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Imprensa Que Eu Gamo se despede do carnaval de rua do Rio

  • Foto do escritor: Pimenta Rosa
    Pimenta Rosa
  • 13 de fev.
  • 4 min de leitura

Após 30 anos de história, o bloco se despede, deixando uma marca indelével na história do carnaval carioca. Marcado para este sábado (15), em Laranjeiras, com concentração às 13h, promete ser uma grande celebração de despedida para os foliões que acompanharam sua jornada ao longo dos anos.



O bloco Imprensa Que Eu Gamo, um dos mais tradicionais do carnaval de rua do Rio de Janeiro, anunciou que 2025 marcará seu último desfile. Criado em 1995 por um grupo de jornalistas, o bloco se tornou conhecido por seu humor ácido, suas camisetas ilustradas por grandes cartunistas e por retratar os principais acontecimentos do país em seus sambas irreverentes. O desfile de despedida acontecerá neste sábado (15), na Rua Gago Coutinho, Laranjeiras, com concentração às 13h e desfile das 15h às 19h.


'Completar 30 anos é fechar um ciclo com maturidade', afirmou Rita Fernandes, presidente do bloco e da Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro (Sebastiana). Para ela, o bloco cumpriu seu papel histórico, mas o formato de carnaval que ele representava mudou.


'A gente fecha com maturidade para um novo crescimento, para uma transformação, para o novo, para aquilo que vem à frente, que vem adiante, que a gente ainda não sabe, no caso da imprensa, o que é, o que vem, se vem, alguma coisa nova. De todo modo, é uma sensação, um sentimento de que a gente completou o ciclo de vida daquele modelo que agora já não faz mais tanto sentido, de um carnaval que foi se transformando, que foi mudando, e que hoje traz novos contornos, novas configurações.'


Desde sua fundação, o Imprensa Que Eu Gamo teve um papel crucial na retomada do carnaval de rua na cidade, entre a metade de 1980 e os anos 1990, preparando o cenário do carnaval para uma virada que ia acontecer mais adiante. Por ser um bloco de jornalistas, trouxe ao longo dessas três décadas uma leitura crítica e bem-humorada do que acontecia no país: 'Ao longo desse tempo todo, é quase que uma crônica das principais notícias, uma coletânea, não é nem uma crônica, é uma coletânea das principais notícias que o país teve, pelas quais o país passou, de fatos importantes, porque tudo isso estava lá registrado nos nossos sambas, muitas vezes nas camisetas'


O bloco, que sempre atraiu foliões de diversas partes da cidade para as ruas de Laranjeiras, foi também um ponto de encontro da imprensa carioca. Mas o jornalismo mudou muito. Antes, os jornalistas se reuniam nos bares depois do expediente. Hoje, essa dinâmica desapareceu, e o bloco perdeu parte desse público cativo: 'A profissão da gente mudou muito. Então, os amigos jornalistas foram ficando pelo caminho, foram se aposentando, e também não foi chegando uma nova geração que quisesse assumir o bloco', lamentou.


O crescente peso da burocracia e a necessidade de financiamento foram fatores determinantes para o encerramento do bloco. Rita destacou também 'o sentimento do fim de um ciclo entre as pessoas que compõem a diretoria':


'A gente já não tem mais o mesmo fôlego para colocar o bloco na rua com as exigências que hoje tem, com a burocracia, com a necessidade de financiamentos mais volumosos, tem que ter mais patrocínio, mais dinheiro. E também é isso, a sensação de que esse modelo de carnaval de rua com carro de som, que produz e gera muito gás carbônico e que demanda um esforço de organização para desfilar'.


Apesar do fim do Imprensa Que Eu Gamo, Rita Fernandes vê com naturalidade as mudanças no carnaval de rua. 'O carnaval é orgânico', garantiu. 'Não é uma festa engessada. Desde que o carnaval existe, ele já foi mudando muito e se adaptando a novos momentos. Eu acho que é muito natural esse fim de ciclo, essa mudança e aí novos formatos. Pode ser que uma imprensa, por exemplo, ressurja daqui a algum tempo com um formato novo, quem sabe, pode ser que ele venha num novo formato. O carnaval é isso, é mudança, mudança constante'.


Ao longo de 30 anos, o bloco Imprensa Que Eu Gamo construiu uma trajetória repleta de momentos marcantes. Rita destaca, entre eles, o primeiro desfile no Mercadinho de São José, a emocionante celebração do casamento de sua porta-bandeira Aline durante o desfile. Nem mesmo chuvas torrenciais impediram o bloco de seguir sua festa, com a energia vibrante das baterias que passaram por escolas como Mangueira, Tuiuti e São Clemente. As camisetas icônicas e o espírito irreverente sempre foram sua marca registrada, com sátiras e ironias que conquistaram foliões.


'O que mais marca, eu acho, que é o desfile da imprensa. É a brincadeira, é a sátira, a ironia, é o grupo de mulheres fantasiadas que voltam esse ano para poder fazer a última brincadeira. É quando a gente chega no Largo do Machado, em frente à igreja, e que o pessoal está todo nas escadas ali, e que aplaude o bloco, e aí a bateria, a porta-bandeira fazem uma exibição com muita emoção para todo mundo. Para mim, é a culminância daquilo que a gente faz. Eu encerro esse ciclo muito realizada. É claro que tem uma ponta de nostalgia, mas, ao mesmo tempo, a certeza de que a gente fez um movimento lindo, um carnaval lindo, nesses 30 anos, e que a gente deixa uma marca bastante importante para essa cidade', finaliza.

 


O Bloco Imprensa Que Eu Gamo

Criado em 1995, o bloco nasceu da reunião de jornalistas cariocas após a cobertura da Caminhada pela Paz. Com sambas satíricos e camisetas ilustradas por artistas como Chico Caruso, Aroeira e Ziraldo, tornou-se um dos blocos mais queridos da Zona Sul. Seu desfile, que sempre terminava no Largo do Machado, era um ponto alto do carnaval para muitos foliões.






SERVIÇO:

Bloco Imprensa Que Eu Gamo

Dia: 15/02 (sábado)

Local: Rua Gago Coutinho, Laranjeiras

Concentração: 13h

Desfile: das 15h às 19h.







 
 
 

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