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  • Foto do escritorPimenta Rosa

Em reunião com Geraldo Alckmin, Aliança Nacional LGBTI+ cobra compromisso com Voto com Orgulho

Atualizado: 27 de jun. de 2022

Em entrevista exclusiva para o site PIMENTA ROSA, William Callegaro fala sobre a necessidade de se votar em candidatos que tenham compromisso com a questão LGBTQIA+



A reunião da Aliança Nacional LGBTI+ com o candidato a vice-presidente na chama do Partido dos Trabalhadores (PT) à presidência, Geraldo Alckmin, serviu para cobrar um posicionamento do candidato em relação a agenda voltada à comunidade LGBTQIA+. Em entrevista exclusiva ao PIMENTA ROSA, o coordenador jurídico da Aliança Nacional LGBTI+, William Callegaro, fala da reunião, da Parada do Orgulho de São Paulo, do fechamento do Museu da Diversidade Sexual e da importância de se votar em candidatos que tenham compromisso com a causa LGBT.


PIMENTA ROSA – Como foi a reunião do Sr. com o candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin?


William Callegaro - Foi uma reunião muito produtiva, onde conversamos sobre a importância da parada para a promoção da cultura LGBTQIA+, frisando o tema escolhido, que foi: “Vote com orgulho, por uma política que representa.” Ainda, o Presidente da Aliança Nacional LGBTI+ convidou o ex-governador para, junto com o pré-candidato à Presidência, Lula, assinarem a carta compromisso do Programa Voto com Orgulho. Também, o vice-presidente da Parada comentou o caso do Museu da Diversidade Sexual, que ainda permanece fechado. Estiveram presentes os diretores da associação da parada LGBTQIA+, bem como os integrantes da Aliança Nacional LGBTI+ de vários estados, com a presença do Presidente da Aliança, Toni Reis.


PIMENTA ROSA – Segundo o tema da própria 26ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, votar com consciência para garantir as conquistas é importante. O Sr. chegou a discutir com Alckmin a agenda da comunidade LGBT numa possível vitória do presidente Lula?


William Callegaro - Dentro da temática da Parada, comentei na reunião que só vamos conseguir aprovar legislação nacional para a população LGBTQIA+ quando tivermos parlamentares assumidamente LGBTs, que trabalhem abertamente a pauta, ocupando cadeiras no Congresso Nacional. Ainda, foi muito bem pontuado na reunião, pelo Coordenador do Plano de Governo do ex-governador Márcio França, Fernando Guimarães, que a construção da agenda para a comunidade LGBT precisa ser construída ouvindo todos os movimentos e entidades desse segmento. Desta forma, após o lançamento oficial das diretrizes do plano de governo Lula/Alckmin, haverá a contribuição de todos esses nessa composição diversa, plural e democrática.


PIMENTA ROSA – Sobre o Museu da Diversidade, há alguma luz no fim do túnel para resolver esse imbróglio?


William Callegaro - O Museu permanece fechado em pleno mês do orgulho LGBTQIA+, um completo descaso do Governo do Estado de São Paulo com a comunidade, então, a única luz no fim do túnel que vislumbro seria com a eleição de um governo que a população LGBTI+ tenha interlocução, como, por exemplo, o ex-governador Márcio França, que foi quem formalizou a criação do Museu da Diversidade Sexual pelo Decreto 63.375 de 2018.


PIMENTA ROSA – No último final de semana, aconteceram a Parada do Orgulho LGBT e a Marcha Trans, no Largo do Arouche, em São Paulo. Apesar do grande número de participantes, o Sr. acredita que os desafios enfrentados por membros da comunidade LGBTQIA + diminuíram, nos últimos anos?


William Callegaro - As diversas conquistas que tivemos no âmbito dos Tribunais Superiores trouxeram uma série de direitos importantíssimos, que responderam diversos anseios da população LGBTI+. Avançamos muito, mas esses atos políticos precisam continuar acontecendo, pois o Brasil ainda é um país extremamente LGBTfóbico. Ademais, os referidos avanços precisam passar pelo poder legislativo federal, porque os direitos da população LGBT+ precisam evoluir do status de entendimento de Tribunais para leis que garantam a proteção constitucional. Desta forma, podemos dizer que os desafios mudaram, mas ainda existem e são muitos.


PIMENTA ROSA – E a questão do trabalho? Muitas empresas usam a diversidade apenas como forma de atrair o Pink Money. Como criar engajamento nas empresas e melhorar o mercado de trabalho, principalmente para pessoas trans?


William Callegaro - Em junho, no mês da parada e do orgulho LGBTQIA+, muitas empresas se posicionam para falar sobre a pauta da sexualidade e identidade de gênero e, infelizmente, algumas dessas fazem isso apenas para atrair o “Pink Money”. Contudo, temos algumas iniciativas muito interessantes, como o Selo da Diversidade, desenvolvido pelo Governo de São Paulo, que é destinado às empresas e organizações que se comprometam ou já tenham projetos envolvendo as lutas sociais e buscam estimular as empresas a promoverem temáticas sociais na gestão de recursos humanos. Ainda, temos algumas instituições que atuam promovendo a diversidade nas empresas, ensinando àquelas que pretendem atuar de forma mais inclusiva. Posso citar a própria Aliança Nacional LGBTI+, nos diversos projetos que desenvolve com as empresas, e ainda a Mais Diversidade, o TransEmpregos e o Todos pela Diversidade, entre outras instituições.



PIMENTA ROSA – Hoje já temos alguns deputados e senadores que representam a comunidade LGBT+. Na sua visão, como tem sido a receptividade dos eleitores a candidatos ligados ao movimento LGBT+?


William Callegaro - Está sendo muito positiva e vimos isso em 2020, com muitos vereadores assumidamente LGBTs se elegendo. A geração Z cresceu vendo direitos que antigamente a população LGBT+ não possuía, assim, essa geração ajuda a fomentar a luta pela diversidade disseminando para a sociedade que ela é normal e natural. Acredito que nas eleições de 2022 teremos um reflexo de 2020 e elegeremos, pela primeira vez na história, um número de deputados federais que poderá formar uma bancada LGBT+.



PIMENTA ROSA – Como garantir que os partidos abram espaço para gays, lésbicas, trans e queer?


William Callegaro - Fica mais fácil quando o partido possui um segmento específico para a população LGBTQIA+, mas independentemente disso, o partido pode promover cursos de capacitação para todos seus filiados, devendo tomar um cuidado especial com todas as minorias sociológicas. É papel dos partidos políticos formarem seus líderes e, devido a essa ausência de formação, surgiram diversos movimentos para suprir isso. É importante destacar que esses movimentos surgiram com um rigoroso cuidado de diversidade e inclusão. Por esse motivo precisamos fortalecer nossos partidos, para que também promovam a renovação política, algo que é fundamental para a democracia. E não existe renovação genuína sem diversidade, sendo urgente que a nossa população LGBT+ esteja ocupando os espaços de liderança política. Dessa forma, a criação e/ou fortalecimento de segmentos da diversidade nos partidos é essencial para garantir espaço para a população LGBT+.


PIMENTA ROSA - Qual a importância de eventos como a Parada do Orgulho LGBTI+ para a transformação da sociedade?


William Callegaro - Eventos como a Parada, além de promover a cultura LGBTQIA+, servem para mostrar que existimos e somos muitos milhões. Na Parada, 3 milhões e, no Brasil, mais de 20 milhões. Mas este ano é para fazermos valer o tema da parada e votarmos com orgulho, por uma política que nos represente. A diversidade precisa ir para além da Avenida Paulista, precisa colorir o Congresso Nacional e as Assembleias Estaduais, pois é com a política que transformamos a nossa sociedade e a tornamos menos preconceituosa.

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