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  • Foto do escritorPimenta Rosa

Os múltiplos desafios das mulheres lésbicas no ambiente profissional

Especialistas em diversidade, Kaká Rodrigues e Renata Torres abordam sobre a interseccionalidade que amplia os obstáculos para as mulheres lésbicas no mercado e a relevância da liderança




Cerca de 60% das mulheres lésbicas já sofreram algum tipo de discriminação devido à sua orientação sexual no ambiente profissional, e 40% vivenciaram algum tipo de assédio moral ou sexual, de acordo com o estudo 'Profissionais Liberais Lésbicas no Mercado de Trabalho Brasileiro', realizado este ano pela Universidade de São Paulo (USP) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda segundo a pesquisa, 50% das mulheres lésbicas já tiveram dificuldade para encontrar emprego devido à orientação sexual, e 40% acreditam que não são reconhecidas da mesma forma que profissionais heterossexuais.


Apesar dos avanços legais e sociais recentes, as barreiras enfrentadas pelas mulheres lésbicas e multiplicam devido à interseccionalidade que as envolve. Além de enfrentarem o sexismo, também precisam confrontar a homofobia que ainda permeia a cultura de muitas empresas.


'As 'piadas' sobre lésbicas no ambiente de trabalho são tentativas de diminuir essas pessoas, buscando validação do grupo em relação a esse tipo de comportamento. É o chamado ‘preconceito recreativo’, que desumaniza as pessoas de comunidades específicas, reduzindo-as a estereótipos e caricaturas', ressalta Kaká Rodrigues, co-founder da Div.A Diversidade Agora! e especialista em diversidade e inclusão.


Segundo a estudiosa, a repetição dessas atitudes preconceituosas mina a saúde mental das pessoas colaboradoras. "Uma mulher lésbica que se encontra em um ambiente assim fica cada vez mais estressada e desmotivada, o que afeta diretamente sua produtividade. A inclusão de pessoas LGBTQIAPN+ é um tema muito relevante, não apenas para empresas que valorizam a diversidade, mas principalmente para aquelas que investem em inovação", explica a especialista.


O estudo The Impact of Lesbian Leadership on Organizational Innovation and Profitability, realizado em 2020 pela Universidade de Stanford, valida a afirmação da especialista. Segundo os dados apresentados pela instituição norte-americana, empresas com CEOs lésbicas têm 18% mais chances de sucesso em seus mercados e 21% mais chances de introduzir novos produtos e serviços, além de registrarem lucros e receitas maiores do que organizações sob gestões não lésbicas.


A relevância da liderança para endereçar esses desafios é um ponto levantado por Renata Torres, também co-founder da Div.A Diversidade Agora! e especialista em diversidade e inclusão. "A liderança de uma mulher lésbica teria uma influência mais direta na mudança da cultura de uma empresa, mas não é necessário pertencer à comunidade LGBTQIAPN+ para fazer a diferença como líder", explica. Para a especialista, essa modificação é um trabalho intenso que requer mais atenção por parte da liderança e que pode não ter uniformidade na adesão.


'Para essa transformação cultural, de mudanças muito profundas, é preciso estar preparado também para entender que determinadas pessoas não passarão por essa jornada, não entenderão ou não conseguirão atingir esse nível de consciência. Mas, sob o ponto de vista da cultura organizacional, tem que estar muito claro o que se espera em termos de postura e comportamento em relação às mulheres lésbicas e à comunidade LGBTQIAPN+ como um todo. As pessoas colaboradoras precisam conhecer o posicionamento da empresa, compreender quais comportamentos são aceitáveis e quais não são. As pessoas em posições de liderança devem ser as primeiras a dar o exemplo dessas normas no ambiente, demonstrando o que é aceito e o que não é', conclui Renata.



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