Integrantes do movimento pró-PEC 169/19 cobram diálogo com sindicatos
- Pimenta Rosa
- há 6 horas
- 4 min de leitura
Proposta que permite acumulação de cargos por professores gera polêmica; Secretário escolar André Souza critica lentidão na tramitação e defende urgência na votação

A PEC 169/19 , que prevê a ampliação da possibilidade de acumulação de cargos públicos por professores, segue envolta em polêmica. A proposta tramita no Congresso desde 2019, e busca alterar o artigo 37 da Constituição Federal para permitir que docentes possam acumular seu cargo com outro de qualquer natureza — remunerado ou não — desde que haja compatibilidade de horários.
Atualmente, a regra só permite esse tipo de acúmulo com cargos técnicos ou científicos, limitando injustamente profissionais qualificados em mais de uma área. O objetivo dos apoiadores é garantir igualdade entre servidores e assegurar liberdade de escolha profissional aos docentes, além de reduzir a judicialização do tema.
Em entrevista ao Jornal Pimenta Rosa, André Souza, secretário escolar e integrante do movimento pela aprovação da PEC, destacou a importância da proposta para garantir respeito às múltiplas profissões dos professores:
“É inadmissível o que estamos enfrentando. Um policial militar pode acumular com professor, mas um inspetor escolar não. Um técnico em radiologia pode, mas um psicólogo não. Isso é uma aberração jurídica. Nós somos trabalhadores dignos. Somos professores também. E queremos manter nossas outras profissões por amor, por necessidade ou por vocação.”
Segundo André, a resistência de alguns sindicatos tem sido um obstáculo para a votação: “Não podemos concordar com a postura excludente de algumas lideranças sindicais. Os argumentos usados contra a PEC são ofensivos às nossas profissões. Não somos ocupantes de cargos meramente burocráticos. Queremos respeito.”
Já Marcileide Pimenta, presidente da Comissão em Prol da Aprovação da PEC 169/19, em entrevista ao Correio Brazielense, cobrou celeridade na análise da matéria e criticou a falta de atenção dos parlamentares com os interesses da categoria. De acordo com Marcileides, “essa demora revela a total falta de respeito e consideração dos parlamentares com a educação e com os profissionais que a sustentam. É injustificável que um tema tão relevante fique preso a um processo moroso. Por que a educação sempre fica em último plano?”
Ela argumenta que a aprovação da PEC trará segurança jurídica para que professores possam acumular cargos mesmo sem encaixar-se nos rígidos critérios atuais: “Hoje, muitos professores são impedidos de acumular cargos, mesmo quando as cargas horárias são compatíveis. Com a aprovação da PEC, haverá mais interesse na carreira docente, mais profissionais qualificados, maior número de aprovados em concursos e mais professores atuando.”
Dados do Instituto Semesp indicam que, até 2040, o Brasil enfrentará um déficit de 250 mil professores na educação básica, em razão das condições precárias de trabalho e baixos salários. Segunda a relatora da PEC, deputada Maria Rosas (Republicanos-SP), a proposta não incentiva a superexploração, mas, sim, a autonomia do profissional:
“Uma vez tendo a devida qualificação, compete a ele, profissional, escolher se quer trabalhar 20 horas, 40 horas ou 60 horas. O texto apresentado não está falando da dedicação exclusiva, não está voltado apenas para o ensino superior. Pelo contrário: a PEC abrange todo o exercício do magistério, em toda a sua amplitude.”
No entanto, críticos alertam que a medida pode aprofundar a desvalorização do magistério e contribuir para o chamado “apagão docente”, já previsto por especialistas. Representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), como Silvanio Mota, assessor jurídico do Sintet (TO), destacam que a categoria ainda luta por direitos básicos, como o cumprimento do piso salarial nacional. No entanto, os defensores da PEC retrucam que a luta não interfere nas demais lutas por direitos, mas a completam.
Enquanto isso, a pressão aumenta: já são 20 requerimentos de deputados pedindo a inclusão da PEC na Ordem do Dia, o que significa que a proposta está pronta para ser votada em plenário. Resta saber se os parlamentares estarão dispostos a ouvir os profissionais da educação.
VEJA A NOTA PÚBLICA À SOCIEDADE DO MOVIMENTO @APROVAPEC169:
"Em defesa da verdade, da valorização docente e da justiça profissional.
Em resposta à nota da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) sobre a PEC nº 169/2019, sentimos a necessidade de esclarecer equívocos que distorcem o debate e desconsideram uma mobilização legítima, plural e democrática.
1. A PEC enfrenta um problema real. A CNTE critica a proposta, mas ignora a insegurança jurídica sobre o acúmulo de cargos entre docência e funções técnicas e científicas. Milhares de educadores sofrem com processos e instabilidade, realidade que não pode ser ignorada.
2. A proposta não prejudica salários ou jornada, A PEC não altera direitos sobre salário ou carga horária. A ideia de que o acúmulo transformaria o magistério em "bico" é infundada. O objetivo é garantir segurança jurídica aos profissionais.
3. O texto da CNTE é impreciso. A nota sugere autoria individual, mas toda PEC exige apoio de muitos parlamentares. A PEC 169/2019 foi subscrita por diversos partidos, inclusive com forte participação do PT. Reduzir essa pluralidade a um nome é distorção.
4. A CNTE se contradiz. Ao admitir que o acúmulo visa garantir a sobrevivência dos professores, não faz sentido condená-lo quando envolve outras áreas além das técnicas e científicas, como por exemplo, no caso dos ocupantes de cargo de natureza administrativa, que até então não podem acumular este referido cargo com o cargo de professor. Essa distinção é elitista e preconceituosa.
5. O movimento é legítimo e democrático. A mobilização pela PEC é ampla, nacional e composta por educadores, servidores e sindicatos. Não se opõe à valorização docente, mas a complementa, defendendo melhores condições de trabalho e o 1/3 de planejamento. Por isso, não recuaremos.
Seguiremos firmes, por justiça e segurança aos profissionais da educação. Convidamos a sociedade e as entidades a analisarem com respeito nossos argumentos. O futuro da educação exige ouvir todos os que nela atuam."
Os integrantes do Movimento Pró-PEC 169/19, em todo o Brasil, continuam firmes na luta pela justiça para os educadores desligados por acúmulo de cargos. A mobilização cresce a cada dia, e é hora de os sindicatos, deputados e o Congresso Nacional ouvirem quem realmente sente na pele essa injustiça.
Presidente da Câmara, Deputado Hugo Motta (@hugomottapb): O Brasil espera de Vossa Excelência sensibilidade e compromisso com aqueles que dedicaram suas vidas ao serviço público. A #PEC169 precisa avançar! O povo não aguenta mais a lentidão e o silêncio diante de uma causa tão urgente.
Milhares de famílias aguardam por reparação e por uma legislação justa. Queremos diálogo, respeito e ação!
Compartilhe essa mensagem. Vamos pressionar juntos por dignidade!