Grupo Pela Vidda-RJ celebra 36 anos de luta pelos direitos das pessoas vivendo com HIV e Aids

Entidade pioneira no Brasil promoveu evento especial na última sexta-feira (23) para marcar trajetória histórica e debater políticas públicas de saúde

O Grupo Pela Vidda-RJ (GPV-RJ), primeira organização de pessoas vivendo com HIV e Aids do Brasil, completou 36 anos de existência e realizou na última sexta-feira (23) uma celebração especial em sua sede localizada na Avenida Rio Branco 135, sala 709, no centro do Rio de Janeiro. A data marca um momento histórico para o movimento social de luta contra o HIV e Aids no país, relembrando décadas de resistência, conquistas e desafios ainda presentes.

Fundado em 24 de maio de 1989 na garagem da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA), na Rua Lopes Quintas, no Jardim Botânico, o Pela Vidda-RJ nasceu pelas mãos de Herbert Daniel, sociólogo, escritor e militante dos direitos humanos que também lutou contra a ditadura militar. Ao longo dos anos de 1990, o grupo se consolidou como uma entidade fundamental na defesa das políticas públicas e dos direitos sociais das pessoas vivendo com HIV e Aids, criando a segunda Assessoria Jurídica especializada na temática do HIV no Brasil e inspirando o surgimento de várias redes e grupos pelo país.

O evento comemorativo contou com uma programação especial que incluiu momentos de reflexão política, homenagens e celebração cultural.

Um dos principais focos da celebração foi a divulgação de um Manifesto direcionado à prefeitura do Rio de Janeiro, questionando a extinção da Gerência de IST/Aids. Segundo o grupo, esta decisão não contribui com o fortalecimento da política municipal e promove apagamento, silenciamento e retrocesso das conquistas alcançadas ao longo do tempo. O município do Rio de Janeiro, desde a criação da Gerência de IST/Aids no final dos anos 1980, sempre investiu na manutenção desta área na Secretaria Municipal de Saúde.

Após quatro décadas de luta, o Grupo Pela Vidda-RJ destacou que viver com HIV é possível, especialmente com o tratamento universal e gratuito disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, a organização enfatizou a necessidade de intensificar as políticas de prevenção e cuidado em HIV e Aids para controlar a transmissão do vírus atualmente. O estigma do HIV permanece como o principal problema social a ser combatido, impedindo que muitas pessoas revelem sua sorologia publicamente e exerçam plenamente sua cidadania.

A entidade continua sua missão de combater a "morte civil" – caracterizada pelo isolamento –, o estigma e o preconceito que ainda afetam as pessoas vivendo com HIV e Aids. Esta luta histórica representa não apenas a defesa dos direitos individuais, mas também o fortalecimento de políticas públicas inclusivas e eficazes para toda a comunidade.