Jordhan Faria: a realidade sem filtros de um homem que transforma vidas
- Pimenta Rosa
- 21 de mar.
- 5 min de leitura

Com uma trajetória marcada por desafios, dor e resistência, Jordhan Faria encontrou no compartilhamento de sua história uma forma de inspirar e transformar vidas. Ativista transgênero, escritor e palestrante, ele utiliza as redes sociais para levar mensagens de superação e autoconhecimento, impactando milhares de pessoas. Seu canal no YouTube, “Vida Real Sem Filtros”, tornou-se um espaço de acolhimento e reflexão, onde ele compartilha aprendizados sobre resiliência, identidade e bem-estar emocional.
Em entrevista exclusiva ao Pimenta Rosa, Jordhan fala sobre as motivações que o levaram a expor sua vivência, os desafios que enfrentou ao longo do caminho e as estratégias que utiliza para fortalecer não apenas a si mesmo, mas também a comunidade LGBTQIA+ e outras minorias sociais. Entre memórias difíceis e conquistas que reafirmam seu propósito, ele nos lembra que a dor não define ninguém e que sempre há um caminho para reescrever a própria história.
Jordhan, você tem impactado muitas pessoas com seus vídeos. O que te motivou a compartilhar sua história publicamente?
Minha história é feita de muitas dores, mas também de superação. Durante muito tempo, guardei muitos detalhes para mim, achando que ninguém se importaria. Mas percebi que minha vivência poderia servir de espelho para quem passa por desafios parecidos. Se alguém conhece minha trajetória e encontra força para continuar, já valeu a pena. Quero que as pessoas saibam que não importa de onde vieram ou o que enfrentaram, sempre há um caminho para reescrever a própria história.
Decidi por um formato simples e sem muitas edições, como se fosse mesmo um bate-papo sincero. Optei também por usar meu segundo sobrenome de família para ser ainda mais transparente e verdadeiro, pois desejo deixar para o meu neto esse legado, para que no futuro ele conheça o avô pelas próprias ideias e não pelo que possa ouvir sobre mim.
Muitas pessoas podem se identificar com sua trajetória, mas cada uma tem sua própria luta. Que mensagem você gostaria que seu público absorvesse ao assistir seus vídeos?
Que a dor não define ninguém. Cada um tem sua batalha, mas também tem dentro de si uma força que muitas vezes nem imagina. Quero que as pessoas percebam que são protagonistas da própria vida e que podem transformar sua realidade, mesmo quando tudo parece difícil. O primeiro passo é acreditar que isso é possível, mas sem querer fazer disso uma regra; é uma possibilidade para a pessoa acessar.
Você mencionou que os próximos conteúdos trarão técnicas de autoconhecimento. Quais são as principais estratégias que você pretende abordar?
Quero trazer ferramentas simples, mas poderosas, que me ajudaram ao longo da vida, como a ressignificação das dores, o poder da mentalidade positiva e a importância da autorresponsabilidade. Também vou falar sobre técnicas embasadas em estudos da Psicologia Positiva, como o fortalecimento de emoções positivas, a construção de resiliência e o desenvolvimento da gratidão. Tudo isso de uma forma prática, acessível e aplicável no dia a dia.
Seu objetivo é alcançar o maior número de pessoas, independentemente de sua condição. Como essas técnicas podem ser adaptadas para diferentes realidades?
Cada pessoa tem uma vivência única, então não existe uma fórmula mágica. O que funciona para um pode não funcionar para outro. Mas o autoconhecimento é universal, pois ensina a olhar para dentro e encontrar as próprias respostas. Sou graduado em Serviço Social e pós-graduando em Psicologia Positiva e tenho estudado formas de adaptar essas técnicas para diferentes contextos, respeitando as realidades e os desafios de cada pessoa. Pequenas mudanças na forma de pensar e agir já fazem uma grande diferença.
Superação é um tema central no seu trabalho. Quais foram os maiores desafios que você enfrentou e o que te ajudou a seguir em frente?
Foram muitos desafios: viver em situação de rua, ser internado à força em manicômios, sofrer violência e discriminação... Mas o maior de todos foi não deixar que isso me destruísse por dentro. O que me ajudou foi não desistir de mim mesmo. Eu me agarrei à certeza de que minha história não terminaria ali. E, claro, pessoas que acreditaram em mim fizeram toda a diferença. Às vezes, um apoio, uma palavra de incentivo, pode mudar tudo.
O impacto do seu conteúdo é evidente. Você tem recebido feedback de pessoas que transformaram suas vidas após acompanharem seus vídeos? Alguma história te marcou?
Sim, e isso me emociona muito. Não só os vídeos, mas também minha trajetória ao longo dos últimos dez anos. Já recebi mensagens de pessoas que estavam à beira do desespero e, depois de assistirem meus vídeos, decidiram seguir em frente. Uma das histórias que mais me marcou foi a de um rapaz que disse que, ao ouvir minha trajetória, decidiu não desistir da vida. Ele percebeu que ainda tinha forças para lutar e, todos os anos, quando faz aniversário, diz que a culpa é minha. Essa é uma deliciosa culpa de se ter. (rs) Isso me dá a certeza de que estou no caminho certo.
Muitas histórias também chegam de familiares, pais, mães e responsáveis, tanto sobre suas próprias vivências quanto sobre a de seus filhos. Ao se depararem com uma realidade diferente da idealizada ou dos padrões sociais com os quais foram acostumados, muitos se sentem perdidos, sem saber como agir. Afinal, não há uma escola que ensine a ser mãe ou pai—tudo se aprende na prática. Para essas pessoas, uma história real e sem filtros pode servir como um ponto de referência, um fio condutor que as ajuda a entender melhor sua jornada. Muitas acabam se tornando meus mentorados, enquanto outras são encaminhadas para profissionais da psicologia de minha confiança, garantindo um acompanhamento mais profundo e adequado.
Acredita que o autoconhecimento pode ser um caminho para fortalecer a comunidade LGBTQIA+ e outras minorias sociais? De que forma?
Com certeza! O autoconhecimento nos dá clareza sobre quem somos, o que queremos e como podemos enfrentar as dificuldades sem perder nossa essência. Para a comunidade LGBTQIA+ e outras populações minorizadas, isso é ainda mais importante, pois muitas vezes crescemos ouvindo que não somos suficientes ou que não temos espaço no mundo. Quando nos conhecemos de verdade, entendemos nosso valor e paramos de aceitar menos do que merecemos. Além disso, os estudos em Psicologia Positiva mostram que fortalecer a identidade e a autoestima ajuda na construção de uma vida mais equilibrada e significativa.
Quais são seus planos futuros? Podemos esperar novos formatos de conteúdo ou projetos além do YouTube?
O YouTube é só o começo. Quero expandir meu trabalho com mentorias, cursos e palestras, levando essa mensagem para cada vez mais pessoas. Não devemos pensar em saúde mental e bem-estar somente no setembro amarelo; é necessário estarmos atentos sempre, principalmente após os anos de pandemia, que potencializaram nossas dores, trazendo uma insegurança que não podemos deixar instalada no nosso subconsciente. Também tenho planos para novos formatos de conteúdo, incluindo vídeos mais aprofundados sobre temas como resiliência, empoderamento e estratégias práticas para mudar de vida. Além disso, quero fortalecer meu canal como um espaço de acolhimento e transformação e, quem sabe, futuramente trazer convidadas e convidados para contribuir nessa construção constante.
Por fim, como as pessoas podem apoiar seu trabalho e ajudar a ampliar sua mensagem?
A melhor forma de apoiar é se inscrevendo no canal www.youtube.com/@jordhanfariavidarealsemfiltros, compartilhando os vídeos, comentando, deixando dúvidas que poderão ser respondidas e levando essa mensagem adiante. Se o conteúdo impactou você de alguma forma, passe para alguém que possa precisar ouvi-lo. Além disso, quem quiser contribuir mais pode apoiar participando das mentorias, palestras e dos cursos muito em breve. Convites são sempre bem-vindos. Cada interação ajuda essa mensagem a alcançar mais pessoas que precisam dela.
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