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Xica Manicongo e a Inquisição: Uma História de Perseguição e Resiliência

Foto do escritor: Pimenta RosaPimenta Rosa

Considerada a primeira travesti da História do Brasil, Xica Manicongo continua sendo a imagem da resistência da comunidade LGBTQIA+ à perseguição até hoje



Xica Manicongo, uma figura histórica notável, foi uma pessoa negra e transgênero que viveu no Brasil durante o período colonial. Sua história é significativa não apenas por sua identidade de gênero e sua luta pessoal, mas também pelo contexto de repressão em que viveu, marcado pela brutalidade da Inquisição.


A Inquisição portuguesa estendeu suas atividades ao Brasil no final do século XVI, perseguindo aqueles que eram considerados heréticos, incluindo praticantes de outras religiões, suspeitos de bruxaria e aqueles que se envolviam em comportamentos sexuais considerados desviantes. A homossexualidade e a não conformidade de gênero estavam entre as práticas severamente condenadas pelo Tribunal do Santo Ofício.


Xica Manicongo, também conhecida como Francisco Manicongo, foi uma das primeiras pessoas registradas na história brasileira a desafiar publicamente as normas de gênero. Xica era uma pessoa escravizada, trazida do Congo para Salvador, na Bahia, no século XVI. Sua história veio à tona em 1591, quando foi processada pela Inquisição por "sodomia" e por vestir-se com roupas femininas.


O caso de Xica Manicongo é um dos raros registros de pessoas transgênero no período colonial brasileiro. Durante seu julgamento, Xica foi acusada de práticas sexuais "contra a natureza" e de transvestismo, que eram severamente punidos pela Inquisição. Os autos do processo revelam a brutalidade com que os inquisidores tratavam aqueles que não se conformavam às normas sexuais e de gênero estabelecidas pela Igreja Católica.


Xica Manicongo, ao adotar roupas femininas e expressar sua identidade de gênero de maneira não conformista, demonstrou uma forma poderosa de resistência contra a opressão colonial e religiosa. Embora tenha enfrentado um julgamento implacável, a história de Xica revela a presença e a luta das pessoas transgênero no Brasil muito antes do surgimento dos movimentos contemporâneos de direitos LGBT.


A história de Xica Manicongo é uma lembrança crucial da longa trajetória de resistência das pessoas LGBT no Brasil. Embora tenha vivido em um período de extrema repressão, a coragem de Xica em expressar sua identidade de gênero é uma fonte de inspiração para a luta contínua pela igualdade e pelo reconhecimento das pessoas transgênero e de gênero não conformista.


Ressoa profundamente com as questões contemporâneas enfrentadas pela comunidade transgênero no Brasil e no mundo. A visibilidade e o reconhecimento das identidades trans são fundamentais para combater a discriminação e a violência que ainda persistem. O legado de Xica Manicongo é um lembrete de que a luta pela liberdade de expressão de gênero é uma batalha antiga e contínua.


Xica Manicongo representa uma figura emblemática na história da resistência contra a opressão de gênero e sexual no Brasil colonial. Sua história, marcada pela brutalidade da Inquisição, destaca a longa trajetória de luta e resiliência das pessoas transgênero no Brasil. Ao reconhecer e celebrar figuras como Xica, damos continuidade à luta por um futuro mais inclusivo e igualitário para todos, independentemente de sua identidade de gênero.


Viva as milhares de Xica Manicongo que fazem parte do nosso dia a dia.



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