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  • Foto do escritorPimenta Rosa

67% dos brasileiros já sofreram preconceito em função da sua orientação sexual

Resultados da pesquisa Cidades Sustentáveis: Desigualdades foram divulgados no último dia 10 de Agosto



A pesquisa Cidades Sustentáveis: Desigualdades, encomendada pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), aponta que três em cada cinco brasileiros (67%) já sofreram ou viram alguém sofrer preconceito em função da sua orientação sexual ou identidade de gênero.

De acordo com a publicação, a percepção dos brasileiro é maior nos espaços públicos onde as pessoas estão mais vulneráveis (30%). Escolas e universidades também foram citadas por 20% dos entrevistados, além de shoppings e comércios, trabalho e transporte público, empatados com 17% das menções.


'Vivemos um cenário sistêmico de violação de direitos e aprofundamento de situações de preconceito e discriminação contra as populações vulnerabilizadas e minorizadas. É um desafio que exige uma resposta da sociedade e do poder público, e será um desafio para os próximos governantes', destaca Jorge Abrahão, diretor do Instituto Cidades Sustentáveis.


Essa percepção é maior nas regiões Sudeste e Nordeste, onde 69% da população disse que já sofreu ou presenciou situações desse tipo de preconceito, seguidas pelas regiões Norte/Centro-Oeste (65%) e Sul (61%).


Segundo dados de 2019 divulgados pelo IBGE, cerca de 2,9 milhões de pessoas se declararam homossexuais ou bissexuais no país, o que correspondia a 1,8% da população adulta maior de 18 anos.

A pesquisa


Com sondagem nacional, o mapeamento buscou levantar a percepção da população brasileira sobre as múltiplas desigualdades presentes no país, apontando para um quadro preocupante em relação à ODS 10, que trata da redução das desigualdades dentro dos países e também entre eles. O estudo foi feito entre 5 e 10 de abril deste ano e, ao todo, foram consultadas duas mil pessoas, distribuídas pelas cinco regiões do país.

Os dados da pesquisa revelam que a maioria expressiva da população brasileira consegue perceber o aumento da pobreza no país, além de observar uma grande vulnerabilidade em relação às minorias sociais, como negros, mulheres e pessoas LGBTQIA+.

População mais vulnerável


De acordo com a pesquisa, cerca de 75% dos brasileiros conseguem perceber o aumento de pessoas em situação de vulnerabilidade social, número que aponta, principalmente, para uma população que tem sentido uma maior dificuldade em comprar alimentos e itens básicos. Outro fator importante para essa percepção está no crescente número de pessoas morando nas ruas, 34%.


Esse percentual é maior no sudeste (84%), em especial nas capitais (85%) e periferias metropolitanas (84%). Ou seja, em municípios em que a população é superior a 50 mil habitantes, a desigualdade e o aumento da pobreza e da fome se tornam maiores aos moradores.


Para tentar driblar a situação econômica, 45% dos brasileiros precisaram fazer atividades extras para complementar sua renda no último ano. Isso equivale a mais de 76 milhões de habitantes com a necessidade de trabalhar mais para garantir o sustento. Dentre as atividades mais realizadas, os serviços gerais (faxinas, manutenção, marido de aluguel) lideram o ranking, com 13%; seguidos pela venda de comida caseira, com 8% e roupas e outros artigos usados, com 6%.

Já em relação às regiões brasileiras, o Sudeste apresentou o maior índice de procura pela complementação da renda, com 49% dos habitantes em algum tipo de atividade adicional, enquanto o Sul do país foi o estado com menos necessidade de complementar a renda, 63% da população não precisou fazer atividades extras. Além disso, a pesquisa também aponta para maior necessidade das atividades extras entre as famílias com renda de até um salário mínimo e entre os evangélicos.

Preconceito


Além da crescente vulnerabilidade alimentar e econômica, para mais de 125 milhões de brasileiros (cerca de 75%), a diferença no tratamento entre pessoas negras e brancas é expressiva, principalmente em estabelecimentos comerciais, ambientes escolares e no trabalho.


No Nordeste os locais onde mais se sofre/vê situações de racismo são em hospitais e postos de saúde, já no Norte e Centro Oeste, o preconceito é mais percebido na rua e espaços públicos de convivência. No Sudeste, os shoppings e estabelecimentos comerciais lideram os locais com mais situações de diferença no tratamento étnico. Já o Sul do país observa um tratamento mais desigual em situações de trabalho, como em processos seletivos.

As situações de preconceito ainda acontecem em relação à orientação sexual e ao gênero. De forma que, três em cada cinco brasileiros já sofreram ou viram alguém sofrer preconceito devido à sua orientação sexual ou identidade de gênero. Dentro desse espectro, 47% das mulheres declararam já ter sofrido assédio, principalmente na rua ou nos transportes públicos.

De forma geral, a situação de vulnerabilidade das minorias sociais é maior nos espaços públicos, onde estão mais expostos a agressões verbais e físicas. Além disso, situações em que existe uma hierarquia, como situações de trabalho, também permitem um abuso de autoridade sobre essas pessoas. A análise mostra, ainda, que a região Sul percebe menos as situações de preconceito quanto a raça/cor, orientação sexual ou identidade de gênero.

Acesso a serviços digitais


O resultado da pesquisa mostra que praticamente metade da população brasileira não precisou utilizar algum serviço digital nos últimos 12 meses. E dos que precisaram, mais de ⅓ conseguiu realizar algum serviço pela internet.

Além disso, a necessidade de utilização de serviço público pela internet é maior entre a população mais instruída ou que reside nas capitais. Para a população mais vulnerável -- que precisou utilizar os serviços de benefícios sociais - a maioria se declarou preta ou parda e evangélica.

Metodologia


A pesquisa foi realizada em todo o território nacional, com população brasileira de idade maior ou igual a 16 anos, moradoras da área em estudo. As entrevistas aconteceram entre os dias 1 e 5 de abril de 2022. Sendo, ao todo, realizadas 2.000 entrevistas em 128 municípios. A margem de erros é de (dois) pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra. Resultando em um nível de confiança baseado em 95%.


Por se tratar de uma amostra proporcional ao universo estudado, não houve necessidade de ponderar os resultados. As perguntas cujas somas das porcentagens não totalizam 100% são decorrentes de arredondamentos ou de múltiplas escolhas. Por fim, foram os dados projetados para a população, têm como fonte o Ipec com base em dados oficiais do IBGE. Para a análise, também foram refletidas a região do país, idade, gênero, escolaridade e religião dos entrevistados.

Sobre o Instituto Cidades Sustentáveis


Com duas principais iniciativas, o Programa Cidades Sustentáveis e a Rede Nossa São Paulo, o Instituto Cidades Sustentáveis visa melhorar a qualidade de vida das pessoas a partir do combate às desigualdades, da promoção dos direitos humanos, da participação social, da transparência e da defesa do meio ambiente. Desde 2007 investindo esforços para melhorar a qualidade de vida das pessoas, a organização alinha suas ações às agendas globais de desenvolvimento sustentável, como os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), anunciados pela ONU em 2015.

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