiologia da moléstia, a origem dos recalques sexuais e das perversões que povoam a mente de quem homenageia torturador e assassino, de quem projeta suas frustrações apoiando cegamente um líder supremo e quero essa gente longe de mim, muito longe. Para cão vita-lata eu faço festinha, para o fascista eu grito passa fora, e recomendo essa postura a todas as pessoas bem resolvidas e que amam sinceramente o nosso país, em prol da manutenção de sua paz e saúde mental.
(1)Reich, Wilhelm, 1897 -1957. Psicologia de Massas do Fascismo
*Eduardo Papa é professor, jornalista e artista plástico (www.mosaicosdeeduardopapa.com)
Toda essa ladainha para escrever asneiras,esse espaço poderia ser utilizado para escrever matéria mais auspiciosa.
Sensacional essa matéria do Virá Lata!
Quero mais! Muito mais!
Parabéns a quem escreveu e publicou! Tenho 72 anos, sou mulher e concordo em gênero, número e grau com a matéria!