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Entre a liberdade e o limite: o impacto da superexposição no Carnaval

  • Foto do escritor: Pimenta Rosa
    Pimenta Rosa
  • 28 de fev.
  • 2 min de leitura

Flagrante de casal transando em camarote reacende debate sobre a normalização da superexposição e seus impactos sociais e legais


Foto divulgação
Foto divulgação

O Carnaval sempre foi um espaço de liberdade e transgressão, mas até onde essa permissividade pode ir? Em 2017, os debates sobre os limites da folia foram impulsionados por casos recorrentes de assédio e abuso sexual, levando um grupo de mulheres a criar o movimento 'Não é Não!', que se tornou um marco na luta contra a violência no período festivo. Agora, um novo episódio chama atenção: o flagrante de um casal transando em um camarote durante a festa reacendeu a discussão sobre os limites da exposição pública e a influência da cultura digital na normalização de comportamentos extremos.


Embora atos obscenos em locais públicos sejam tipificados como crime pelo artigo 233 do Código Penal Brasileiro, com pena de detenção de três meses a um ano ou multa, esse caso revela algo que vai além da esfera legal. O fato de a cena ter sido registrada e viralizada nas redes sociais expõe uma questão social mais ampla: a compulsão pela superexposição e a obsessão pelo flagrante.


Para o psicólogo Adriano Lourenço, professor da Universidade Iguaçu (Unig), a atmosfera do Carnaval reduz inibições e flexibiliza comportamentos, mas isso não significa que tudo seja permitido. Segundo ele, a sociedade está cada vez mais imersa em um modelo de exposição constante, onde 'dar notícias de si e do outro virou uma moeda social valiosa para engajamento e conquista de likes'. Esse fenômeno transforma a viralização em um objetivo a ser alcançado, sem que, muitas vezes, sejam considerados os impactos a longo prazo.


Lourenço alerta para as possíveis consequências dessa busca por visibilidade extrema. 'Algumas pessoas lidam bem com a exposição, enquanto outras podem sofrer danos emocionais, sociais e até profissionais. O problema é que, uma vez na internet, não há mais controle sobre a repercussão do que foi compartilhado', explica o especialista.


Outro aspecto relevante dessa discussão é a convivência em sociedade e a necessidade de estabelecer limites. Durante o Carnaval, é natural que as pessoas se sintam mais livres, mas a euforia da festa — muitas vezes amplificada pelo consumo de álcool e pela sensação de anonimato — não justifica comportamentos que possam gerar constrangimento ou desconforto a terceiros.


'O Carnaval simboliza liberdade, mas essa liberdade precisa ser exercida com responsabilidade. Os movimentos contra abusos na folia mostram que os limites sociais estão sempre sendo renegociados para garantir o respeito coletivo', destaca Lourenço, reforçando que a ausência de limites individuais não pode se tornar um problema coletivo. 'Um camarote não é um ambiente isolado. Esse tipo de conduta pode não apenas causar desconforto, mas também ter implicações legais.'

O episódio reforça a importância de um debate contínuo sobre as fronteiras entre o que é aceitável e o que ultrapassa os limites sociais, especialmente em um mundo onde a exposição e a viralização se tornaram, para muitos, um fim em si mesmas. No Carnaval e além dele, a liberdade deve sempre caminhar lado a lado com a responsabilidade.

 
 
 

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