Espetáculo 'eXílio': um convite para repensar fronteiras e pertencimento

Em cartaz no Teatro Paulo Eiró de 30 de maio a 15 de junho, com entrada grátis, peça do Coletivo Comum propõe reflexão profunda sobre os desafios contemporâneos enfrentados por comunidades marginalizadas

O Coletivo Comum estreia nesta sexta-feira (30), no Teatro Paulo Eiró, o espetáculo “eXílio”, uma criação teatral que propõe discutir as múltiplas camadas dos deslocamentos forçados, provocados por guerras, perseguições, crises climáticas, ditaduras e violências estruturais. A temporada vai até 15 de junho, com sessões às quintas, sextas e sábados às 20h30, e aos domingos às 18h. Após a temporada no Eiró, o espetáculo segue para o Galpão do Folias, entre 19 e 30 de junho. A entrada é grátis e conta com duas sessões com intérprete de libras: 13 e 27 de junho.

Com direção de Fernando Kinas, o trabalho mantém a tradição do grupo em desenvolver teatro documental e se constrói a partir de 30 quadros independentes, que dão conta da complexidade dos temas abordados: refúgio, migração, exílio político, subjetivo e identitário. O elenco é formado por Fernanda Azevedo, Maria Carolina Dressler, Ícaro Rodrigues, Renata Soul e Roberto Moura.

A escolha pela grafia 'eXílio', com o 'X' em caixa alta, ressalta a ideia de encruzilhada e conflito, símbolos das tensões tratadas no espetáculo. 'A peça é um desdobramento da nossa pesquisa sobre os grandes desafios contemporâneos. Os acontecimentos recentes na Palestina, Ucrânia e a ascensão de figuras como Donald Trump são reflexos desse cenário de tensões e deslocamentos', explica Kinas.

Para além dos exílios geográficos, o Coletivo Comum amplia o debate e aborda exílios internos e subjetivos, incluindo aqueles vividos dentro do próprio país, como nos períodos de ditadura militar. A discussão se estende a grupos historicamente marginalizados, como a população LGBTQIAP+, que muitas vezes enfrenta a exclusão de seus corpos e espaços sociais.

A dramaturgia se apoia em ampla pesquisa documental, com destaque para o livro Conversas de Refugiados, de Bertolt Brecht, além de cartas de migrantes, reportagens, documentos oficiais e personagens reais — como Moïse Kabagambe, imigrante congolês morto no Brasil; Dorinha, militante brasileira exilada que se suicidou; e o pensador palestino Edward Said, cuja teoria do orientalismo também influencia a encenação.

O espaço cênico, circular e cercado por barreiras, evoca campos de refugiados, de triagem e até de batalha — um 'campo' onde memória, resistência e partilha estão em jogo. 'Nosso cenário é também um espaço de combate simbólico, onde o elenco e o público compartilham essa experiência de forma visceral', comenta Beatriz Calló, assistente de direção e coautora do roteiro.

A trilha sonora é parte essencial da encenação e conta com a participação dos próprios atores, com destaque para Renata Soul e Roberto Moura, que também assina a direção vocal. As músicas pontuam e aprofundam as sensações evocadas pelas cenas. 'eXílio' propõe, assim, mais que um espetáculo: uma travessia. Um convite para repensar as fronteiras – físicas e simbólicas – que nos separam e, muitas vezes, nos exilam de nós mesmos e dos outros. Em tempos de brutalidade e desenraizamento, o teatro se afirma como espaço de encontro, resistência e escuta.

SERVIÇO:

Espetáculo: eXílio

TEATRO PAULO EIRÓ

Temporada: 30 de maio a 15 de junho de 2025, de quinta a sábado, às 20h30, e, aos domingos, às 18h.

Endereço: Av. Adolfo Pinheiro, 765 - Santo Amaro, São Paulo - SP

Ingresso: GRATUITO

Sessão com intérprete de libras: 13 de junho

GALPÃO DO FOLIAS

Temporada: 19 a 30 de junho de 2025, de quinta a sábado, às 20h30, domingos, às 18h, e, segunda-feira (30/06), às 20h30

Endereço: R. Ana Cintra, 213 - Campos Elíseos, São Paulo - SP

Ingresso: GRATUITO

Sessão com intérprete de libras: 27 de junho

Direção: Fernando Kinas

Elenco: Fernanda Azevedo, Maria Carolina Dressler, Ícaro Rodrigues, Renata Soul, Roberto Moura

Reservas: circulacaoexilio@gmail.com / IG: @coletivocomum