top of page

Mostra 'Cinema de Resistência', no CCBB Rio, mergulha na obra de Lucia Murat e convida o público à reflexão sobre o Brasil invisível

  • Foto do escritor: Pimenta Rosa
    Pimenta Rosa
  • há 6 horas
  • 3 min de leitura

Entrada gratuita até 23 de junho. Veja a programação completa no fim da reportagem



Em tempos de urgências sociais, apagamentos históricos e ataques à democracia, o cinema se revela uma ferramenta poderosa de memória, denúncia e resistência. É com esse espírito que o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB RJ) recebe, a partir dessa quarta-feira (28), às 18h30, a mostra gratuita 'Cinema de Resistência: um olhar sobre o Brasil invisível', dedicada à obra da cineasta Lucia Murat, uma das vozes mais contundentes e sensíveis do audiovisual latino-americano.


Serão exibidos 34 filmes de uma carreira que soma mais de seis dezenas de títulos — a maior entre cineastas da América Latina — em sessões que seguem até o dia 23 de junho, com curadoria de Denise Lopes, doutora em Artes Visuais (EBA/UFRJ), pesquisadora, professora de formação audiovisual na Comunicação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e coordenadora da plataforma Transcinema.Art.


A mostra se organiza em quatro eixos temáticos, que dialogam com feridas abertas da história brasileira e com o presente: Ditadura e Memória, Povos Originários, Questões Femininas e Desigualdades. A programação também contará com quatro debates com especialistas, artistas e militantes, aprofundando a reflexão em torno das temáticas retratadas por Murat, cujo cinema combina arte, política e memória com rara potência.


Uma cineasta da resistência

Ex-presa política, jornalista de formação e cineasta premiada, Lucia Murat se consolidou como uma das mais importantes cronistas do Brasil contemporâneo. Seu primeiro longa, Que bom te ver viva (1989), já deixava claro seu compromisso em dar voz às mulheres sobreviventes da tortura na ditadura militar — tema que atravessa parte significativa de sua obra. Aos 76 anos, Murat mantém ativa sua inquietação criativa e política: seu mais recente filme, Hora do Recreio (2025), recebeu Menção Especial do Júri Jovem na mostra Generation 14Plus da Berlinale (Festival de Berlim).


'“Filmar como forma de resistir. Essa parece ter sido a máxima que norteou o trabalho ininterrupto da cineasta Lucia Murat por 41 anos. Pela primeira vez, 34 produções poderão ser vistas em conjunto numa mostra no CCBB do Rio de Janeiro e São Paulo. A mostra abre a possibilidade de discussão sobre temas caros e urgentes do Brasil, como a ditadura militar de 1964, as violências contra os Povos Originários, as desigualdades sociais e questões do feminino', comenta a curadora da mostra, Denise Lopes.

Quatro semanas, quatro temas: ditadura, povos originários, feminismo e desigualdade

Organizada em módulos temáticos semanais, a mostra busca reunir obras de diferentes momentos da trajetória da cineasta e instigar o público a refletir sobre o Brasil profundo, silenciado e invisibilizado.


Destaques da programação:

  • Ditadura e Memória (28/05): com abertura e debate especial com Lucia Murat, Jesse Jane, Dulce Pandolfi e mediação de Ancelmo Gois. Exibição de A memória que me contam e Que bom te ver viva.

  • Povos Originários (08/06): filmes como A nação que não esperou por Deus e episódios da série Vestígios do Brasil abordam a luta indígena. O debate terá a presença de Dilmar Puri, Orlando Calheiros e da diretora.

  • Questões Femininas (15/06): obras que dão protagonismo às experiências femininas, como maternidade, envelhecimento e relações afetivas, com sessões especiais e troca de ideias com convidadas.

  • Desigualdades (21/06): retratos das margens e da luta por dignidade, focando em trajetórias humanas e tocantes.


Estilo e legado

O cinema de Lucia Murat é marcado pela quebra de fronteiras entre o documental e o ficcional, pela centralidade da memória e pela construção de narrativas que costuram o individual ao coletivo. Seus filmes — que frequentemente misturam linguagens como teatro, artes visuais e dança — propõem uma nova gramática audiovisual voltada para a escuta, o sensível e o político. Além de dirigir, Murat também escreveu e produziu muitos de seus longas, demonstrando domínio e autonomia raros no cinema latino-americano, especialmente como mulher em um ambiente historicamente masculino.


Serviço

Mostra Cinema de Resistência: um olhar sobre o Brasil invisível

  • De 28 de maio a 23 de junho

  • Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB Rio) – Rua Primeiro de Março, 66 – Centro, RJ

  • Entrada gratuita (sujeita à lotação)

  • Sessões com acessibilidade indicadas na programação

  • Debates com especialistas e convidados a cada semana temática

  • Após o Rio, a mostra segue para o CCBB São Paulo, entre 4 e 29 de julho

 
 
 

Comments


White on Transparent.png

Inscreva-se no site para receber as notícias tão logo sejam publicadas e enviar sugestões de pauta

  • Facebook
  • Instagram
  • Twitter
  • YouTube

Obrigado por inscrever-se!

@2022 By Jornal Pimenta Rosa

bottom of page