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Marcha Trans & Travesti ocupa Arcos da Lapa e denuncia asfixia financeira do movimento no Brasil

  • Foto do escritor: Pimenta Rosa
    Pimenta Rosa
  • há 34 minutos
  • 3 min de leitura

Com o tema “Independência, Não Morte”, ato expõe desigualdades, cobra políticas públicas e apresenta dados alarmantes sobre violência e falta de recursos para organizações trans


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A 4ª Marcha Trans & Travesti do Rio de Janeiro tomou os Arcos da Lapa na manhã deste sábado (22), trazendo à rua o grito coletivo por existência, dignidade e justiça. Sob o tema “Independência, Não Morte”, o ato denuncia a violência sistemática que, ano após ano, mantém o Brasil como o país que mais mata pessoas trans e travestis, ao mesmo tempo em que evidencia a asfixia financeira das organizações que sustentam essa luta.


A crítica central à falta de recursos é sustentada pela pesquisa “Cadê o Aqué?”, da pedagoga e pesquisadora Maria Clara Araújo dos Passos, divulgada em fevereiro deste ano. O levantamento revela que 100% das organizações de travestis e mulheres transexuais consultadas não possuem meios para garantir sustentabilidade financeira. A maioria opera com orçamentos anuais ínfimos (70%) e apenas 6% conseguem remunerar suas equipes — uma radiografia da vulnerabilidade estrutural que atravessa o movimento.


Se o lema “Independência” aponta para esse sufocamento institucional, o mote “Não Morte” reage aos dados do Dossiê “Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2024”, da ANTRA. A pesquisa confirma a brutalidade: a expectativa de vida da população trans no Brasil permanece em 35 anos, menos da metade da média nacional. Em 2024, a idade média das vítimas de assassinato foi de 32 anos, majoritariamente pessoas trans negras (78% dos casos identificados) e jovens entre 18 e 29 anos (49%).


A discrepância entre o subfinanciamento do movimento no Brasil e a injeção de recursos em organizações anti-trans no exterior lança luz sobre uma disputa global. Estudo internacional The Next Wave: How Religious Extremism Is Reclaiming Power mostra que entidades anti-trans movimentaram US$ 1,18 bilhão entre 2019 e 2023 apenas na Europa. Enquanto isso, segundo a ANTRA, apenas uma parcela minúscula do financiamento LGBTQIA+ destina-se especificamente à população trans.



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“Não queremos inclusão simbólica. Queremos condições reais e políticas públicas que garantam que prosperar seja uma realidade. O adiamento da Marcha para novembro foi um ato político para denunciar esse subfinanciamento. Nossas vidas são valiosas, e viver com dignidade é um direito”, afirma Gab Van, coordenador-geral da Marcha.




Serviços, cultura e empregabilidade

A programação começou às 10h com a concentração nos Arcos da Lapa, seguida, às 11h, pela Feira de Empregabilidade, uma resposta direta ao cenário em que apenas 0,38% dos empregos formais são ocupados por pessoas trans. Às 12h, uma Roda de Axé conduzida por povos de terreiro trouxe bênçãos e energia ancestral ao percurso.


Durante todo o dia, o público tem acesso a serviços essenciais, entre eles retificação de nome e gênero, orientações jurídicas, vacinação, testagem de ISTs e emissão de ofícios de gratuidade para segunda via de documentos, casamento e união estável.


A programação cultural reúne nomes como Angela Leclery, DJ Transtornado, Bront, Deusa MC, Tabita Infinito, Nayanzin MC, Unavita Henrique, T Douglas, Ashiley e uma celebração da cultura Ballroom — expressões artísticas que incorporam resistência, identidade e futuro.


O encerramento está previsto para as 20h. A Marcha Trans & Travesti do Rio de Janeiro, mais uma vez, ocupa o espaço público para tornar visível o que o país insiste em ignorar: sem investimento, políticas públicas e enfrentamento estrutural à violência, não há independência possível, apenas a reafirmação de uma estatística mortal que a população trans se recusa a aceitar.



Programação:

Apresentações Artísticas & Falas do Movimento Social:

  • Angela Leclery: Nossa traviarca, elo vivo de arte e resistência, marcando presença com sua voz e história

  • DJ Transtornado: A potência transmasculina indígena nas pick-ups.

  • Alef: A sensibilidade do soul pop

  • Bront: Cantora, compositora e bailarina que ecoa sua potência criativa

  • Deusa MC: A rapper e produtora que leva a potência periférica aos palcos

  • Tabita Infinito: DJ e produtora cultural preta e não-binárie, trazendo o afrofuturismo e ritmos eletrônicos

  • Nayanzin MC: Mistura autêntica de trap, funk, R&B e afrobeats.

  • Unavita Henrique: O poeta transmasculino que ocupa as ruas com sua palavra política

  • T Douglas: O rapper que retrata a realidade das comunidades e da comunidade trans

  • Ashiley: Uma artista que une elegância e autenticidade

  • Ballroom: A arte e celebração da cultura Ballroom

  • Ações Sociais e de Apoio: Durante a Marcha, teremos pontos de informação e acolhimento, com a presença de nossos parceiros para orientar sobre direitos, saúde e acesso a serviços

 
 
 
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@2022 By Jornal Pimenta Rosa

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