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Religião e Sexualidade: um diálogo com o deputado federal Pastor Henrique Vieira

Foto do escritor: Pimenta RosaPimenta Rosa

Em entrevista exclusiva para o Pimenta Rosa, o parlamentar revela como diferentes tradições religiosas abordam a complexidade da sexualidade humana, destacando a importância do amor e do acolhimento na promoção do bem-estar das pessoas LGBTQIA+.



Pastor Henrique Vieira é uma figura multifacetada e influente no cenário religioso e político brasileiro. Líder da Igreja Batista do Caminho, ator, poeta, professor, deputado federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL/RJ) e militante dos direitos humanos, Vieira também é autor de dois livros, O Amor como Revolução e O Monge e o Pastor, em coautoria com o teólogo Marcelo Barros. Além disso, participou do filme Marighella e do álbum AmarElo do rapper Emicida. Em entrevista exclusiva para o Pimenta Rosa, ele abordou as interseções entre religião e sexualidade, com foco nas diferenças e semelhanças entre as interpretações e práticas das religiões cristãs e de matriz africana em relação à diversidade de gênero e orientação sexual.

 

Ao discutir as principais diferenças na interpretação dos textos sagrados entre as religiões cristã e de matriz africana em relação à sexualidade, Vieira enfatizou a diversidade de perspectivas dentro do cristianismo. Segundo ele, há um cristianismo conservador que vê a sexualidade quase como um problema, uma fonte de pecado onde o prazer é negativamente percebido. Contudo, ele próprio faz parte de uma vertente cristã que enxerga a sexualidade como uma expressão da vontade e do amor humano, que deve ser vivida com ética e responsabilidade. Em relação às religiões de matriz africana, ele observou que estas veem a sexualidade como uma dádiva e uma expressão da vida que deve ser vivida pelo amor.




Sobre a diversidade de gênero, Vieira destacou que as religiões de matriz africana tendem a acolher amplamente essa diversidade. Ele nota que nos povos de terreiro há uma aceitação significativa da diversidade de gênero. Em contraste, ele lamenta que muitos segmentos do cristianismo, especialmente os mais conservadores e patriarcais, vejam a diversidade de gênero como pecado. Entretanto, Vieira ressalta que existem interpretações cristãs que consideram a diversidade de gênero como parte da riqueza humana, criada por Deus, e que deve ser acolhida e respeitada. Para esses segmentos, o verdadeiro pecado é a intolerância e a ausência de amor.

 

Quanto às cerimônias de casamento e união de pessoas LGBT, Vieira explicou que, na tradição cristã à qual pertence, o casamento é um ritual que celebra a liberdade e o amor de decidir caminhar juntos, mais do que um simples registro no cartório. É um momento de comemoração conjunta da união. Embora ele não tenha detalhado as cerimônias nas religiões de matriz africana, entende que o acolhimento e a celebração do amor são igualmente centrais.

 

No que diz respeito à aceitação social de pessoas LGBT, Vieira afirmou que as religiões de matriz africana, pelo que observa, acolhem muito bem a diversidade. Em contrapartida, alguns setores do cristianismo produzem verdadeira violência contra pessoas LGBT, o que ele lamenta profundamente, pois causa sofrimento e até morte. Vieira faz parte de uma tradição cristã que valoriza a centralidade do amor e vê a diversidade sexual e de gênero como uma riqueza humana. Suas comunidades acolhem essa diversidade, vendo-a como bela e genuína.

 

‘Na minha igreja, temos pessoas LGBT participando ativamente, cantando, pregando e dando aula na escola bíblica. Nós naturalizamos no amor a presença dessas pessoas. Não é um favor recebê-las, mas sim uma alegria celebrar essa diversidade em torno de Jesus Cristo, que é o nosso elo. Jesus é o nosso elo, assim como a globalização e o movimento de direitos civis LGBT’, revelou.

 

Vieira também comentou sobre a abordagem dos líderes religiosos em relação à orientação sexual e identidade de gênero. Ele explicou que isso varia conforme a tradição. Como pastor, ele vê a diversidade sexual como própria da humanidade e não como pecado. Esta posição teológica é baseada na leitura e interpretação da Bíblia, tendo Jesus como centro interpretativo e a ética do amor como verdade permanente. Para ele, a Bíblia precisa ser contextualizada e lida sob a ótica de Jesus, com o amor ao próximo como base radical de tudo.

 

Já sobre os impactos das visões religiosas na saúde mental e bem-estar das pessoas LGBT, Vieira destacou que as religiões de matriz africana promovem um acolhimento que resulta em saúde mental positiva. Em contraste, o cristianismo conservador, que trata a homo, bi e transexualidade como pecado, tem um impacto muito negativo, causando tortura emocional, baixa autoestima, auto ódio, paralisia social, depressão, ideação suicida e até suicídio. Ele lamenta profundamente essa teologia que prioriza o dogma em detrimento do acolhimento à vida e da criação de um ambiente onde a sexualidade é vista como uma dádiva, a ser vivida sob a ética do amor.

 

‘Lamento profundamente essa teologia que prioriza o dogma em vez de acolher a vida e criar um ambiente onde a sexualidade é vista como uma dádiva, a ser vivida sob a ética do amor. O fundamentalismo cristão, pelo que vejo pastoralmente, produz doença psíquica, depressão e ideação suicida, infelizmente’, concluiu.

 
 

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