Transfobia em pauta: encontro empresarial propõe medidas para garantir vidas e dignidade
- Pimenta Rosa
- há 3 horas
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Encontro em São Paulo reuniu líderes empresariais e representantes do poder público, às vésperas do Dia Internacional de Combate à Homofobia, para debater ações concretas de enfrentamento à LGBTI+fobia no Brasil, país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo

Em um país marcado por estatísticas alarmantes de violência contra pessoas LGBTI+, especialmente trans e travestis, o Dia Internacional de Combate à Homofobia, celebrado hoje (17), ganha contornos de urgência. Nesta sexta-feira (16), véspera da data, o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ e a Accor promoveram o evento 'Juntos pela Erradicação da LGBTI+fobia', em São Paulo. O encontro, conduzido por TchaKa Drag Queen, reuniu executivos de grandes corporações, especialistas em direitos humanos, autoridades públicas e organizações da sociedade civil. O objetivo foi claro: discutir formas efetivas de criar ambientes mais diversos, seguros e acolhedores para pessoas LGBTI+, sobretudo no mundo corporativo.
'Entendemos que acolher e respeitar as diferenças é essencial para criar experiências memoráveis e ambientes seguros”, afirmou Antonietta Varlese, vice-presidente sênior de Sustentabilidade da Accor Américas. 'Estamos comprometidos em fortalecer os esforços para que as pessoas LGBTI+ tenham seus direitos plenamente garantidos.'
Transformação que começa na liderança
O painel de abertura, intitulado 'Vamos mudar o que não podemos mais tolerar', contou com nomes como Thomas Dubaere (CEO da Accor Américas), Rodolfo Eschenbach (Accenture), Rogerio Barreira (Arcos Dourados) e Elayne Correa (Saint Gobain PPL). A mediação ficou a cargo de Caio Magri (Instituto Ethos) e Reinaldo Bulgarelli, secretário-executivo do Fórum LGBTI+.
'A prática da discriminação contra pessoas LGBTI+ precisa ser erradicada', afirmou Bulgarelli. 'O evento reforça nosso compromisso em promover práticas verdadeiramente inclusivas nas corporações.
Ambientes inclusivos salvam vidas
O Brasil segue liderando o ranking global de assassinatos de pessoas trans e travestis, segundo levantamento da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais). Essa realidade sombria exige mais do que solidariedade simbólica — requer mudanças estruturais e compromisso com políticas públicas e corporativas efetivas.
Durante o evento, Raphael Calumby, da Secretaria da Justiça de São Paulo, e Regina Célia Silveira, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, destacaram a importância de que empresas e Estado atuem juntos. Regina fez um apelo direto: 'Precisamos de propostas de desenvolvimento social e econômico para combater o preconceito de forma duradoura.'
Vivências no mercado de trabalho e hospitalidade inclusiva
Os painéis seguintes abordaram as experiências de pessoas LGBTI+ no ambiente de trabalho, os desafios da interseccionalidade e o papel da hospitalidade como estratégia de inclusão. Ricardo Gomes, presidente da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, e o jornalista Bruno Chateaubriand participaram da mesa final sobre o acolhimento de viajantes LGBTI+.
Para Reinaldo Bulgarelli, o caminho da mudança passa, necessariamente, pela escuta e ação: 'É preciso criar estruturas de liderança sensíveis, que entendam a urgência da diversidade e da equidade como valores inegociáveis.'
Um futuro sem medo
Fundado em 2013, o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ representa atualmente uma rede com 195 empresas signatárias dos 10 Compromissos com os Direitos Humanos LGBTI+. A ação conjunta entre setor privado, sociedade civil e Estado, reforçada neste evento, é essencial para um país onde ainda é preciso lutar para garantir o direito básico de existir com dignidade. Neste 17 de maio, mais do que reflexões, o Brasil precisa de ações. Combater a homofobia, a transfobia e toda forma de preconceito é responsabilidade coletiva. E não há espaço para neutralidade diante da violência.