Homotransfobia no Brasil: um grito de socorro da comunidade LGBTQIA+
Brasil registra trágico recorde de 257 mortes de LGBT+ em 2023, alerta Grupo Gay da Bahia
Em meio a números alarmantes, o Grupo Gay da Bahia (GGB) revelou que o Brasil manteve, em 2023, a triste liderança mundial em homicídios e suicídios de pessoas LGBT+, totalizando 257 mortes violentas documentadas. Desde 1980, o GGB vem divulgando essas estatísticas, tornando visíveis as terríveis consequências da homotransfobia no país. Infelizmente, a falta de estatísticas governamentais sobre crimes de ódio contra a população LGBT+ ressalta a necessidade urgente de ações efetivas para combater a violência direcionada a essa comunidade.
Os registros detalhados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) ao longo de quatro décadas constituem uma prova incontestável da presença arraigada de uma cultura de ódio direcionada à população LGBT+ em nossa sociedade. Esses dados, que abrangem o período de 1963 a 2023, revelam uma trágica realidade: 7.233 mortes violentas documentadas de membros da comunidade LGBT+ no Brasil. Uma análise mais aprofundada, considerando os últimos cinco governos, destaca a urgência de medidas para combater a homotransfobia estrutural que perpetua esse cenário de 'homocídio'.
Esse relato trágico revela uma dura realidade que exige a atenção de todos. A homotransfobia persiste como uma ameaça à vida e à dignidade da comunidade LGBTQIA+ no Brasil. O combate a essa violência requer esforços conjuntos da sociedade civil, instituições governamentais e da população em geral.
Destaques dos Números Perturbadores
Uma morte a cada 34 horas.
277 mortes considerando casos em espera de confirmação.
67% das vítimas tinham entre 19-45 anos.
Maior número de casos registrados na região Sudeste pela primeira vez.
Diferença nas Categorias
Em 2023, o GGB documentou a morte violenta de 127 travestis e transgêneros, 118 gays, 9 lésbicas e três bissexuais, destacando que travestis e transexuais ultrapassaram os gays em número de mortes pela segunda vez. O risco de uma transexual ser assassinada é 19% mais alto do que gays, lésbicas e bissexuais.
Falta de Dados Demográficos
O estudo destaca a subnotificação das estatísticas devido à omissão da orientação sexual ou identidade em muitas publicações fúnebres. A cor/etnia também é uma variável pouco citada, mas a análise sugere que LGBT+ negros representam 21,39% das vítimas.
Regiões Impactadas e Resposta Governamental
Pela primeira vez em 44 anos, o Sudeste liderou em mortes LGBT+, com 100 casos, seguido pelo Nordeste, com 94. O GGB e Aliança Nacional LGBT fazem um apelo para a adoção obrigatória do 'Formulário de Registro de Ocorrência Geral de Emergência e Risco Iminente à Comunidade LGBTQIA+', conhecido como 'Rogéria', para monitorar de maneira mais eficaz os casos de homotransfobia letal.
'Chama a atenção em relação aos anos passados o aumento inexplicado da mortalidade violenta dos LGBT+ no Sudeste, que saltou de 63 casos em 2022 para 100 em 2023, ocupando o primeiro lugar nacional, fenômeno jamais observado desde 1980: aumento de 59%. Infelizmente tais dados evidenciam que, diferentemente do que se propala e que todos aspiramos, maior escolaridade e melhor qualidade material de vida regional (IDH) não têm funcionado como antídotos à violência letal homotransfóbica, que causou a morte um LGBT+ brasileiro a cada 34 horas nos últimos dois anos', reflete', Alberto Schmitz, coordenador do Centro de Documentação Luiz Mott do Grupo Dignidade de Curitiba.
Comments