top of page

Vacinação e a comunidade LGBTQIA+: um ato de cuidado e cidadania

  • Ronaldo Piber
  • há 12 minutos
  • 7 min de leitura
Imagem da Internet
Imagem da Internet

Ronaldo Piber*


Olá a todes da comunidade LGBTQIA+! Como advogado e membro desta vibrante comunidade, venho hoje conversar sobre um tema de extrema importância para nossa saúde e bem-estar coletivo: as vacinas. Em tempos de desinformação e fake news, é fundamental que tenhamos acesso a informações claras e baseadas em evidências para tomarmos as melhores decisões para nós e para aqueles que amamos.


A importância da vacinação para a saúde individual e coletiva

As vacinas são uma das maiores conquistas da medicina moderna. Elas nos protegem de doenças graves e potencialmente fatais, prevenindo epidemias e contribuindo para uma vida mais longa e saudável. Ao nos vacinarmos, não estamos apenas nos protegendo, mas também protegendo as pessoas ao nosso redor, especialmente aquelas que não podem ser vacinadas (como bebês muito novos, pessoas com sistemas imunológicos comprometidos ou idosos). Isso é o que chamamos de imunidade de rebanho, um escudo protetor para toda a sociedade.


Vacinas e a comunidade LGBTQIA+: Desafios e particularidades

É inegável que a comunidade LGBTQIA+ enfrenta desafios únicos no acesso à saúde e na relação com o sistema de saúde. Historicamente, fomos marginalizados e, muitas vezes, discriminados, o que pode gerar desconfiança e hesitação. No entanto, é crucial que superemos essas barreiras e priorizemos a vacinação.


Algumas particularidades da nossa comunidade que tornam a vacinação ainda mais relevante incluem:


* Maior vulnerabilidade a certas infecções: Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como o HPV (papilomavírus humano) e as hepatites virais, são mais prevalentes em alguns subgrupos da comunidade LGBTQIA+. A vacinação contra o HPV, por exemplo, é crucial para prevenir diversos tipos de câncer.


* Saúde mental: O estresse e a discriminação podem impactar a saúde mental de pessoas LGBTQIA+, tornando-as mais vulneráveis a outras doenças. A vacinação ajuda a manter o corpo saudável, aliviando parte dessa carga.


* Acesso à informação: A desinformação sobre vacinas pode ser ainda mais prejudicial em comunidades já vulneráveis. É nosso dever buscar e compartilhar informações de fontes confiáveis, como órgãos de saúde e profissionais da área.


Principais Vacinas e Idades Recomendadas para a Comunidade LGBTQIA+


O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece um calendário de vacinação completo e gratuito. É fundamental que todos, incluindo a comunidade LGBTQIA+, sigam as recomendações para garantir a máxima proteção. Abaixo, destacamos algumas das vacinas mais importantes e suas recomendações de idade, lembrando que para pessoas que vivem com HIV/AIDS ou outras condições imunossupressoras, as recomendações podem ser diferentes e devem ser individualizadas com o médico:


* Vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV):

* Para quem: Meninas e meninos.

* Idade recomendada: A partir dos 9 anos até os 14 anos, com 2 doses. Em casos específicos, como pessoas vivendo com HIV/AIDS, transplantados e pacientes oncológicos, a vacina pode ser estendida até os 26 anos, com 3 doses.

* Por que é importante: O HPV é a principal causa de câncer de colo de útero, mas também está associado a cânceres de ânus, pênis, orofaringe e verrugas genitais. Para a comunidade LGBTQIA+, a vacina contra o HPV é fundamental, especialmente para homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres que fazem sexo com mulheres (MSM) que podem ter maior risco de infecção por HPV e desenvolvimento de cânceres relacionados. A vacina é preventiva, idealmente aplicada antes do início da vida sexual.


* Vacina contra as Hepatites A e B:

* Para quem: Todas as pessoas.

* Idade recomendada:

* Hepatite B: A primeira dose da vacina contra hepatite B é dada nas primeiras 12-24 horas de vida. O esquema completo para adultos geralmente envolve 3 doses.

* Hepatite A: Duas doses, com um intervalo de 6 meses, a partir dos 12 meses de idade. Para adultos, a vacina é recomendada para grupos de risco, incluindo HSH, pessoas que usam drogas, pessoas com doenças hepáticas crônicas, entre outros.

* Por que é importante: As hepatites virais são infecções que afetam o fígado e podem levar a doenças crônicas, cirrose e câncer. Hepatites A e B são preveníveis por vacina e podem ser transmitidas por via sexual ou por contato com sangue e fluidos corporais infectados.


* Vacina contra a Meningite (ACWY e C):

* Para quem: Crianças e adolescentes, e para adultos em situações específicas.

   * Idade recomendada:

   * Meningocócica C (conjugada): Faz parte do calendário infantil, com doses aos 3 e 5 meses e reforço aos 12 meses.


     * Meningocócica ACWY (conjugada): Uma dose única para adolescentes (entre 11 e 14 anos). Para adultos, é recomendada para pessoas em situações de maior risco, como viajantes para áreas de alta prevalência ou pessoas com algumas condições de saúde.

   * Por que é importante: A meningite é uma infecção grave das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal, que pode levar a sequelas graves ou óbito. Ambientes de grande aglomeração, como festas e eventos, podem aumentar o risco de transmissão, tornando a vacinação relevante para a comunidade LGBTQIA+.


* Vacina contra a Gripe (Influenza):

   * Para quem: Todas as pessoas a partir dos 6 meses de idade.

   * Idade recomendada: Anualmente.

   * Por que é importante: A gripe pode causar sintomas graves e complicações, especialmente em grupos de risco (idosos, crianças pequenas, gestantes, pessoas com doenças crônicas). Vacinar-se anualmente é crucial para proteger a si mesmo e a comunidade, pois o vírus da gripe está em constante mutação.


* Vacina contra o Tétano, Difteria e Coqueluche (dTpa ou DTPa):

   * Para quem: Todas as pessoas.

   * Idade recomendada: A vacina DTPa é parte do calendário infantil. Para adultos, um reforço da dTpa é recomendado a cada 10 anos. Gestantes recebem uma dose da dTpa a cada gestação para proteger o bebê da coqueluche.

   * Por que é importante: O tétano é uma doença grave que pode ser fatal. A difteria é uma infecção bacteriana séria. A coqueluche é uma doença respiratória altamente contagiosa, especialmente perigosa para bebês. Manter a vacinação em dia protege contra essas três doenças.


* Vacina contra a COVID-19:

   * Para quem: Todas as pessoas, conforme as diretrizes do Ministério da Saúde.

   * Idade recomendada: Conforme as campanhas e a disponibilidade de doses para cada faixa etária, incluindo doses de reforço.

   * Por que é importante: A pandemia de COVID-19 demonstrou a importância da vacinação para conter a disseminação de doenças infecciosas. Manter-se atualizado com as doses da vacina contra a COVID-19 é fundamental para proteger a si mesmo e a comunidade.


* Vacina contra a Dengue:

   * Para quem: Crianças, adolescentes e adultos em áreas com alta ocorrência da doença. A vacina atualmente disponível no SUS tem indicação para faixa etária específica.

   * Idade recomendada: As faixas etárias de aplicação e o esquema de doses são definidos pelo Ministério da Saúde e podem variar conforme a vacina e a situação epidemiológica do país. Atualmente, a vacina Qdenga® é liberada para indivíduos de 4 a 60 anos, e está sendo distribuída em alguns municípios do SUS para faixas etárias específicas.

   * Por que é importante: A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti que pode causar febre alta, dores no corpo e, em casos graves, hemorragias e até a morte. Com a crescente incidência da doença em diversas regiões do Brasil, a vacinação é uma ferramenta importante para a proteção individual e coletiva.


* Vacina contra Monkeypox (Mpox):

   * Para quem: A vacina contra Monkeypox (Mpox) é prioritária para grupos específicos considerados de maior risco de exposição e doença grave.

   * Idade recomendada: A vacinação é indicada para maiores de 18 anos que se enquadram nos critérios de alto risco estabelecidos pelo Ministério da Saúde, como indivíduos que vivem com HIV/AIDS com contagem de CD4 inferior a 200 células/mm³, profissionais de laboratório que lidam com o vírus, entre outros. A indicação e a disponibilidade podem variar, sendo importante consultar um profissional de saúde e as diretrizes oficiais.

   * Por que é importante: A Monkeypox (Mpox) é uma doença viral que pode causar lesões na pele, febre e inchaço dos gânglios. Embora geralmente autolimitada, pode ser grave em pessoas imunocomprometidas. A vacinação visa proteger os grupos mais vulneráveis e conter a disseminação do vírus, especialmente em redes de contato mais próximas.


Seu direito à saúde e o papel da comunidade


Como advogados, defendemos o direito fundamental à saúde para todes. A vacinação é um componente essencial desse direito e, como comunidade, temos o poder de nos proteger mutuamente. Ao nos vacinarmos, estamos exercendo nossa cidadania e demonstrando cuidado com nossa saúde e com a saúde de nossos irmãos e irmãs LGBTQIA+.


É importante desmistificar algumas informações falsas que circulam sobre as vacinas:


* Mito: Vacinas causam autismo. Verdade: Não há nenhuma evidência científica que comprove essa relação. Esse mito foi desmentido por inúmeros estudos e a pesquisa original que o propagou foi retratada e considerada uma fraude.


* Mito: Vacinas contêm microchips ou rastreadores. Verdade: Isso é completamente sem fundamento. Vacinas são produtos biológicos que contêm antígenos que estimulam o sistema imunológico a produzir anticorpos.


* Mito: Não preciso me vacinar se a doença já não é comum. Verdade: A razão pela qual muitas doenças são menos comuns hoje em dia é precisamente por causa da vacinação generalizada. Se pararmos de nos vacinar, essas doenças podem retornar com força.


Conclusão: Vacinar é um ato de amor e resistência


A vacinação é um ato de amor próprio, de amor ao próximo e de resistência. É uma forma de dizer: "Nossa saúde importa! Nossas vidas importam!". Ao nos vacinarmos, estamos contribuindo para um futuro mais seguro e saudável para toda a comunidade LGBTQIA+ e para a sociedade em geral.


Procure um posto de saúde, converse com profissionais da saúde e tire suas dúvidas. Não hesite em se vacinar e incentivar as pessoas ao seu redor a fazer o mesmo. Juntos, somos mais fortes e mais protegidos! 



*Ronaldo Piber é advogado e colunista do Pimenta Rosa

 
 
 

Comments


White on Transparent.png

Inscreva-se no site para receber as notícias tão logo sejam publicadas e enviar sugestões de pauta

  • Facebook
  • Instagram
  • Twitter
  • YouTube

Obrigado por inscrever-se!

@2022 By Jornal Pimenta Rosa

bottom of page