'Papaizinho' estreia no Rio e propõe novas narrativas sobre afetos, ausências e reinvenção paterna
- Pimenta Rosa
- há 2 horas
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Inspirado no livro Quem Matou Meu Pai, de Édouard Louis, e em vivências pessoais do ator Caio Scot, espetáculo reúne teatro, memória e múltiplas histórias reais para questionar e reconstruir a figura do pai em curta temporada no Sérgio Porto.

O encontro entre a arte e a experiência pessoal dá origem ao espetáculo inédito Papaizinho, que estreia neste sábado (17) no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto. A montagem, idealizada e protagonizada por Caio Scot, parte da obra do escritor francês Édouard Louis (Quem Matou Meu Pai) e das próprias vivências do artista com seu pai, reunindo lembranças familiares, vídeos em VHS e audições reais com homens que se candidataram ao papel de pai na peça. Com dramaturgia assinada coletivamente por Caio, Felipe Rocha, Júlia Portes, Lucas Cunha e Luisa Espindula – também diretora da montagem ao lado de Caio – o espetáculo propõe um olhar íntimo, crítico e poético sobre os afetos, as lacunas e os conflitos entre pais e filhos.
Em cena, Caio Scot e Felipe Rocha compartilham uma jornada de autoconhecimento e confronto, costurada por memórias e pela impossibilidade de se comunicar com o outro – sobretudo com o pai. A montagem tensiona o estereótipo do pai ausente, autoritário ou silenciado, e oferece ao público múltiplas histórias reais que transbordam dor, afeto, negligência e reinvenção. Projeções em vídeo ampliam as possibilidades cênicas e apresentam relatos de diferentes vivências com a figura paterna, mostrando que cada história é única, mas muitas vezes atravessada por padrões sociais violentos e repetitivos.
Mais do que representar a obra de Louis, Papaizinho utiliza o livro como provocação. 'O livro é um cavalo de Tróia', define Lucas Cunha.
'Usamos essa estrutura como base para tratar de temas urgentes como masculinidade tóxica, ciclos de violência e a busca por novas formas de afeto e cuidado', diz.
O processo de criação também envolveu escuta e pesquisa: quinze pais foram ouvidos em audições que resultaram em novas camadas dramatúrgicas, incorporadas à cena. Para os criadores, o espetáculo não entrega respostas, mas abre espaço para perguntas essenciais: o que significa ser pai? O que significa ser filho? O que é possível ressignificar nessa relação? Com olhar generoso e linguagem sensível, Papaizinho desafia rótulos e propõe novos caminhos para lidar com os vínculos afetivos e suas complexidades.
Serviço:
Espetáculo: Papaizinho
Temporada: 17 de maio a 1º de junho de 2025
Horários: Sextas às 20h, sábados e domingos às 19h
Local: Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto – Rua Humaitá, 163 – Humaitá – RJ
Ingressos: R$ 40 (inteira) / R$ 20 (meia)
Link para compra: riocultura.eleventickets.com
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