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Movimentos sociais se unem em ato contra feminicídio e violência LGBTfóbica no Rio

  • Foto do escritor: Pimenta Rosa
    Pimenta Rosa
  • há 2 dias
  • 4 min de leitura

Manifestação nos Arcos da Lapa reúne comunidade LGBTQIAPN+, mulheres e minorias neste domingo (21)


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Por Rafael Gomes*


A Casa NEM está organizando um ato público para este domingo, 21 de dezembro, nos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro. A mobilização surge como resposta ao crescente número de ataques violentos contra mulheres, pessoas LGBTQIAPN+ e minorias, que seguem sendo assassinadas e agredidas em todo o país. O objetivo é unir diferentes movimentos sociais na luta por políticas afirmativas e pelo fim da violência.


Indianarae Siqueira, fundadora da Casa NEM, reforça a urgência da manifestação e a necessidade de união entre as lutas. Em declaração contundente, denuncia a naturalização da violência misógina e transfóbica no Brasil, ao relembrar falas que relativizaram o estupro a partir de padrões de beleza e desumanizaram mulheres no espaço público, como no caso da deputada Maria do Rosário.


Para Indianarae, esse tipo de discurso além de legitima agressões, contribuiu para aprofundar divisões no país durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro - atualmente preso - que estimulou o ódio e declarou guerra a parcelas inteiras da população. Ainda assim, ressalta, a maioria da sociedade escolheu a democracia, os direitos e o amor, reafirmando que “eles não venceram e não podem nos vencer”, porque a vida das mulheres, das pessoas negras, da população LGBTQIA+ e das pessoas trans importa.


A ativista chamou atenção para o que definiu como um massacre diário contra pessoas trans no país, submetidas a agressões físicas, assassinatos, exclusão familiar e à negação de direitos básicos, como o uso de banheiros e o respeito à identidade. Ao mencionar casos recentes de extrema violência, incluindo o assassinato brutal de uma adolescente trans de 13 anos, Indianarae questionou quem chora por essas vidas e quem se levanta para interromper essa sequência de violações.


É diante desse cenário que a fundadora da Casa NEM convoca a manifestação em defesa da vida das pessoas trans para esse domingo (21), a partir das 14h, apelando especialmente às mulheres cisgêneras aliadas para que se somem à mobilização.


“As vidas trans também devem importar e precisam ser protegidas”, afirmou, reforçando que a luta é, antes de tudo, pelo direito de existir, viver em paz e ter o nome e a dignidade respeitados:


"Precisamos fazer um ato. Está acontecendo um massacre também contra a vida das pessoas trans e não estão falando sobre isso. Agora uma adolescente trans de 13 anos foi queimada viva. Assim como as mulheres [cis] são massacradas, as pessoas trans estão sendo massacradas, estão sendo assassinadas todos os dias".

União de movimentos sociais

O ato convoca não apenas a comunidade LGBTQIAPN+, mas todos os movimentos sociais que representam minorias e grupos em situação de vulnerabilidade. A ideia é fortalecer as lutas por políticas afirmativas, sociais e culturais, denunciando os alarmantes casos de feminicídio, LGBTfobia e violações de direitos humanos que atingem especialmente favelas e periferias. Movimentos de mulheres negras, coletivos feministas, organizações antirracistas e demais grupos estão sendo chamados para somar forças na ocupação dos Arcos da Lapa.


Violência que não para de crescer

Os números comprovam a gravidade da situação que atinge tanto mulheres quanto a população LGBTQIAPN+. O Brasil segue como o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo pelo 17º ano consecutivo. Em 2024, o Grupo Gay da Bahia registrou 291 mortes violentas de pessoas LGBTQ+, o que representa uma morte a cada 30 horas. O Dossiê ANTRA contabilizou 122 assassinatos de pessoas trans no mesmo período, sendo 82% das vítimas pessoas pretas e pardas.


O Atlas da Violência 2025 trouxe dados ainda mais assustadores. As agressões contra a população LGBTQIAPN+ cresceram mais de 1.000% em dez anos. No caso específico de travestis, os registros saltaram de 27 casos em 2014 para 659 nos dados mais recentes, um aumento de 2.340%. Paralelamente, os casos de feminicídio seguem em níveis alarmantes, com mulheres sendo assassinadas, esfaqueadas e queimadas diariamente em todo o país.


Casos recentes chocam o país

Uma adolescente trans de 13 anos está internada em estado grave após ser brutalmente agredida e queimada em via pública, em Guarapari, no Espírito Santo. Segundo familiares, a jovem foi encontrada caída no chão, com queimaduras extensas pelo corpo e no rosto. "Ela fala que levaram ela para uma rua escura e bateram muito nela, e depois atearam fogo", relatou a tia da vítima. A adolescente foi transferida para o Hospital Infantil de Vitória, onde segue internada, sem previsão de alta. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente.


Outro caso recente também mobilizou a comunidade. Fernando Vilança, de apenas 17 anos, morador de Manaus, saiu de casa para comprar leite e não voltou. O jovem, que sonhava ser veterinário, foi espancado até a morte por LGBTQIAPNfobia. "Quantos mais precisarão morrer para que o amor seja respeitado?", questiona a ativista. A morte de Fernando reforça a urgência de políticas públicas de proteção à juventude LGBTQIAPN+ e o combate ao preconceito desde o ambiente escolar.


Resistência coletiva e solidariedade

O ato nos Arcos da Lapa não será apenas um momento de denúncia e protesto, mas também de encontro, acolhimento e confraternização entre todos os movimentos sociais. Durante a mobilização, serão coletadas doações para o Des(Natal) da Casa NEM, projeto que fortalece a rede de apoio às pessoas em situação de vulnerabilidade. "Nossa presença é resistência. Nosso corpo é político. Nossa alegria e solidariedade também são luta", destaca o texto do convite.


Indianarae convoca movimentos sociais, coletivos e aliados de todas as frentes no país para somarem forças. "Organizemos nossas manifestações, dá tempo até domingo. Sejam pequenas, sejam grandes, em cada cidade, em cada capital. Chamemos nossos coletivos e vamos nos manifestar em prol de nossas vidas", conclama a ativista, reforçando que a luta é de todos que defendem direitos humanos e dignidade.



SERVIÇO

Ato nos Arcos da Lapa pela vida das pessoas trans

  • Local: Arcos da Lapa, Rio de Janeiro 

  • Data: 21 de dezembro (domingo) 

  • Horário: a partir das 14h 

  • Organização: Casa NEM 

  • Durante o evento haverá coleta de doações para o Des(Natal) da Casa NEM



*Rafael Gomes é ativista, um dos organizadores do evento

 
 
 

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