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  • Foto do escritorPimenta Rosa

Pesquisador e escritor, que foca em grupos sociais marginalizados, fala de etarismo

Valmir Moratelli, de 35 anos, é pesquisador da PUC e seu primeiro mestrado rendeu um livro; outro trabalho, sobre idosos, virou um filme e será lançado no segundo semestre



Jornalista, diretor e pesquisador, o carioca Valmir Moratelli, que correu várias redações de grandes jornais e sites jornalísticos, entendeu que seu papel na sociedade poderia ser bem maior que a produção de conteúdo no dia a dia. Em seu mestrado na PUC-RJ, decidiu debruçar-se sobre os grupos sociais discriminados, minoritários, com pouca representatividade ou tudo isso junto.


Seu primeiro mestrado rendeu o livro recém-lançado, Armários Abertos - Depoimentos sobre a Diversidade Sexual (ed. Autografia), apresentando diversos depoimentos de diferentes pessoas do universo LGBTQIAPN+, como o autor prefere classificar o espectro. Moratelli acredita que, além dos termos clássicos é preciso adicionar ainda os pansexuais, polissexuais e não binários.


Seu segundo trabalho tornou-se o longa Prateados - A Vida em Tempos de Madureza, que será lançado no segundo semestre. Em meio a diversos depoimentos, ele entendeu a discriminação sofrida pelos idosos, aviltados pela ideia de que não são produtivos. E, segundo Moratelli, a discriminação a idosos é vista até dentro da comunidade LGBTQIAPN+, onde as novas gerações não reconhecem os caminhos desbravados para que todos tivessem hoje a liberdade que possuem.


'No livro Armários Abertos – Depoimentos sobre a Diversidade Sexual, trago depoimentos de pessoas que se identificam na sigla LGBTQIAPN+. Alguns trazem a questão geracional, como a faixa etária influencia a forma de se ver e de interagir com os demais. Um exemplo: Eduardo Nunes, ex-bailarino do Theatro Municipal do Rio, conta no livro como foi atravessar os anos 60/70 no Rio, em plena ditadura militar. Ele relata que há preconceito hoje em dia de pessoas LGBTQ+ em relação à geração dele, por exemplo, que lutou, foi presa, abriu portas diante dos avanços, mesmo ainda inexpressivos, que temos atualmente. Ou seja, muitos jovens não se reconhecem nas gerações anteriores, que lutaram pelas conquistas que se tem na atualidade', contou Valmir Moratelli.


Num mundo cada vez mais competitivo, onde a produtividade é associada à juventude, ele aponta o crescimento do 'etarismo', inclusive na comunidade LGBTQ+, onde a juventude é símbolo de beleza e valor.


'A velhice ainda é compreendida como um problema em sociedades neoliberais, que prezam a produtividade, sempre associada a jovens. É um preconceito velado, chamado “etarismo” (rejeição a uma determinada faixa etária). Até dentro da comunidade LGBTQ+ existe a reprodução dessa lógica, que prioriza a juventude como valor simbólico nas pessoas. Algo perverso, já que ninguém se mantém jovem para sempre. Ser idoso e gay é ter que lidar duplamente com preconceitos que atravessam o país', explicou o pesquisador.


Para Valmir Moratelli, se o país quiser avançar na democracia, precisa entender que os direitos devem ser amplos, para toda a diversidade sexual, de cor, classes sociais e também faixas etárias.


'Há muito o que fazer. Ainda precisamos avançar muito nessas pautas', concluiu.


Um homem que brinca com as palavras


Antes do livro Armários Abertos - Depoimentos sobre a Diversidade Social, Valmir Moratelli já escreveu outros três livros. 'Eu, Rio. Tu, Urcas. Ele, Sepetiba', sobre os bairros cariocas; 'Diálogos para Santos Cegos - Contos na Era Fake News', ficção que trata da fama em tempos de notícias falsas; e "O que as telenovelas exibem enquanto o mundo se transforma', que aborda a interferência as mudanças sociopolíticas na teledramaturgia.


Como roteirista e diretor, seu primeiro filme foi o documentário '30 dias - Um Carnaval entre a alegria e desilusão', exibido no Festival do Rio de 2019, sobre racismo, intolerância religiosa e os desafios das escolas de samba do Grupo de Acesso. Seu próximo filme, que dirigiu com Libário Nogueira, é 'Prateados - A Vida em Tempos de Madureza', que tem lançamento previsto para o segundo semestre e aborda a velhice no Brasil, tratando do preconceito contra idosos.



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