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  • Foto do escritorPimenta Rosa

Mulheres transexuais são impedidas de deixar a Ucrânia por ainda terem nome masculino nos documentos

Por conta do nome masculino nos documentos, elas teriam problema em fugir para a Polônia, por exemplo, que tem uma 'zona livre de LGBT' e ainda seriam impedidas de deixar o país pelo decreto de guerra



A história da cantora ucraniana Zi Faámelu, de 31 anos, nascida na Criméia, península invadida pela Rússia em 2014, e atualmente morando em Kiev, é apenas mais uma nessa nova investida russa sobre a Ucrânia. Transexual, ela sente-se presa numa guerra dentro de outra guerra, já que não poderá deixar o país por conta do decreto de que todos os homens acima de 18 anos peguem em armas para defender a pátria.


Como os documentos indicam o sexo "masculino" no gênero e no nome, ela, assim como muitas outras trans, diz temer ser identificada por forças ucranianas e obrigada a servir ao exército. Isso por que autoridades locais têm impedido homens de 18 a 60 anos de deixar o país para lutar na linha de frente da guerra.


'Não há como as pessoas da fronteira ucraniana me deixarem passar', disse a cantora à rede CBS.


Se ela chega à fronteira de um país vizinho que oferece refúgio, ela nem tem certeza se a deixarão entrar, pois sua identificação de passaporte não corresponde ao seu gênero. A comunidade LGBTQIA+ tornou-se mais visível e aceita ao longo dos anos, mas para pessoas trans é mais complicado. A Polônia, por exemplo, tem legislação rígida contra a comunidade LGBTQIA+.


Durante anos, as pessoas trans na Ucrânia que queriam ser legalmente reconhecidas tinham uma longa lista de etapas pelas quais precisavam passar para fazê-lo. De acordo com a Human Rights Watch, o governo exigiu que as pessoas transgênero fossem submetidas a extensa observação psiquiátrica e cirurgia de redesignação de gênero para obter documentos legais que se alinhassem com seu gênero.


A legislação foi introduzida em 2017 para diminuir o processo, mas ainda exigiria que os ucranianos transgêneros fossem submetidos a exames psiquiátricos ambulatoriais. Não há indicação de que a legislação tenha sido implementada.


'Ninguém quer passar por isso, então nós mantemos nossos passaportes da forma como está e ficamos quietos', relatou em entrevista à Vice World News. 'A população trans está esquecida, negligenciada e abandonada. Somos invisíveis no momento. Precisamos da ONU, de organizações de direitos humanos. Precisamos que as pessoas nos ajudem a ter uma voz'.


Em 2021, a Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexuais disse que a adoção pelo país de um novo protocolo de saúde trans foi paralisada e que a comunidade LGBT na Ucrânia enfrentou ataques e intimidações de grupos de extrema direita. Entre uma lista de 49 países europeus, a organização classificou a Ucrânia como 39º por seu tratamento geral de pessoas LGBTQIA+.


Veja parte da entrevista da cantora à CBS



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