Chapa 2 se retira do processo eleitoral da ABI e denuncia golpismo
- Pimenta Rosa
- 25 de abr.
- 3 min de leitura
Sob o lema 'Sem Anistia para Golpistas', grupo retira candidatura, aponta manipulações, ilegalidades e cerceamento democrático por parte da Comissão Eleitoral e da atual gestão da entidade, orientando associados a não participar do processo eleitoral

Em manifesto contundente, a Chapa 2 – Sem Anistia para Golpistas anunciou sua retirada da disputa eleitoral da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) para o biênio 2025-2027, que acontece nesta sexta-feira. A orientação é de que os associados não participem do processo. A decisão foi tomada coletivamente pelos integrantes da chapa após uma série de denúncias envolvendo parcialidade da Comissão Eleitoral, uso da máquina institucional em favor da chapa da situação e falta de transparência durante todo o processo.
A chapa destaca que sua formação nasceu do compromisso com a democracia, com a luta antifascista e com a retomada do protagonismo histórico da ABI. Entre suas pautas estavam a valorização do jornalismo crítico, a democratização da comunicação, a rejeição às escolas cívico-militares e a defesa intransigente do Estado de Direito. No entanto, ao longo da campanha, os integrantes afirmam ter encontrado um 'campo minado' para o debate democrático, marcado por condutas autoritárias e práticas que violam tanto o estatuto da entidade quanto os princípios legais do processo eleitoral.
De acordo com o manifesto, a Comissão Eleitoral foi indicada de maneira controversa, antecipou o calendário das eleições para um período com cinco dias de feriado – o que, na visão da chapa, foi uma manobra deliberada para encurtar a campanha – e atuou com parcialidade desde o início. A Chapa 2 também relata obstáculos sucessivos ao acesso a informações básicas, como gravações de reuniões e listas atualizadas de associados adimplentes, além de ausência de atas e convocação intempestiva de reuniões.
Outro ponto central da denúncia é o uso dos canais oficiais da ABI para divulgar exclusivamente ações da chapa da situação, prática que fere o princípio da igualdade de condições entre os concorrentes. A Comissão Eleitoral, segundo o manifesto, 'manchou de maneira definitiva o processo eleitoral', e seus membros teriam atuado de forma tendenciosa e sem impessoalidade.
Apesar dos recursos apresentados ao Conselho Deliberativo, todos os pedidos da Chapa 2 foram ignorados ou rejeitados. As denúncias incluem ainda a ilegalidade cometida pela presidência do Conselho ao se posicionar contra os recursos da oposição antes mesmo de sua apreciação formal. Além disso, os autores do manifesto criticam a veiculação, por parte da chapa da situação, de peças publicitárias com informações sobre verbas parlamentares, o que seria vedado pela legislação eleitoral brasileira.
A situação financeira da ABI também é alvo de questionamentos. Segundo o texto, há ressalvas no relatório do Conselho Fiscal quanto ao uso de emendas parlamentares, em razão da falta de clareza nos balancetes apresentados.
Em meio a esse cenário, a Chapa 2 decidiu, como medida política e de coerência com seus princípios, retirar-se da disputa e tornar públicas as irregularidades do processo. Afirmam que a luta seguirá para além das urnas e reforçam seu compromisso com uma ABI fortalecida, democrática e combativa.
'Respeitamos a ABI. Nós somos a ABI e queremos vê-la uma vez mais conduzida pelos caminhos da relevância e da luta democrática em defesa do Estado de Direito', conclui o manifesto.
A eleição da ABI ocorre em meio a um contexto nacional de reconstrução democrática, no qual o papel das entidades de imprensa é decisivo para garantir a pluralidade de vozes e a fiscalização do poder. A retirada da Chapa 2 levanta um alerta sobre a necessidade de transparência, legalidade e equidade nos processos internos de instituições com tamanha relevância histórica.
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