Tarifas, BRICS e o nosso lugar na economia global: sem pânico, com estratégia
- Ronaldo Piber
- há 59 minutos
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Ronaldo Piber*

Prezados leitores e leitoras da comunidade LGBTQIA+,
O noticiário econômico anda agitado. Com a recente imposição de tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros e a possibilidade de uma resposta brasileira no mesmo tom, entramos em um cenário que muitos chamam de "guerra comercial".
Como advogado e, sobretudo, como membro e aliados da comunidade LGBTQIA+, é fundamental analisarmos como esses ventos econômicos podem impactar as nossas vidas. Mas, antes de qualquer coisa, quero tranquilizá-los: não há espaço para pânico. Há, sim, para a estratégia e a conscientização.
Quando a economia treme, quem sente mais?
É natural que as tensões comerciais levantem preocupações. Uma escalada de tarifas pode encarecer produtos, afetar a competitividade das nossas empresas e, em um cenário mais pessimista, desacelerar a economia. E, como bem sabemos, em momentos de crise econômica, grupos minorizados são frequentemente os mais vulneráveis.
Pensem bem: se empresas precisam cortar gastos, quem geralmente é mais afetado na hora de contratações ou, pior, demissões? Muitas vezes, somos nós, que já enfrentamos barreiras e preconceito no mercado de trabalho.
Além disso, a prioridade para "salvar a economia" pode desviar a atenção e os recursos de políticas sociais essenciais para a nossa comunidade, como programas de inclusão e combate à discriminação.
Há um risco, embora indireto, de que o discurso da urgência econômica ofusque a pauta dos direitos humanos e da diversidade.
O Brasil não está desarmado: temos saídas e novos horizontes
Agora, a boa notícia: o Brasil não é uma folha ao vento nessa tempestade. Pelo contrário. Possuímos instrumentos e estratégias que nos permitem navegar por essa situação com inteligência e pragmatismo: *A Lei da Reciprocidade Econômica: Não pensem que o Brasil está passivo. Temos uma lei, sancionada recentemente, que nos permite responder à altura a medidas protecionistas de outros países. Isso significa que, se houver prejuízo para nossas exportações, o governo pode impor tarifas ou restrições equivalentes a produtos da nação que nos prejudicou. É uma ferramenta legal para defender nossos interesses.
A Força dos BRICS:
A grande aposta do Brasil, e o que realmente nos dá um respiro nesse cenário, é a diversificação de nossos parceiros comerciais. Esqueçam a ideia de depender de um único mercado. O foco está cada vez mais nos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e, agora, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos). A China já é nosso maior parceiro comercial, e a consolidação das relações com esses mercados emergentes significa:
- Menos Dependência: Reduzimos nossa vulnerabilidade a oscilações e atritos com parceiros específicos.
-Novas Oportunidades: Abriremos novas e vastas portas para nossos produtos, garantindo o escoamento da nossa produção e a geração de empregos.
-Investimentos e Tecnologia: O Banco dos BRICS (NDB) e a cooperação entre os membros impulsionam investimentos em infraestrutura e a troca de tecnologia, essenciais para o nosso desenvolvimento.
Buscando Além: Além dos BRICS, o Brasil continua fortalecendo laços com a União Europeia, países do Oriente Médio, da África e da América Latina. Essa diversificação é uma verdadeira blindagem para nossa economia.
Nosso Papel: Vigilância e Ação
Diante desse cenário, qual é o nosso papel como comunidade LGBTQIA+?
Vigiar e Cobrar: Devemos ficar atentos aos desdobramentos econômicos e políticos. É fundamental cobrar que as pautas de direitos humanos e a inclusão da nossa comunidade não sejam deixadas de lado em nome de uma suposta "urgência" econômica.
Fortalecer Nossas Redes: Unir-nos a outras minorias e movimentos sociais é crucial. Juntos, somos mais fortes para amplificar nossas vozes e defender a dignidade e a equidade para todos.
Empregabilidade e Apoio: É hora de fortalecer as iniciativas que capacitam e promovem a inclusão de pessoas LGBTQIA+ no mercado de trabalho.
Mitigar os impactos de uma possível desaceleração econômica em nossa comunidade é vital. A guerra comercial é um desafio, sim. Mas o Brasil tem mecanismos e estratégias para enfrentá-la. Com união, informação e um olhar atento, garantiremos que, mesmo em tempos de incerteza econômica, os direitos e a visibilidade da comunidade LGBTQIA+ permaneçam no centro do debate e das ações.
Como podemos, juntos, garantir que a voz da nossa comunidade seja ouvida e respeitada em meio a essas discussões econômicas? Deixa o seu comentário!
*Ronaldo Piber é advogado e colunista do Pimenta Rosa