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  • Foto do escritorPimenta Rosa

Primeira vereadora trans de Niterói, Benny Briolly sofre nova ameaça de morte

Em mensagem nas redes, pessoa afirma que vai matar a vereadora, chamando-a de aberração. Ela já tinha sofrido preconceito religioso de vereador



A vereadora Benny Briolly, primeira travesti eleita no estado do Rio de Janeiro, recebeu uma nova ameaça de morte neste domingo (19/12). A mensagem chegou pelo email institucional da Mandata de Favela e tem como título "Já estou contando as balas". Às 15h desta segunda feira (20/12) a vereadora fez um registro de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, no Centro do Rio.


Benny é a mulher mais votada do município de Niterói. Essa não é a primeira vez que a integridade física da vereadora é agredida. Quando ainda era assessora parlamentar de Taliria Petrone, Benny já recebia ataques. Com o processo eleitoral, as ameaças surgiram na campanha e permaneceram ao longo do exercício do mandato.


Um dos casos mais emblemáticos foi a ameaça de morte que recebida através de um e-mail enviado por um grupo autoproclamado de extrema direita, conhecido pela atuação da Deep Web. No conteúdo exigiam que a vereadora renunciasse ao cargo para o qual foi eleita, caso contrário, iriam até sua casa matá-la. O email mencionava seu antigo endereço no Morro da Penha. Por esse motivo, Benny foi obrigada a mudar de residência.


'Sou uma mulher travesti, preta, favelada, parlamentar eleita e não darei nenhum passo atrás. Não dá pra recuar e é mais do que necessário que providências sejam tomadas. Essa violência é crime e nem deveria existir! Mas mais uma vez a gente reafirma que não seremos interrompidas', conta Benny Briolly


Com o acúmulo de ameaças e a omissão do Estado, Benny Briolly precisou ser retirada do país pelo PSOL, seu partido, em maio deste ano. No exílio, a vereadora foi incluída no Programa de Proteção de Defensores e Defensoras dos Direitos Humanos. A partir da garantia de segurança e da atuação de órgãos públicos acionados pelo Programa, Benny retornou ao Brasil.


O cenário de violência política não se resume às ameaças. Dentro do plenário, a vereadora já foi desrespeitada inúmeras vezes. Inclusive, na última semana, Benny foi vítima de racismo religioso por parte do vereador bolsonarista da casa.


Em celebração ao Dia Internacional dos Direitos Humanos, a vereadora realizou o Festival das Encruzilhadas no Quilombo Urbano Xica Manicongo, do qual é fundadora. O evento contou com a participação de defensoras de direitos humanos em diferentes instâncias. Entre eles, Mc Carol de Niterói, Lia de Itamaracá e Rodrigo França. Com isso, a escola NAEI Angela Fernandes, que é referência na aplicação da lei 10.639 na cidade de Niterói levou seus alunos e alunas para conhecerem a cirandeira Lia, figura já trabalhada em sala de aula.


Apesar do marco da presença das crianças, a página da escola foi atacada com comentários transfóbicos e racistas religiosos. Mas além disso, nas redes sociais do vereador bolsonarista da casa debocharam do fato de Benny estar de mãos dadas com as crianças pelo fato de ser uma travesti preta macumbeira.


Violência política avança no Brasil


O histórico de ameaças e, sobretudo esses ataques, são fruto do racismo e da transfobia brasileira. Os dados relacionados à violência política de gênero e raça apresentados em 2020 no relatório do Instituto Marielle Franco mostra como legislar pode ser um risco. O documento mostra que durante as eleições municipais de 2020 no Brasil, 98,5%, ou seja, quase 100% das candidatas relataram ter sofrido pelo menos um tipo de violência política.


'É inadmissível qualquer tipo de violência, é inadmissível que essas mulheres se coloquem à disposição pra legislar, pra estar nesse lugar que é tão tóxico pra elas e passem por ameaças antes, durante e depois das eleições. Assim, elas são impossibilitadas de ocupar e exercer seu cargo', relata Anielle Franco, diretora executiva do Instituto Marielle Franco.

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