Angela Ro Ro, a voz rouca e irreverente da MPB, morre aos 75 anos no Rio de Janeiro
- Pimenta Rosa
- há 47 minutos
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Cantora e compositora foi uma das primeiras artistas brasileiras a assumir publicamente sua homossexualidade. Dona de sucessos como Amor, Meu Grande Amor, Simples Carinho e Escândalo, deixa um legado de ousadia, autenticidade e resistência.

A música popular brasileira perdeu, nesta segunda-feira (8), uma de suas figuras mais originais e marcantes. Morreu no Rio de Janeiro, aos 75 anos, a cantora e compositora Angela Ro Ro, ícone da MPB e uma das primeiras artistas brasileiras a assumir publicamente ser lésbica. A causa da morte não foi divulgada, mas Ro Ro enfrentava complicações de saúde desde junho, quando foi diagnosticada com uma grave infecção pulmonar e precisou passar por uma traqueostomia.
Com sua voz rouca inconfundível e sua irreverência, Angela Ro Ro construiu uma trajetória única na música. Misturando blues, samba-canção, bolero e rock, conquistou espaço com canções intensas e confessionais. O primeiro grande sucesso veio em 1980, com Amor, Meu Grande Amor, seguida de clássicos como Simples Carinho e Escândalo, este último composto especialmente para ela por Caetano Veloso.
Nascida Angela Maria Diniz Gonsalves, no Rio de Janeiro, em 1949, Ro Ro começou no piano ainda criança. Teve uma vida artística marcada tanto pelo reconhecimento quanto por turbulências pessoais e enfrentamentos públicos. Gravada por nomes como Maria Bethânia e Marina Lima, tornou-se símbolo de autenticidade e liberdade na MPB.
Sua postura sempre contestadora fez dela não apenas uma artista brilhante, mas também uma figura política e cultural de resistência. Em entrevistas, relatou episódios de violência homofóbica, revelando que chegou a perder a visão de um olho após agressões nos anos 1970 e 1980. Ainda assim, nunca deixou de afirmar sua identidade e sua paixão pela música.
Nos últimos anos, mesmo enfrentando dificuldades financeiras e de saúde, Ro Ro manteve a conexão com seu público fiel, chegando a recorrer ao apoio de fãs para custear tratamentos. Sua partida encerra uma era de ousadia e autenticidade, mas sua obra e seu espírito irreverente permanecem vivos na memória da cultura brasileira.