Tainá de Paula busca reeleição com foco em transformação social e inclusão
Na coluna Eleição 2024 de hoje, a vereadora destaca trajetória marcada pela luta em prol das comunidades negras, periféricas e LGBTQIA+, reafirmando seu compromisso com um Rio de Janeiro mais justo e inclusivo.

Vereadora Tainá de Paula, candidata a reeleição pelo PT/RJ, sob o número 13777
A vereadora Tainá de Paula (PT/RJ), uma das vozes mais respeitadas da política carioca, se prepara para enfrentar as urnas novamente em 2024, com uma campanha que promete continuar sua luta por justiça social, inclusão e igualdade. Nascida no Morro do Telégrafo e criada na Praça Seca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, Tainá traz consigo a força de suas raízes e a inspiração de uma família trabalhadora, que a motivou desde cedo a se engajar nas causas sociais.
Sua jornada de superação começou aos 11 anos, quando conquistou uma vaga no Colégio Pedro II, instituição federal renomada que moldou sua visão de mundo e despertou seu entusiasmo pela política. Foi ali que Tainá começou a se envolver em atividades de liderança escolar e no movimento estudantil, participando de iniciativas como a Pastoral de Favelas, um espaço de resistência e apoio aos moradores das comunidades durante a Redemocratização do Brasil.
Formada em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal Fluminense, com especialização em Patrimônio Cultural pela Fundação Oswaldo Cruz e mestrado em Urbanismo pela UFRJ, Tainá acumulou uma vasta experiência acadêmica e profissional. Seu trabalho se concentra em projetos de habitação popular e no fortalecimento das comunidades marginalizadas, atuando em movimentos como a União de Moradia Popular e o Movimento dos Trabalhadores sem Teto.
Tainá também se destacou como co-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil no Rio de Janeiro e como coordenadora regional do Projeto Brasil Cidades, além de ser uma referência em diversas ONGs voltadas para a defesa dos direitos humanos e sociais. Em 2020, sua eleição como vereadora pelo PT foi marcada por uma votação expressiva, que a colocou entre as mais votadas na cidade, num pleito que representou um marco na representatividade das pessoas LGBTQIA+.
Agora, ao buscar a reeleição, Tainá de Paula reafirma seu compromisso com a transformação social e política do Rio de Janeiro, defendendo políticas públicas que promovam a inclusão e a dignidade para todos os cidadãos, especialmente aqueles que historicamente foram excluídos dos espaços de poder e decisão.
Leia, agora, a íntegra da entrevista:
Qual a importância de uma maior representatividade no parlamento na luta pelos direitos e visibilidade da comunidade LGBTQIA+?
Quanto maior a nossa representatividade no parlamento, mais forte é a luta pelos direitos e visibilidade LGBTQIA+. Pode soar óbvio, mas é importante reiterar que a presença de representantes LGBTQIA+ no legislativo ajuda na criação e aprovação de leis que nos protejam e elevem. Representantes parlamentares LGBTQIA+ conseguem identificar e atender necessidades específicas com mais rapidez. Podemos impulsionar legislações contra a discriminação, garantir o acesso à educação, moradia, saúde, e promover políticas de inclusão e respeito que não desconsiderem as pessoas LGBTQIA+, tratando-nos como o que somos: cidadãos de direito.
Além disso, ter representantes LGBTQIA+ no parlamento proporciona visibilidade e desafia estereótipos e preconceitos. Isso também normaliza a diversidade e mostra que pessoas LGBTQIA+ têm voz e lugar em todos os setores da sociedade, incluindo a política. A diversidade no parlamento deve refletir a pluralidade da sociedade, o que fortalece a democracia e resulta em decisões mais informadas e justas.
Quais são os principais projetos e iniciativas que você pretende propor na Câmara Municipal para melhorar a qualidade de vida da população LGBTQIA+?
Precisamos pensar nas perspectivas LGBTQIA+ além dos direitos básicos. Devemos dialogar sobre empregabilidade, moradia e o direito de acesso a todos os espaços da nossa cidade. É essencial fazer valer os direitos adquiridos. Para melhorar a qualidade de vida da população LGBTQIA+ na Câmara Municipal, é necessário focar em empregabilidade e moradia digna, criar oportunidades de trabalho sem discriminação, garantir acesso irrestrito a todos os espaços urbanos e assegurar cuidados completos com a saúde física e mental. Ampliar o acesso a métodos contraceptivos e garantir o acompanhamento pelo SUS, fornecer alimentos saudáveis e assegurar que as crianças tenham acesso a uma educação integral e inclusiva, respeitando e promovendo a diversidade desde cedo. A juventude LGBTQIA+ merece espaços voltados para sua cultura e arte, além de ambientes urbanos mais seguros. Aumentar o número de ônibus nos bairros, por exemplo, melhora a acessibilidade e a mobilidade para todos. As pessoas LGBTQIA+ são pessoas, afinal. Crianças, idosos. Somos nós.
Quais são os maiores obstáculos numa campanha LGBTQIA+?
Candidaturas LGBTQIA+ frequentemente enfrentam preconceitos e discriminação, tanto por parte do eleitorado quanto dos adversários políticos. Isso pode se manifestar em violência política: ataques pessoais, mentiras, demonização. Existe também o risco constante de que nós e as nossas campanhas sejamos reduzidos a discussões sobre identidade. Isso é uma estratégia, de certa forma, para desviar o foco de nossas qualificações, habilidades e propostas políticas, confinando-nos a um espaço estreito.
Isso nos obriga a dividir a atenção entre a promoção dos nossos objetivos políticos e a defesa constante de ser quem somos, o que leva a uma sobrecarga desigual, não só durante a campanha. Mulheres, pessoas negras, indígenas e com deficiência sabem bem o que é isso. Outra preocupação significativa para mim é a segurança, tanto minha quanto da minha equipe. Mas, para terminar essa resposta sombria de forma positiva, penso que essa escassez de modelos políticos que representem a diversidade só reforça a necessidade de novas formas de mobilizar o eleitorado e a sociedade. Superar tudo isso requer uma combinação de estratégia política, força interna e apoio da comunidade.
Quais medidas são necessárias para combater a violência e a discriminação contra a comunidade LGBTQIA+?
São necessárias uma série de medidas abrangentes, que envolvem legislação, educação, apoio comunitário e mudanças culturais. Por exemplo, devemos acelerar e reforçar legislações antidiscriminação, ao mesmo tempo em que garantimos que pessoas LGBTQIA+ tenham acesso à proteção jurídica e assistência legal adequadas para lidar com casos de violência, bem como a serviços de acolhimento: moradia, apoio à saúde física e mental, aconselhamento para vítimas etc. Para incentivar a redução do preconceito desde cedo, é urgente integrar a educação sobre diversidade sexual e identidade de gênero nos currículos escolares. O mesmo vale para campanhas e eventos públicos de conscientização, bem como para treinamentos sobre diversidade e inclusão para profissionais do serviço público e privado.
Precisamos apoiar organizações que trabalham na defesa dos direitos LGBTQIA+ e oferecem serviços e advocacy. É necessário construir alianças com outros movimentos sociais e grupos que lutam por igualdade e justiça para uma abordagem mais inclusiva e eficaz. Devemos realizar e divulgar pesquisas sobre violência e discriminação para entender os problemas e identificar necessidades, além de monitorar e avaliar a eficácia das políticas e programas existentes. Treinar forças de segurança e sistemas de justiça para lidar de forma adequada também é fundamental. E devemos garantir que as vítimas de violência e discriminação possam denunciar abusos sem medo de retaliação ou revitimização.
Que mensagem você gostaria de deixar para seus eleitores sobre a importância de votar em candidatos comprometidos com a causa LGBTQIA+?
Estar aqui não é apenas sobre representatividade, sobre identidade. É sobre ter quem pense, formule e legisle na cidade a partir de certas vivências e olhares, dores e lutas. Estar presente em cargos de poder permite contribuir diretamente para a formulação de políticas que atendam às necessidades e interesses de todos os tipos de pessoas, inclusive as pessoas LGBTQIA+. Estarmos presentes e atuantes é um passo vital para garantir que nossas vozes não sejam apenas ouvidas, mas também integradas nas decisões que moldam nosso futuro coletivo. Fazer legislação específica para a população LGBTQIA+ não faz com que nenhuma pessoa que não seja LGBTQIA+ perca seus direitos. Estar aqui é pensar, elaborar e implementar o que é necessário e justo, promover e proteger os avanços de direitos, além de fomentar a interlocução com os movimentos sociais e aliados. É saber ser pautados por nossos companheiros de lutas e construções, evidenciando cada vez mais a importância de chegarmos coletivamente a esses lugares, que são nossos.
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