“Ser LGBT+ não é só em junho: nossa existência é resistência todos os dias”

Campanha da Rádio Pimenta Rosa reforça que a luta por dignidade, respeito e direitos da população LGBT+ deve ser permanente, com visibilidade e ação durante todo o ano.

Ilustração de Mônica Costa

A Rádio Pimenta Rosa lançou uma campanha para lembrar que a identidade LGBT+ não se limita ao mês de junho. Diante do avanço de discursos de ódio e retrocessos políticos, o movimento reforça que a luta é contínua e precisa do engajamento de todos os setores da sociedade.

Com o fim do Mês do Orgulho, a campanha “Não somos LGBT+ só em junho” propõe uma reflexão: por que a visibilidade e o apoio parecem ter prazo de validade? A iniciativa convoca lideranças e personalidades a se posicionarem pela permanência das ações e da presença LGBT+ na mídia, nas redes, nos espaços de decisão e nas ruas.

"A gente não tem um dia de folga da nossa identidade de gênero, da nossa orientação sexual, a gente tem que conviver com isso o ano inteiro, portanto precisamos ter orgulho todos os dias e oportunidades também de trabalho, oportunidades de estudar e de conviver em sociedade, direito e acesso às nossas religiões, às nossas crenças e a tudo que qualquer outro ser humano tem o ano inteiro. Nós somos inteiros e você? Pensou nisso?", questiona Leonora Áquilla, coordenadora municipal da Diversidade da Prefeitura de São Paulo.

O influenciador Artur Vieira também alerta para a superficialidade de marcas e instituições que usam a pauta LGBT+ como estratégia publicitária passageira.

"É muito importante a gente ter um mês voltado pra gente celebrar as nossas conquistas, pra gente refletir, mas também a nossa luta por saúde, educação, respeito, emprego digno e tantas outras demandas, é uma luta diária, e não apenas um único mês. Precisamos lembrar e ressaltar isso, e principalmente ficar atento a aquelas pessoas, marcas, empresas, que utilizam apenas no nosso mês, pra poder ganhar em destaque e visibilidade na internet ou em mídias sociais. Então, se liga só, quem utiliza das nossas cores, só no único mês e quer colocá-las dentro de uma caixinha o resto do ano. Luta e representatividade são os 366 dias que o ano tem".

A drag Tiffany, uma das apresentadoras oficiais da 29ª Parada do Orgulho LGBT+.  lembra que eventos como este não são apenas celebrações.

"Pra muita gente, é festa? Sim. Mas é o Manifesto, é o momento de reflexão, é o momento de mostrar o movimento e a nossa força mediante a sociedade, mediante a política. Então, é importante a gente fazer esse Manifesto pra mostrar tudo aquilo que a gente tem de demanda, pra gente solicitar, pra que seja implementado e implantado mais políticas públicas pra nossa população."

Já Clóvis Casimiro, da Associação Internacional de Turismo LGBT, destaca a importância da mobilização global, citando o caso da Parada de Budapeste, quase impedida pelo governo local, e as tentativas de censura a eventos no Brasil.

“A Parada de São Paulo foi um sucesso grande. Eu acho que vale a pena nós trazermos dois problemas super sérios que nós temos, que foi a quase não realização da Parada de Budapeste. Agora, aqui no Brasil, nós temos um problema sério no Amazonas, onde estão querendo impedir de que crianças participem das paradas, o que é algo inacreditável. Por isso, a gente não pode esquecer, acabou junho, mas nós continuamos existindo, nós continuamos trabalhando, a gente continua vivendo a nossa vida em sociedade, com nossos amigos, família, emprego. É muito importante também lembrar que temos mais de 300 paradas no Brasil, isso é ao longo do ano. Então existem várias possibilidades para que você possa continuar lutando pelos nossos direitos, lutando por políticas públicas. Ajude as organizações LGBTs em sua cidade, do seu estado, para que isso possa cada vez mais se fortalecer e para que nós nos..”

A campanha da Rádio Pimenta Rosa está nas redes e no ar, com depoimentos de vozes marcantes do movimento. A emissora convida mais pessoas da comunidade a enviarem vídeos e se engajarem, porque o melhor futuro que queremos precisa ser construído com participação permanente.

Siga a campanha e envie seu vídeo: @radiopimentarosa