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  • Foto do escritorPimenta Rosa

Bolsonaro afirma que pautas LGBT são formas de ‘destruir a família’ e ‘dominar o povo’

Ele comemora que, com a chegada do ministro André Mendonça ao STF, ‘as pautas voltadas para ideologia de gênero caíram nas mãos do novo ministro'



Enquanto o mundo enfrenta mais uma onda no aumento de casos da variante Ômicron, e o governo brasileiro não tem uma política de saúde pública para combater a cepa considerada a mais infecciosa da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (PL) volta a provocar polêmicas em relação à homofobia. Em entrevista ao canal Jovem Pan News nesta 2ª feira (10/01), afirmou que as pautas LGBTs são uma forma de ‘destruir a família’ e ‘dominar o povo’. Ao criticar o ativismo relacionado à causa, garantiu que o tema é usado para “desgastar” o governo:


Tem LGBT que conversa comigo sem problema nenhum. Tem muita gente que a gente descobre que é [LGBT] depois e o cara tinha um comportamento completamente normal e não tem problema nenhum. Isso tudo são pautas para desgastar. Uma das maneiras de você dominar o povo é você destruir a família com essas pautas’, frisou.


Bolsonaro também comemorou que pautas, classificadas por ele, de ‘ideologia de gênero’ estejam nas mãos do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, indicado por ele por ser ‘terrivelmente evangélico’.


Demos uma sorte. As pautas voltadas para ideologia de gênero caíram com André Mendonça. É uma tranquilidade para a família tradicional. E não é só a família tradicional, não. O pessoal que vai morar aí dois homens e duas mulheres, a maioria deles não quer essa promiscuidade toda. Eles querem é trabalhar, cuidar da vida deles e ser feliz entre quatro paredes. Não fica com esse ativismo: Ah, todo mundo tem que aceitar isso daqui, botar na escola', afirmou.


O presidente declarou que seu antagonismo relacionado às pautas LGBT o promoveu enquanto ainda era deputado federal: ‘Aquilo lá me promoveu porque é uma coisa que não era normal para a gente. Começar a querer falar para criancinha se vai ser menino ou menina quando tiver 10, 12 anos não tem cabimento isso. Até um pai que acaba… Um pai não, um casal homo que adota uma criança quer a normalidade para aquela pessoa’.


O chefe do Executivo fez novas críticas à linguagem neutra, onde os pronomes contemplam pessoas de gênero não binário, no lugar de ele/ela: ‘Você vê: linguagem neutra. O nosso Português já é uma língua difícil, imagina como isso vai se manifestar aí fora perante o mundo’, indagou, condenando a decisão do ministro do STF Edson Fachin, que suspendeu, em novembro de 2021, uma lei de Rondônia que proibia a linguagem neutra na grade curricular e em materiais didáticos, em escolas públicas ou privadas, e em editais de concursos.


Tem uma lei lá que foi sancionada pelo governador proibindo a linguagem neutra. O que o ministro Fachin fez? Acho que foi o Fachin. Deu uma liminar contra essa lei que estava lá em Santa Catarina proibindo a linguagem neutra. Que país é esse? Que ministro é esse do Supremo Tribunal Federal? O que que ele tem na cabeça? Virou eu quero, eu não quero?’, questionou e, em seguida, voltou a tecer comentários de cunho homofóbico afirmando que, hoje, está ‘um vale tudo terrível’.


Entidades questionam ministro


A Associação Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), a Associação Brasileira de Mulheres Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABMLBTI), a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) e o Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero (GADvS) enviaram um documento ao ministro André Mendonça questionando declaração do deputado Sóstenes Cavalcante (DEM/RJ) de que o ministro teria mentido na sabatina no Senado. Segundo documento obtido pela Revista Fórum, as entidades pedem o esclarecimento das denúncias do deputado fluminense, uma vez que, durante sua sabatina, o novo ministro se comprometeu a defender o direito constitucional do casamento civil de pessoas do mesmo sexo.


De acordo com a Fórum, Sóstenes Cavalcante disse que o ministro foi treinado para responder as questões de forma a garantir a sua nomeação, sem se comprometer na verdade com os direitos da comunidade LGBTQIA+.


O advogado Paulo Iotti, autor do documento e integrante do GADvS, disse à Revista Fórum que o intuito do ofício é fazer com que Mendonça reforce a defesa do direito ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.


'Ele deu a entender que é favorável ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo como um direito, mas o Deputado disse que foi um jogo de palavras, o que, se verdadeiro, é gravíssimo. Queremos que o Ministro se posicione', afirmou.

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