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  • Foto do escritorPimenta Rosa

Eloína, a primeira rainha de bateria travesti, fala de seu amor pela Beija-Flor

Convidada por Joãozinho Trinta para sair à frente da bateria da Beija-Flor, em 1976, a então estrela da Noite dos Leopardos, mantém até hoje o amor incondicional à 'Deusa da Passarela'



O sorriso encantador, além do corpo escultural e o sucesso em um baile de Carnaval em 1975, levaram o visionário carnavalesco Joãozinho Trinta a escolher a estrela internacional Eloína para desfilar à frente da bateria da Beija-Flor de Nilópolis, no enredo 'Sonhar com Rei dá Leão'. A beleza enigmática da travesti internacional representava bem o enredo da escola e assim surgiu o personagem da primeira rainha de bateria, que apresentou os ritmistas da escola ao público e aos jurados até 1978.


A estrela mantém até hoje um carinho especial pela azul e branco e está ansiosa para o desfile da 'Deusa da Passarela', na manhã da próxima segunda-feira (20/02), com o enredo Brava Gente! O Grito Dos Excluídos No Bicentenário da Independência.


Pimenta Rosa - Quando você se descobriu travesti?


Eloína - A primeira vez que me vesti de mulher foi em 1960. Eu sabia que queria ser travesti e minha madrinha sempre me apoiou.


Pimenta Rosa - Como você, que foi uma desbravadora de caminhos, vê o sucesso de artistas como Pabllo Vittar e Glória Groove?


Eloína - Sou apaixonada pelas duas. São artistas muito talentosas, que arrastam multidões. A Pabllo tem um visual espetacular. Fico muito feliz em ver o espaço que essas drags estão conquistando, desbravando caminho para outras artistas.


Pimenta Rosa - Você acredita que a popularização de personagens LGBTQIA+ em novelas e filmes ajudaram a transformar a sociedade?


Eloína - Acredito que foi uma ferramenta importante para a transformação da sociedade. Fico muito feliz em ver as pessoas andando de mãos dadas, podendo viver suas realidades sem medo. É uma alegria viver e ver isso.


Pimenta Rosa - O show 'Noite dos Leopardos' foi um marco na vida noturna carioca pela sensualidade. Você acredita que ainda há espaço para esse tipo de espetáculo?


Eloína - Lembro com muito carinho dos 12 anos de show no Teatro Alaska, em Copacabana, tendo na plateia estrelas como Liza Minelli, Caetano Veloso, Clodovil, a cantora Madonna e o Boni, acompanhado de Luiza Brunet. Mas hoje, com a internet, os garotos fazem seus shows em aplicativos, desde os gratuitos, até os pagos. É um novo momento.


Pimenta Rosa - Um país que tem a maior parada de Orgulho LGBT do mundo também é o que mais mata travestis e transexuais. Como entender esse paradoxo?


Eloína - Infelizmente ainda há muito preconceito. Ainda é muito forte o chamado 'machismo latino'.


Pimenta Rosa - Qual a importância de datas como o Dia da Visibilidade Trans para a comunidade?


Eloína - É fantástico, porque traz à tona a realidade. É preciso ter fóruns e debates para abrir a cabeça das pessoas que ainda têm preconceito.


Pimenta Rosa - Qual a tua programação para o Carnaval?


Eloína - Participei do Baile da Vogue, no Copacabana Palace, no último sábado (11/02), um dos mais esperados no Carnaval, e estou com tudo pronto para o desfile na Beija-Flor, na madrugada da próxima segunda-feira. Samba na ponta da língua, para ajudar a 'Deusa da Passarela' a contar a história da verdadeira independência do Brasil. Vai ser um grande espetáculo, que irá emocionar os brasileiros.


Pimenta Rosa - O que a estrela Eloína tem a dizer para jovens que estão começando um processo de transição de gênero?


Eloína - Eu acho que cada um tem que fazer o que tem vontade. O apoio da família é sempre essencial e vejo que hoje isso tem sido mais tranquilo, há mais discussão, mais aceitação. O importante é que a pessoa seja feliz com ela mesma.

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