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Brasil lidera ranking mundial de mortes violentas de LGBT+ em 2024

Foto do escritor: Pimenta RosaPimenta Rosa

Aumento de 8,83% evidencia urgência de políticas públicas para enfrentar homotransfobia estrutural. São mais de 20 milhões de brasileiros LGBT+ vivendo sob risco constante.

Espera-se esses números alarmantes sirvam de alerta para uma mudança urgente e estruturada.


O Brasil manteve em 2024 o título de país mais perigoso para pessoas LGBT+, registrando 291 mortes violentas, segundo dados do Observatório do Grupo Gay da Bahia (GGB). Com um aumento de 8,83% em relação ao ano anterior, o dado reforça a posição líder do país nesse ranking mundial, um cenário agravado pela ausência de estatísticas governamentais oficiais e a omissão institucional diante de uma epidemia de crimes de ódio.


As 291 mortes incluem 273 homicídios e 18 suicídios, em um ritmo alarmante de uma vida LGBT+ ceifada a cada 30 horas. Além disso, outros 32 casos ainda estão sob investigação, podendo elevar o número total para 323. De acordo com o fundador do GGB, Luiz Mott, 'essas mortes representam apenas a ponta de um iceberg de ódio e sangue', denunciando a subnotificação e a falta de monitoramento adequado.


Perfil das vítimas e disparidades regionais

O levantamento do GGB revela que homens gays continuam sendo o grupo mais vitimado, com 165 casos (56,7%), seguidos por 96 travestis e mulheres trans (32,99%). Lésbicas, bissexuais e homens trans também compõem o perfil das vítimas, enquanto seis heterossexuais foram incluídos na lista por terem sido mortos em situações relacionadas à homotransfobia. A faixa etária predominante das vítimas está entre 19 e 45 anos, representando 60,8% dos casos.


Regionalmente, as regiões Sudeste e Nordeste lideraram as estatísticas, com 99 mortes cada, seguidas pelo Centro-Oeste (44), Norte (34) e Sul (15). São Paulo é o estado com o maior número absoluto de mortes (53), enquanto a Bahia apresenta a maior taxa proporcional de crimes em relação à população. Salvador é a capital mais letal, com 14 assassinatos, superando São Paulo, que registrou 13 casos, apesar de ter uma população significativamente maior.

Crueldade e impunidade

Os casos registrados em 2024 destacam não apenas a quantidade, mas também a brutalidade dos crimes. Entre os métodos mais comuns estão o uso de armas brancas (22,36%) e armas de fogo (21,65%), além de espancamentos e asfixia. Crimes de extrema crueldade, como o assassinato de Admilson Julião Martins, degolado e com o coração substituído por uma pedra em Caruaru (PE), chocaram o país e expõem a violência motivada pelo ódio.


A impunidade também é um fator preocupante. Apenas 85 casos (29,96%) tiveram os autores identificados, refletindo a ausência de uma resposta eficiente por parte das autoridades. Além disso, muitos boletins de ocorrência omitem informações sobre a orientação sexual, identidade de gênero ou cor das vítimas, dificultando uma análise mais ampla e precisa.


Clamor por políticas públicas eficazes

Diante do cenário alarmante, o GGB e a Aliança Nacional LGBT reforçam a necessidade de implementar o 'Formulário Rogéria', uma ferramenta criada em 2022 pelo Conselho Nacional de Justiça para registrar crimes de homotransfobia. Essa medida visa preencher lacunas estatísticas e subsidiar políticas públicas voltadas à proteção da comunidade LGBT+.


Outras propostas incluem a inclusão de educação sexual e de gênero nas escolas, investigações rigorosas de crimes de ódio, campanhas massivas de conscientização e o fortalecimento de leis já existentes. 'É inaceitável que o Brasil continue liderando esse ranking. Essas vidas não são apenas números; são histórias interrompidas pelo preconceito e pela violência', declarou Marcelo Cerqueira, presidente do GGB.


Além das estatísticas: a luta por dignidade e segurança

O aumento das mortes violentas de pessoas LGBT+ reflete a persistência de uma cultura de ódio estrutural no Brasil. Apesar de avanços legais, como o reconhecimento da homofobia e transfobia como crimes equiparados ao racismo, a ausência de implementação efetiva dessas medidas perpetua a vulnerabilidade dessa população.


'Não podemos normalizar essas perdas. A sociedade precisa reagir de forma contundente para erradicar a LGBTfobia, garantindo que ninguém mais tenha sua vida abreviada pelo preconceito', concluiu Luiz Mott.

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@2022 By Jornal Pimenta Rosa

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