“NIXI PAE” traz a força ancestral indígena ao palco e convoca o público a reconectar-se com a natureza
- Pimenta Rosa
- há 2 dias
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Espetáculo de dança, música ao vivo e projeções, inspirado na cosmopercepção Huni Kuin, será apresentado neste fim de semana (14 e 15) no Centro Coreográfico da Tijuca

O espírito da floresta chega ao Centro Coreográfico da Tijuca neste final de semana. Com sessões no sábado (13) às 19h, e no domingo (14), às 18h, o público poderá assistir ao espetáculo “NIXI PAE: Encantos da Natureza”. A montagem propõe uma imersão sensorial que une dança, música ao vivo e videoprojeções para resgatar a memória indígena e a conexão profunda entre corpo, território e ancestralidade.
Idealizado por Giovanna Aguirre e dirigido por Ruth Tapuya, “NIXI PAE” inspira-se na palavra que, para o povo Huni Kuin, designa a bebida sagrada Ayahuasca e significa “espírito da floresta”. A obra nasce da retomada identitária da criadora e transforma o palco em solo de resistência, cura e lembrança de um Brasil indígena que segue vivo, apesar do apagamento histórico.
Para Giovanna, a obra é um chamado político e espiritual: “Eu não deixei de ser floresta, mesmo vivendo na cidade, eu sou filha da floresta, o Nixi Pae chegou pra mim como um sopro dos meus ancestrais, para que meu corpo pudesse ser passagem e sopro, da força e beleza da floresta que também resiste à cidade.” A artista sublinha que o espetáculo convoca o público a repensar sua relação com o território, com outras espécies e com a dimensão da totalidade da vida.
Em cena, a bailarina assume o papel de corpo-floresta, incorporando jiboias, onças, guarás e a energia dos rios e encantados. A performance articula luta e memória ao evocar o povo Tupinambá, primeiros habitantes do que hoje é o Rio de Janeiro. Projeções no corpo da intérprete exibem rostos de lideranças indígenas assassinadas, além de imagens de rios soterrados da cidade — Quitungo, Carioca e Maracanã — como denúncia da violência ambiental urbana.
A música ao vivo reforça essa atmosfera ritualística, trazendo sonoridades que remetem à floresta e às cosmologias indígenas. A dramaturgia convoca elementos da natureza — água, fogo, terra, céu — e revela a energia que sustenta a encantaria, fio invisível que conecta todos os seres.
Segundo Giovanna, o espetáculo pretende despertar consciência ambiental e reavivar o pertencimento: “Para preservar, precisamos nos reconhecer como parte do bioma. A memória da natureza ganha vida na cena, nos animais que habitavam a Mata Atlântica e no Rio de Janeiro Tupinambá”. A diretora reforça que a arte é instrumento de resistência:
“A importância de conectar os povos indígenas, as encantarias e as sabedorias ao público, é buscar expandir e conscientizá-los que aqui, nesse território chamado Brasil, Pindorama, existem muitos povos indígenas, que mesmo mediante ao massacre, a colonização, ainda resistem. São mais de 300 povos indígenas, existem também muitas pessoas indígenas em contexto urbano, algumas não sabem ao qual povo pertencem, devido ao genocídio, as violências, mas seu espírito ancestral permanecem vivo. As artes são uma ferramenta poderosa de reconhecimento, conscientização e valorização das manifestações culturais, em suas diferentes vertentes”, finaliza.

Ficha Técnica:
Idealização, Criação: Giovanna Aguirre
Direção: Ruth Tapuya e Giovanna Aguirre
Bailarina Intérprete: Giovanna Aguirre
Músicos: Márcia Guimarães, Lucas Kariri e Vanessa Machado
Preparação Corporal: Alec Vasconcelos
Iluminação: Lilian da Terra
Paisagem Sonora: Thiago Sobral
Produção: Lisi Potyguara Potiguara
Produção Executiva: Leandro Pedro
Figurino: Jess Louzada
Assistente de figurino: Tielison
Design: Auá Mendes
Criação de Videomapping: Tais Almeida
Operação de Videomapping: Tais Almeida e Thaina Iná
Motion design: Pedro Brum
Consultoria de Videomapping: Raina VJ
Desenho de som e operação de áudio: Raquel Brandi e Maria Clara Coelho
Social Mídia: Yumo Apurinã
Serviço:
“NIXI PAE: Encantos da Natureza”
Dias Sábado (13/12), às 19h e domingo (14/12), às 18h
Local: Centro Coreográfico (Tijuca) - Endereço: R. José Higino, 115-Tijuca
Duração: 50 min
Classificação: livre
Ingressos: R$30 inteira R$15 meia





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