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Perigo em duas rodas

  • Foto do escritor: Eduardo Papa
    Eduardo Papa
  • há 2 horas
  • 4 min de leitura
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*Eduardo Papa


A modinha das bicicletas elétricas pegou mesmo. E não tinha como não pegar, é uma coisa super prática, perfeita para pequenas distâncias e o transporte de cargas leves, atende muito bem as famílias, bem como a multidão de entregadores que brotou em nossos novos tempos. Barata, econômica, de manutenção simples é tudo de bom. Uma excelente alternativa para cidades pequenas e bairros afastados, onde o transporte público deixa a desejar. Vejo nelas uma semelhança do que foi a lambreta para os trabalhadores italianos no pós-guerra, um veículo de libertação para quem não tinha dinheiro para comprar um carro, permitindo às pessoas mais pobres maior mobilidade e acesso ao lazer.

 

Porém (sempre tem um desgraçado de um porém), a legislação para o trânsito precisa ser adaptada para a nova máquina, que é cada vez mais frequente em nossas ruas. As normas usadas para disciplinar o trânsito de bicicletas, claramente não são adequadas para esses novos veículos, alguns bastante robustos, não se diferenciando muito de uma motocicleta de baixa cilindrada. Sua utilização urge ser objeto de estudo e regulação pelo poder público, sobretudo em grandes centros urbanos, áreas densamente povoadas e de tráfego intenso. Na verdade, são veículos automotores que desenvolvem uma velocidade considerável, mas que não estão sujeitos a uma série de regulamentações previstas no Código Nacional de Trânsito. Da mesma forma que escapam das restrições de posturas municipais, que determinam normas e cobrança para o estacionamento em determinadas áreas, por exemplo.

 

Não possuem placa de identificação, não há registro do proprietário, nem limitações para os condutores. Podem ser utilizadas por adolescentes, sem a necessária maturidade, ou por idosos que já não possuem condições físicas adequadas, o que obviamente aumenta o risco de acidentes, e pode transformar essa inocente maquineta em um perigo para seus usuários e demais transeuntes. Confesso que não pesquisei e desconheço estatísticas de acidentes com essa modalidade de veículo, mas certamente tem gente se machucando por aí. Eu não dirijo mais automóvel há muito tempo, deixei caducar e depois joguei fora minha CNH, mas deve estar osso de dirigir em nossas ruas hoje, disputando espaço com bicicletas e patinetes, que podem surgir a qualquer momento e de qualquer direção.

 

Se no trânsito as bicicletas elétricas são um estranho no ninho, nas áreas de lazer elas são um mecanismo de opressão contra os pobres e coitados pedestres. Passam zumbindo em alta velocidade a poucos centímetros das pessoas, até mesmo crianças. Lembro bem quando, na administração de Marcello Alencar, eu era Administrador Regional de Botafogo, e estava sob minha jurisdição o Parque do Flamengo, havia uma discussão se nos domingos se deveria proibir o tráfego de bicicletas (das comuns), na pista contígua à Praia do Flamengo, de forma a evitar acidentes com crianças e incômodo para os banhistas. Hoje, eu frequento o parque como usuário e fico indignado com a baderna que ali impera.

 

Enquanto que as atividades dos ambulantes, que garantem a aguada dos frequentadores, é sujeita a uma rigorosa regulamentação, inúmeras barracas são montadas na praia, ao longo da pista, onde funcionam “academias” de ginástica e “escolinhas” de esportes, que são bastante espaçosas, e seus clientes estacionam dezenas dessas bicicletas na pista, muitas vezes a noventa graus, sem a menor cerimônia. A Guarda Municipal não toma conhecimento, e assiste inerte a utilização da pista em alta velocidade, oferecendo claro risco para quem quer usar o espaço para correr ou caminhar. E não é apenas a preguiça dos atletas praianos, que não abrem mão de ir motorizados fazer seu exercício, que tumultua a pista


Para quem não é do Rio, o Parque do Flamengo fica entre o centro da cidade e os bairros de Botafogo e Flamengo, e nesses tempos bicudos, em que a passagem do metrô está uma fortuna, é cada vez mais comum ver pessoas indo trabalhar, com sua roupinha do escritório, usando a pista do parque, em suas bicicletas elétricas. Uma turma que geralmente anda apressada, em alta velocidade, sem dar muita bola para os frequentadores do parque, criando uma convivência cada vez mais estressante e conflituosa.

 

A municipalidade permitir que o espaço de um parque voltado para o lazer vire uma verdadeira via expressa para essas “lambretinhas”, é um desrespeito com a cidadania, que tem o seu espaço para o lazer e repouso turbado pelo uso indevido. Esses burocratas reacionários que comandam a Prefeitura do Rio adoram falar em ordem pública, estão sempre dispostos a espaldeirar os miseráveis em seu nome, mas são lenientes com a bagunça que instalou-se debaixo de seus narizes, e os idosos e as mães com suas crianças pequeninas que se virem entre patinetes e bicicletas elétricas zumbindo ao seu redor, andando na contramão, parando em qualquer lugar, sem qualquer limite.


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Alvíssaras! Entrou em vigor a resolução do Conselho Nacional de Trânsito que acabou com o cartório das autoescolas. Já escrevi sobre isso aqui, a modernização da legislação que simplifica e barateia a aquisição da Carteira Nacional de Habilitação é uma medida de aprimoramento da democracia. Vinte milhões de brasileiros dirigem veículos no país sem carteira de habilitação, certamente a maioria esmagadora deles por não ter recursos para arcar com o custo imposto por um sem número de aulas práticas e teóricas que eram exigidas.

 

A ironia da coisa é que comandando o esperneio dos donos de autoescolas está nada mais nada menos que o Partido Liberal. Estranho não é? Justo essa gente que vive defendendo o estado mínimo, a diminuição de impostos e tudo mais, é que sai em defesa de uma exigência absurda, que gerava uma reserva de mercado para um setor econômico, onerando sobremaneira os cidadãos, vai entender.



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Já que o assunto é trânsito, vale fazer uma referência aos caminhoneiros do Brasil, que ao que parece pararam de fazer papel de inocentes úteis, servindo de massa de manobra para o fascismo. A convocação de uma greve política da categoria para apoiar o bolsonarismo fracassou de maneira retumbante, com inúmeros posts de caminhoneiros nas redes sociais repudiando as lideranças que a convocaram. Ao final do dia de mais esse fracasso, o deputado Zé Trovão apareceu forçando um choro pouco convincente em uma cena patética, que demonstra a decadência final, sem nenhuma elegância, desses embusteiros.

 

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Outro que entrou em trânsito foi Eduardo Bolsonaro, vulgo Dudu Bananinha, que abandonou os EUA. Após sua fracassada e onerosa estadia no país, o deputado fujão buscou homizio em Israel, desfrutando do apoio do regime genocida e do seu parceiro Benjamim Netanyahu.

 

 



*Eduardo Papa - Colunista, professor, jornalista e artista plástico(www.mosaicosdeeduardopapa.com)


 
 
 
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