Torcidas organizadas LGBTQIA+ estão ganhando os estádios do Brasil

Grandes times como Flamengo, Vasco, Corinthians, Palmeiras e Bahia, entre outros, reconhecem e respeitam os coletivos que levam para os estádios o combate à homofobia

Já foi o tempo em que futebol e homofobia eram quase sinônimos. A criação da Coligay, a primeira torcida organizada LGBT, por torcedores do Grêmio foi um grande desafio. Com presença constante nos jogos do time, entre 1977 e 1983, o coletivo irritou o time, gerou hostilidades dos torcedores gremistas e adversários, mas acabou sendo reconhecida pelos dirigentes como torcida organizada do time.

Como forma de mostrar que esporte é para todos e combater a homofobia no futebol, diversos coletivos LGBTQIA+ estão fazendo a festa nos estádios. Grandes times reconhecem a importância das torcidas, que surgiram nos idos de 2012/2013, como independentes e hoje são referência da comunidade nos estádios, e a recente criação do Canarinhos LGBTQ+ tem reforçado que o futebol não tem cor, raça ou gênero. É, definitivamente, um esporte para todos.

O Canarinhos LGBTQ+ é um coletivo nacional de torcidas LGBTQIA+ de futebol, que agrega 19 torcidas, de 18 diferentes clubes, entre as séries A, B, C e D, de todas as regiões econômicas do Brasil. A pauta prioritária dos Canarinhos LGBTQ+ é o combate à LGBTfobia generalizada e a busca pela ampla democratização dos espaços futebolísticos. Em setembro de 2022, membros do coletivo estiveram na capital paulista na BFEXPO, a maior feira de futebol da América Latina, um importante local para a visibilidade de pautas minoritárias como esta.

Abaixo algumas das torcidas que fazem o importante trabalho de lutar pelo respeito e inclusão nos estádios:

Vasco LGBTQIA+ - Nascida em julho de 2020, a torcida representa a comunidade queer do time e foi convidada pela atual gestão para participar da área de responsabilidade social do Vasco;

Vozão Pride - Surgida em 2020, agrega os torcedores do Ceará Sporting Club;

Frasqueira LGBTQ - Formada por torcedores do ABC do Rio Grande do Norte, o coletivo foi formado também em 2020;

Furacão LGBT - Criada em 2019, a torcida do Clube Athletico Paranaense quer promover o respeito à diversidade e a inclusão no futebol, dentro e fora da Arena da Baixada;

LGBTricolor - Torcida do Esporte Clube Bahia,criada em 2019;

Fiel LGBT - Coletivo de torcedores do Corinthians criado em 2019;

PorcoÍris - Esse coletivo do Palmeiras surgiu em 2019 e em suas redes sociais reitera que 'a torcida do time é diversa e o clube deve trabalhar para a inclusão de todos, todas e todes que amam o Palmeiras. Somos muitos, somos diversos, somos Palmeiras e lutamos por um alviverde de todes';

Fla Gay - Em homenagem a um mesmo coletivo que existia do time do Flamengo, em 1979, a Fla Gay surgiu em 2016;

Coral Pride - Camisa 24 - A Coral Pride é um grupo e junção de torcedores LGBTQIA apaixonados pelo time pernambucano Santa Cruz que resolveram se juntar tanto para torcer pelo clube, mas também para cobrar que o clube comece a trabalhar ações afirmativas, tocando nesses temas de combate a lgbtfobia no futebol;

Leões com Orgulho - Torcida LGBTQIA+ do Clube Remo, do Pará, que torce com orgulho e combate o preconceito;

Fora da Toca - Coletivo de torcedores do América mineiro para pensar, discutir, e propor ações que tornem as arquibancadas mais acolhedoras a todes;

Papão Livre - Primeira Torcida Organizada do Paysandu a defender a bandeira da diversidade, contra o machismo, racismo, e homo/lesbo/bi/transfobia no futebol;

Marias de Minas - Torcida do Cruzeiro Esporte Clube que luta pela democratização das arquibancadas;

Orgulho Rubro Negro - Torcida do Esporte Clube Vitória, que trabalha pela segurança e inclusão de todos;